boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
que não foi verificada incapacidade para o exercício da atividade habitual de pedreiro. En<strong>tr</strong>etanto, em r<strong>es</strong>posta aos qu<strong>es</strong>itos<br />
complementar<strong>es</strong> formulados na fase recursal, o perito at<strong>es</strong>tou que o exercício da atividade de pedreiro pode ocasionar o<br />
agravamento da doença, uma vez que “o <strong>es</strong>forço físico poderá acarretar dor” (item “c”, fl. 74).<br />
Está implicitamente incluído no conceito de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho o risco de agravamento da doença ou l<strong>es</strong>ão.<br />
Assim, o segurado que, para exercer as funçõ<strong>es</strong> inerent<strong>es</strong> à atividade habitual, corre risco de agravamento do <strong>es</strong>tado<br />
clínico, deve ser considerado incapacitado.<br />
O recorrente recebeu auxílio-doença até abril/2007. O perito do juízo, no exame realizado em fevereiro/2008, certificou que<br />
a l<strong>es</strong>ão incapacitante já <strong>es</strong>tava instaurada há <strong>tr</strong>ês anos (qu<strong>es</strong>ito 6, fl. 37). Logo, a c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença foi indevida,<br />
porque a incapacidade laborativa não sofreu solução de continuidade.<br />
Recurso provido para reformar a sentença, condenando o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o auxílio-doença, com efeitos financeiros<br />
re<strong>tr</strong>oativos à data de c<strong>es</strong>sação do pagamento. Até 30/06/2009, a correção monetária segue a tabela de precatórios da<br />
justiça federal, e os juros moratórios seguem a taxa de 1% ao mês a partir da citação. A partir de 30/06/2009, para efeito de<br />
correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta<br />
de poupança.<br />
Deferida a antecipação de tutela, para determinar ao INSS que implante imediatamente o auxílio-doença.<br />
Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Só haveria condenação em honorários advocatícios se o vencido<br />
fosse o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95).<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo dar provimento ao recurso.<br />
9 - 2008.50.52.000844-9/01 MARIA NEUSA FARIAS PRATES (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO<br />
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. EXERCÍCIO ATIVIDADE RURAL DESCONTÍNUA. VÍNCULO<br />
URBANO. OITIVA DE TESTEMUNHA. ANOTAÇÕES.<br />
A certidão de casamento, embora lavrada em 2004, at<strong>es</strong>ta que, na época da convolação das núpcias, em 1982, o cônjuge<br />
da autora se qualificava como lavrador. A informação contemporânea consta de base de dados fidedigna, con<strong>tr</strong>olada por<br />
tabelião com fé pública. O fato de a segunda via da certidão ter sido lavrada posteriormente não prejudica, assim, a<br />
contemporaneidade do documento.<br />
As fichas de ma<strong>tr</strong>ícula assinadas por diretor de <strong>es</strong>tabelecimento público de ensino, lavradas em 1998 e 2002, também<br />
qualificam a recorrente como lavradora.<br />
O início de prova material não passa de prova indiciária. Não precisa provar diretamente o efetivo exercício da atividade<br />
rural, mas apenas fatos secundários dos quais se possa inferi-la. Por isso, a prova documental frágil é suficiente para<br />
formar início de prova material. É a prova t<strong>es</strong>temunhal que, em complementação ao início de prova material, deve<br />
aprofundar a cognição em torno dos fatos pertinent<strong>es</strong> ao efetivo <strong>tr</strong>abalho do proprietário rural na lavoura ou na pecuária.<br />
Admitida a força probante do depoimento da primeira t<strong>es</strong>temunha. O artigo 346 do CPC permite a consulta a notas brev<strong>es</strong><br />
d<strong>es</strong>de que objetivem completar <strong>es</strong>clarecimentos, o que ocorreu no caso.<br />
O exercício de atividade urbana para a prefeitura não é suficiente para afastar o direito à aposentadoria de <strong>tr</strong>abalhador rural,<br />
porque, segundo o art. 143 da Lei nº 8.213/91, a atividade rural pode ser d<strong>es</strong>contínua. O que importa é que, m<strong>es</strong>mo<br />
d<strong>es</strong>contados os curtos períodos de atividade urbana, a soma dos períodos de atividade rural em regime de economia<br />
familiar cobre tempo equivalente à carência demandada para a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />
Recurso provido. Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput,<br />
segunda parte, da Lei nº 9.099/95). D<strong>es</strong>cartada condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbências.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />
do Espírito Santo dar provimento ao recurso.<br />
10 - 2008.50.51.000070-3/01 NAIR BERNADETE ROVETA GARBELOTTO (ADVOGADO: ADMILSON TEIXEIRA DA<br />
SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />
INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE<br />
ECONOMIA FAMILIAR. NULIDADE DE DEPOIMENTOS COLHIDOS EM PROCESSO ADMINISTRATIVO SEM<br />
CONTRADITÓRIO. CONTRATAÇÃO DE DIARISTAS. COMERCIALIZAÇÃO DIRETA DA PRODUÇÃO RURAL.<br />
INSCRIÇÃO DO CÔNJUGE COMO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRIMAZIA DA REALIDADE.<br />
A sentença considerou que a prova t<strong>es</strong>temunhal não foi convincente quanto à ausência de con<strong>tr</strong>atação de empregados.<br />
Com base em uma p<strong>es</strong>quisa unilateralmente conduzida pelo INSS no proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo, prevaleceu o entendimento<br />
de que a família da recorrente d<strong>es</strong>envolvia produção hortifrutigranjeira em caráter empr<strong>es</strong>arial, com con<strong>tr</strong>atação freqüente<br />
de mão-de-obra remunerada e produção significativa. O relatório da p<strong>es</strong>quisa adminis<strong>tr</strong>ativa pontuou que dois vizinhos<br />
declararam: que junto com a recorrente <strong>tr</strong>abalhavam dois empregados; que sempre havia várias p<strong>es</strong>soas <strong>tr</strong>abalhando no<br />
imóvel rural, porque a produção era grande. O servidor encarregado da p<strong>es</strong>quisa relatou ter encon<strong>tr</strong>ado, in loco, duas<br />
p<strong>es</strong>soas <strong>tr</strong>abalhando junto com a recorrente.<br />
O depoimento das t<strong>es</strong>temunhas supostamente en<strong>tr</strong>evistadas no proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo não foi reduzido a termo. As