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O jornalismo em O tempo eo vento

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1.3 PERSONAGENS-JORNALISTAS NA ENCRUZILHADA 48<br />

São quatro os jornalistas representados <strong>em</strong> O T<strong>em</strong>po e o Vento no período<br />

histórico que a pesquisa abrange. O conceito de jornalista neste caso vale para denominar o<br />

profissional encarregado de coletar as informações e transformá-las <strong>em</strong> notícias para um<br />

determinado grupo de leitores. 49 Os dois primeiros personagens que incorporam o jornalista –<br />

também chamado no romance de redator – são Manfredo Fraga, do jornal O Arauto, e Toríbio<br />

Rezende, de O D<strong>em</strong>ocrata. Eles faz<strong>em</strong> parte do enredo <strong>em</strong> O Continente, mais precisamente<br />

no ano de 1884 retratado no capítulo “Ismália Caré”. Manfredo Fraga escreve sob a<br />

fiscalização do coronel Bento Amaral os textos de cunho id<strong>eo</strong>lógico a favor dos interesses dos<br />

liberais (monarquistas). Já Toríbio Rezende introduz <strong>em</strong> Santa Fé as idéias republicanas e<br />

recebe o apoio de Licurgo Cambará para produzir o jornal da oposição, que segue a linha<br />

editorial de A Federação, o jornal oficial do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR),<br />

implantado no dia 1º de janeiro daquele ano.<br />

Diferente destes dois personagens, que têm uma participação datada na construção<br />

do romance, os outros dois – Rodrigo Cambará e Amintas Camacho – têm uma vida b<strong>em</strong><br />

mais longa <strong>em</strong> O T<strong>em</strong>po e o Vento. Rodrigo Cambará e Amintas Camacho também entram <strong>em</strong><br />

cena, <strong>em</strong> 1910, para representar as forças políticas opostas através de jornais partidários.<br />

Contudo, se mantêm por mais t<strong>em</strong>po no controle da palavra escrita <strong>em</strong> Santa Fé. Enquanto o<br />

médico Rodrigo Cambará funda A Farpa e depois, <strong>em</strong> 1922, O Libertador, Amintas Camacho<br />

segue firme na redação de A Voz da Serra. Para Sandra Jatahy Pesa<strong>vento</strong> (PESAVENTO,<br />

2001, p. 93), é através “dos leitores privilegiados do social” que Erico Verissimo escreve a<br />

saga dos Terra-Cambará num momento de inflexão da História do país, “se não na prática das<br />

condições concretas da existência, pelo menos na percepção de seus cont<strong>em</strong>porân<strong>eo</strong>s”. Os<br />

leitores privilegiados, como aponta Sandra Jatahy, são os escritores, sejam eles “historiadores<br />

ou romancistas”. Pode-se acrescentar nessa relação, ainda, os jornalistas.<br />

Veja-se, então, como o narrador descreve o jornalista Manfredo Fraga e o jornal O<br />

Arauto logo nas primeiras linhas de “Ismália Caré”:<br />

48 Na definição de Alberto Dines, jornalista é aquele que “vive enunciando, parabolizando, cronicando,<br />

individualizando, generalizando, definindo, montando tendências, compondo perspectivas, rejuntando o passado.<br />

[...] O jornalista é um ser <strong>em</strong> permanente estado de exposição”. In: DINES, Alberto. O Papel do Jornal: uma<br />

releitura. São Paulo: Summus, 1996, p. 122.<br />

49 “Sob a definição profissional de jornalista pode-se fazer uma lista muito grande das profissões individuais, que<br />

variam de um país para outro quanto ao tipo de trabalho realizado – por ex<strong>em</strong>plo: repórter, sub-redator,<br />

mediador, fotógrafo jornalístico, editor etc.”. KUNCZIK, Michel. Conceitos de Jornalismo: Norte e Sul; 2. ed.<br />

São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001, p. 17.<br />

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