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O jornalismo em O tempo eo vento

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moderada e cortês, instruindo e persuadindo, tratando os adversários ou a qu<strong>em</strong> quer que seja<br />

com delicadeza e cavalheirismo”, não cumpriria a palavra, como l<strong>em</strong>bra Sérgio Roberto<br />

Dillenburg. 81<br />

Esta promessa, porém, seria frequent<strong>em</strong>ente quebrada, pois, usando um<br />

tratamento agressivo, o jornal não poupava os adversários, principalmente contra A<br />

Reforma, o Correio do Povo e o Estado do Rio Grande, o tradicional jornal<br />

libertador, com qu<strong>em</strong> manteve acesa disputa.<br />

Este tipo de ação era respaldado, diz Francisco Rüdiger (1993, p. 36), pelas<br />

concepções jornalísticas dominantes, já integradas ao cotidiano da imprensa gaúcha durante a<br />

República Velha. Durante a guerra, além da radicalização do discurso também era comum a<br />

difusão de boatos e informações falsas. Desta forma, a guerra psicológica tornou-se um<br />

el<strong>em</strong>ento fundamental como estratégia política e militar. 82 Ainda no entendimento de Rüdiger,<br />

o campo s<strong>em</strong>ântico configurado pelos conflitos id<strong>eo</strong>lógicos na imprensa da Revolução<br />

Federalista foi marcado por um discurso centrado na violência política, caracterizada, de<br />

ambos os lados, a partir de uma id<strong>eo</strong>logia moral:<br />

Entretanto, enquanto os federalistas teriam permanecidos presos às<br />

pressuposições políticas, que informavam esse campo, os republicanos, a partir do<br />

final de 1893, <strong>em</strong>preenderam um esforço de maior diferenciação no seu interior,<br />

procurando introduzir el<strong>em</strong>entos de id<strong>eo</strong>logias de cunho econômico e social que<br />

visaram a conquistar e levar <strong>em</strong> conta as outras classes e frações de classes sociais,<br />

atingidas por esse campo de lutas. (1990, p. 35)<br />

Porém, os últimos anos do Século XIX marcam o início de uma mutação que vai<br />

determinar novos rumos para o <strong>jornalismo</strong>. Assim como a primeira fase teve um fundo<br />

id<strong>eo</strong>lógico identificado com o sentimento abolicionista e o ideal republicano, agora é chegada<br />

a vez da transição da pequena à grande <strong>em</strong>presa. Refletindo o processo <strong>em</strong> marcha nos outros<br />

centros urbanos do país, a imprensa gaúcha também começa a se modernizar. Os pequenos<br />

jornais, como <strong>em</strong>preendimento individual e de estrutura simples, ced<strong>em</strong> lugar às <strong>em</strong>presas<br />

jornalísticas, dotadas de equipamento gráfico de melhor qualidade e com planos específicos<br />

de produção e circulação. Na transparente descrição de Carlos Reverbel (1957, p. 124) para<br />

esse momento da imprensa gaúcha, “estabelecia-se, afinal, no nosso meio, o primado da<br />

notícia, abrindo-se caminho para as grandes tiragens e com elas, as possibilidades de<br />

81<br />

DILLENBURG, Sérgio Roberto. Quatro publicações marcantes no <strong>jornalismo</strong> rio-grandense. Nova<br />

Petrópolis: Editora Amstad, p. 13.<br />

82<br />

RÜDIGER, Francisco. A imprensa: fonte e agente da Revolução de 93. In: S<strong>em</strong>inário Fontes para a Revolução<br />

de 1893, Bagé, 12 a 15 de nov. 1983. Anais. Bagé. 1990, p. 28.<br />

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