O jornalismo em O tempo eo vento
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editorial literária ou política por um longo t<strong>em</strong>po. Durante os conflitos que levam à Revolução<br />
de 1930, a característica de engajamento político volta com força na imprensa gaúcha. Jornais<br />
que erguiam a bandeira da imparcialidade, como o Correio do Povo, 92 também acabarão se<br />
inclinando para algum dos lados. Os dois mais representativos da corrente partidária, A<br />
Reforma e A Federação, encerram as atividades <strong>em</strong> 1912 e 1937, respectivamente. O último<br />
jornal que se pode classificar como político-partidário foi O Estado do Rio Grande, que<br />
circulou de 1929 a 1961, vinculado ao Partido Libertador, sucessor do Partido Federalista<br />
(HOHLFELDT; RAUSCH , 2006a, p. 12). Os que sobraram, e no Interior estavam a maioria,<br />
foram aos poucos se adequando aos novos padrões estilísticos. As seções especializadas de<br />
esportes, cin<strong>em</strong>a e vida social acompanham a formação da economia urbana e a diversificação<br />
cada vez maior do público leitor.<br />
Muito <strong>em</strong>bora o público consumidor de jornal aumentasse ano a ano desde a<br />
passag<strong>em</strong> do século, ele estava concentrado g<strong>eo</strong>graficamente nas grandes cidades. No Rio<br />
Grande do Sul o predomínio na circulação de jornais entre a população estava <strong>em</strong> Porto<br />
Alegre. Em 1930, dos 210 mil ex<strong>em</strong>plares/dia publicados no Estado, 40 mil saíam das<br />
<strong>em</strong>presas da Capital, um percentual pequeno (19%) se for comparado ao que representou nas<br />
décadas seguintes. 93 O <strong>jornalismo</strong> interiorano vive o seu momento, com A Opinião Pública,<br />
de Pelotas, e O Diário do Interior, de Santa Maria, estabelecendo certa concorrência com o<br />
Correio do Povo <strong>em</strong> seus territórios, mas não resist<strong>em</strong> à heg<strong>em</strong>onia das grandes <strong>em</strong>presas<br />
porto-alegrenses. Alguns concorrentes que tentaram confrontar esses jornais, como o Jornal<br />
da Manhã, de Pelotas, e A Manhã, de Porto Alegre, fracassaram <strong>em</strong> seus projetos<br />
(RÜDIGER, 1993, p. 57).<br />
O processo industrializado de fazer jornal também força a consolidação de uma<br />
categoria social, a dos jornalistas. O primeiro projeto neste sentido surge nos anos 1910, com<br />
o Círculo de Imprensa, que funcionou <strong>em</strong> Porto Alegre de 1911 a 1914. Porém, o esforço<br />
mais significativo para congregar a classe aconteceu com a fundação da Associação Rio-<br />
Grandense de Imprensa (ARI). Esta associação, presidida por João Maia, funcionou de 1919 a<br />
1930, a folha já era a segunda mais importante do sul, chegando a tirar 25 mil ex<strong>em</strong>plares diários, pouco menos<br />
que o Correio do Povo”. In: RÜDIGER, Francisco. Tendências do Jornalismo. Op. cit., p. 60.<br />
91 “O Jornal da Manhã (1930-1937), cujo ponto forte era o texto leve e objetivo, lançou diversas seções novas na<br />
imprensa gaúcha, chegando a publicar os primeiros supl<strong>em</strong>entos editoriais sobre moda, esporte e sociedade no<br />
Rio Grande do Sul”. Id<strong>em</strong>, p. 62.<br />
92 A suposta imparcialidade do Correio, segundo a crítica, será analisada no próximo capítulo.<br />
93 Em 1940, essa proporção passa para 27%; <strong>em</strong> 1950 para 42%; <strong>em</strong> 1960 para 57% e <strong>em</strong> 1980 chegará a 62%.<br />
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