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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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1 Introdução<br />

A presente proposta investigativa foi suscitada por questionamentos provenientes do<br />

atendimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> paciente em um ambulatório <strong>de</strong> psiquiatria e psicanálise. O radical<br />

princípio freudiano <strong>de</strong> começar cada tratamento <strong>como</strong> se fosse o primeiro, salienta a<br />

prepon<strong>de</strong>rância do caso clínico e nos orienta que a clínica psicanalítica é norteadora da<br />

investigação teórica na psicanálise.<br />

Trabalhando com a clínica da <strong>psicose</strong> nos <strong>de</strong>paramos frequentemente com situações<br />

que nos interrogam e que provocam <strong>uma</strong> renovação constante da práxis psicanalítica,<br />

exigindo <strong>uma</strong> invenção permanente para cada sujeito singular. Assim se <strong>de</strong>u o trabalho com<br />

Raquel. Esta paciente chegara ao serviço fazendo uso <strong>de</strong> medicação neuroléptica e<br />

apresentando-se notavelmente débil. Seu discurso se caracterizava por retomar os ditos dos<br />

outros. Em suas queixas, em suas falas, estava sempre dizendo do Outro. Não era possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar <strong>uma</strong> discordância entre o discurso do Outro e o seu discurso. Para falar <strong>de</strong> si<br />

mesma, recuperava as falas da mãe, do pai ou da igreja. Não trazia nada da or<strong>de</strong>m do próprio<br />

<strong>de</strong>sejo, estava sempre dizendo do <strong>de</strong>sejo da mãe ou do pai. Diante <strong>de</strong> <strong>uma</strong> apresentação<br />

clínica em que não se evi<strong>de</strong>nciava nenh<strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> fenômeno elementar e <strong>de</strong> um discurso<br />

que não manifestava nada da or<strong>de</strong>m da <strong>psicose</strong>, mas revelava, <strong>de</strong> forma patente, <strong>uma</strong><br />

<strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong>, configura-se <strong>uma</strong> dúvida diagnóstica: tratar-se-ia <strong>de</strong> <strong>uma</strong> neurose ou <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

<strong>psicose</strong>? Na ausência <strong>de</strong> dados que justificasse a manutenção da medicação neuroléptica, esta<br />

foi suspensa.<br />

Os atendimentos posteriores vão <strong>de</strong>monstrar que a paciente passa a questionar as<br />

regras paternas e religiosas, atitu<strong>de</strong>s suscitadas, provavelmente, pelo processo <strong>de</strong> tratamento.<br />

No entanto, essa atitu<strong>de</strong> da paciente é correlata do surgimento <strong>de</strong> fenômenos alucinatórios e<br />

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