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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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Nesse contexto surge com Alfred Binet a escala métrica <strong>de</strong> inteligência que passará a<br />

ser reconhecida <strong>como</strong> o instrumento que diminui os erros e as imprecisões <strong>de</strong> diagnósticos da<br />

<strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>, lançando a investigação dos débeis, imbecis e idiotas no campo da<br />

psicometria e da pedagogia. Ao introduzir a psicometria no âmbito da psiquiatria, os trabalhos<br />

<strong>de</strong> Alfred Binet e Théodore Simon atrelaram a fenomenologia da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> aos critérios <strong>de</strong><br />

coeficiente <strong>de</strong> inteligência, fazendo com que a psicometria se tornasse o principal critério <strong>de</strong><br />

divisão das diversas <strong>de</strong>ficiências.<br />

A psicanálise, por sua vez, confere um outro uso e sentido ao termo <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>.<br />

A teorização psicanalítica enten<strong>de</strong> a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> não <strong>como</strong> <strong>uma</strong> patologia da inteligência, mas<br />

<strong>como</strong> <strong>uma</strong> posição subjetiva adotada pelo sujeito do inconsciente. A psicanálise retirou da<br />

<strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> toda noção <strong>de</strong>ficitária e possibilitou ao até então indivíduo débil, o lugar <strong>de</strong> sujeito,<br />

reservando a ele <strong>uma</strong> escuta. Ao pensar a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong> não mais <strong>como</strong> um déficit, mas<br />

<strong>como</strong> <strong>uma</strong> posição subjetiva que o sujeito ocupa em relação ao saber, a psicanálise confere ao<br />

débil, o estatuto <strong>de</strong> sujeito.<br />

No âmbito da teorização lacaniana, Maud Mannoni interpreta a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong><br />

<strong>como</strong> resultado <strong>de</strong> <strong>uma</strong> fusão <strong>de</strong> corpos entre mãe e filho. Sua tese é <strong>de</strong> que a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong><br />

resultaria da relação que a mãe estabelece com seu filho, <strong>uma</strong> relação dual na qual a criança é<br />

aprisionada à fantasia funda<strong>mental</strong> da mãe. A criança vivenciaria nos seus sintomas, aquilo<br />

que na mãe não pô<strong>de</strong> ser resolvido no nível da experiência <strong>de</strong> castração, fazendo “falar a<br />

angústia materna”. A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong> instalar-se-ia, portanto, por um processo inconsciente,<br />

marcado pela relação do sujeito feminino com a falta <strong>de</strong> objeto. Essa relação dificulta o<br />

acesso do sujeito débil à verda<strong>de</strong> da castração, obturando a função <strong>de</strong> causa do <strong>de</strong>sejo que<br />

aparece sob a forma <strong>de</strong> <strong>uma</strong> inércia quanto ao <strong>de</strong>sejo.<br />

Lacan confirma a tese <strong>de</strong> Mannoni, no seminário “Os quatro conceitos fundamentais<br />

da psicanálise”, afirmando que a mãe da criança débil i<strong>de</strong>ntifica-a com um dos objetos<br />

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