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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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<strong>como</strong> idênticos os quais remetem a <strong>uma</strong> fusão <strong>de</strong> corpos, mas a <strong>uma</strong> fusão que faz existir a<br />

relação sexual. Eric Laurent (1992) também trabalha com essa i<strong>de</strong>ia quando fala <strong>de</strong> um gozo<br />

do débil que remete a fusão <strong>de</strong> corpos. O débil promoveria a tentativa <strong>de</strong> fazer existir a<br />

relação sexual <strong>como</strong> união uniana. A mentira do débil, que sustenta o seu lugar <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é<br />

exatamente esta: a mentira <strong>de</strong> admitir o Um do corpo <strong>como</strong> a única referência. Ele sustenta<br />

que a verda<strong>de</strong>, a referência do discurso, não é o gozo, mas sim aquilo do gozo que se po<strong>de</strong><br />

articular na união, no UM do corpo, aquele que nos apresenta Platão em seu mito, mito que<br />

Lacan qualificou <strong>de</strong> uniano. O débil apresenta então sua holófrase <strong>de</strong> significantes, por meio<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> referência em que se apóia um gozo que remete a fusão <strong>de</strong> corpos, mas a <strong>uma</strong> fusão<br />

que tome em consi<strong>de</strong>ração que o que se faz existir é a relação sexual <strong>como</strong> união uniana.<br />

A penúltima referência <strong>de</strong> Lacan encontra-se no seminário <strong>de</strong> 1976-1977: “O homem<br />

não sabe se virar com o saber. Isso é <strong>uma</strong> <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>, da qual não me isento -pois<br />

tenho que me haver com a mesma matéria que nos habita”.<br />

Nessa referência Lacan toma a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong> <strong>como</strong> um mal-estar funda<strong>mental</strong> do<br />

sujeito em relação ao saber, que nenhum ser falante po<strong>de</strong>ria se dispensar. Qualquer sujeito,<br />

vez ou outra po<strong>de</strong> assumir essa posição <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong>, basta que recorra à i<strong>de</strong>ntificação<br />

narcísica, a i<strong>de</strong>ntificação ao corpo, para <strong>de</strong>negar a lei simbólica, imergindo na <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> em<br />

relação ao saber.<br />

A partir <strong>de</strong>ssa referência é possível localizar na obra <strong>de</strong> Lacan, <strong>uma</strong> referência clara a<br />

que chamaremos aqui <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> estrutural - <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> essencial segundo Regnault( 2002) -<br />

aquela que todo sujeito vez ou outra po<strong>de</strong> assumir. E, por conseguinte, estabelecer <strong>uma</strong><br />

distinção entre aquela e a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> clínica, entendida e tratada aqui <strong>como</strong> posição subjetiva.<br />

Esta última se refere a <strong>uma</strong> “escolha” do sujeito <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar ao significante suposto<br />

suporte do <strong>de</strong>sejo materno para com isso preservar o Outro do significante no lugar <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>. Em termos <strong>de</strong> fenômeno, a relação mãe-filho ten<strong>de</strong> a ser particularmente alienante.<br />

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