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O jornalismo em O tempo eo vento

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a noção que t<strong>em</strong> desta é a do imediato, isto é, real é o que pode ser atingido<br />

materialmente, passível da transformação e da história, das quais ele faz parte e se<br />

crê senhor. Por isso, suas relações com a arte des<strong>em</strong>bocam num processo onde se<br />

reconhece sua supr<strong>em</strong>acia e posição de dominação.<br />

Outro fator que explica a consolidação da fase do <strong>jornalismo</strong> partidário está<br />

relacionado ao envolvimento dos intelectuais do Rio Grande do Sul com a causa republicana.<br />

Essa ligação político-filosófica com os projetos da República era uma decorrência da Guerra<br />

do Paraguai (1865-1870), <strong>em</strong>bora já houvesse unificado os revoltosos da Revolução<br />

Farroupilha. Descontentes com o governo centralizador do monarca, que tinha como meta a<br />

exportação de produtos agrícolas, enquanto a produção da província era voltada para o<br />

mercado interno, os rio-grandenses desafiaram a corte e seguiram o ex<strong>em</strong>plo dos paulistas ao<br />

fundar<strong>em</strong> um dos primeiros clubes republicanos do país. Os integrantes desse grupo<br />

precisavam de meios para divulgar suas idéias e tinham capital para isso, sendo o jornal,<br />

então, adotado como ferramenta de propaganda. Em 1884, surge <strong>em</strong> Porto Alegre o jornal A<br />

Federação, o mais representativo dos periódicos partidários que o Rio Grande teve e que<br />

confrontava as idéias divulgadas pelo A Reforma, fundado <strong>em</strong> 1869 e dirigido por Gaspar<br />

Silveira Martins a serviço do Partido Liberal. Uma abordag<strong>em</strong> mais detalhada sobre a história<br />

de A Federação, que teve Júlio de Castilhos como primeiro redator, será feita no próximo<br />

capítulo. Por ora, importa situar A Federação como o principal ex<strong>em</strong>plo do <strong>jornalismo</strong> que<br />

não visava ao lucro mercantil, mas exclusivamente à doutrinação da opinião pública.<br />

As idéias republicanas conquistaram a imprensa e a primeira atuação ativa e<br />

marcante desta após a Guerra dos Farrapos aconteceu durante os debates da chamada “questão<br />

servil”. A dinâmica da questão passou a depender basicamente da postura crítica assumida<br />

pelos periódicos, como A Voz do Escravo (1881), de Pelotas, Gazeta de Alegrete (1882-<br />

2007), Jornal do Commercio (1865-1912), O Século (1880-1893) e Mercantil (1874-1898). O<br />

t<strong>em</strong>a da escravidão ganhara autonomia dos partidos na esfera pública e obrigou, como nota<br />

Francisco Rüdiger (1993, p. 29), “os jornais a agir<strong>em</strong> como partidos, de modo que não<br />

constitui exagero dizer que foram responsáveis <strong>em</strong> grande parte pela massa de alforrias<br />

verificada <strong>em</strong> 1884” Engajados <strong>em</strong> torno do fim do trabalho escravo, os jornais não raro<br />

promoviam quermesses e outras formas de arrecadação de fundos a ser<strong>em</strong> utilizados nas<br />

alforrias. A questão abolicionista e a participação dos periódicos neste processo aparec<strong>em</strong> na<br />

narrativa ficcional de Erico Verissimo, <strong>em</strong> O Continente, na pele dos personagens Toríbio<br />

Rezende e Manfredo Fraga, que redig<strong>em</strong> os jornais partidários de Santa Fé.<br />

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