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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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<strong>de</strong> que o sujeito se encontra alienado, possa ser <strong>de</strong>sfeita, <strong>uma</strong> vez que o acting out escapa ao<br />

Outro, permitindo um questionamento da holófrase e a produção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> separação em<br />

relação a essa i<strong>de</strong>ntificação. Outra paciente débil atendida no mesmo serviço mostra-nos<br />

claramente <strong>como</strong> o acting out po<strong>de</strong> produzir <strong>uma</strong> separação em relação ao Outro: por ocasião<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>manda do irmão <strong>de</strong> que ela fosse ao banco fazer um pagamento, ela vai, mas muito<br />

a contragosto. Enquanto aguardava na fila para ser atendida, ela tem <strong>uma</strong> síncope e é retirada<br />

do local. Nesse acting out, ao inviabilizar o seu atendimento no caixa, ela diz não ao irmão,<br />

produzindo um efeito <strong>de</strong> separação e revelando seu <strong>de</strong>sejo.<br />

Lacan tenta abordar o acting out a partir <strong>de</strong> sua concepção <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong> <strong>como</strong><br />

relação primordial ao Outro. A reflexão sobre a posição <strong>de</strong> personagens trágicos - Hamlet e<br />

Antígona – dará origem a um <strong>de</strong>senvolvimento posterior em que se privilegiará na relação do<br />

sujeito com o Outro, o drama do <strong>de</strong>sejo. Utilizando o comentário <strong>de</strong> Lacan a respeito do<br />

personagem trágico Hamlet, Santiago também vai trabalhar com o binômio acting<br />

out/inibição para tratar da inibição intelectual.<br />

Enquanto procrastina o ato <strong>de</strong> vingança da morte do pai, Hamlet realiza vários outros<br />

atos. “Estes se qualificam <strong>como</strong> actings out e distinguem-se do ato, pois não contribuem em<br />

nada para que o sujeito possa dar prosseguimento à conduta heróica <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino” (p. 151).<br />

Hamlet permanece inibido quanto ao seu objetivo principal e essa inibição está articulada à<br />

dimensão do saber. O que turva a ação <strong>de</strong>sinibida <strong>de</strong> Hamlet é o <strong>de</strong>sejo da mãe. Na peça, o<br />

<strong>de</strong>sejo da mãe não se encontra articulado, <strong>de</strong> maneira sólida, com o Nome-do-Pai, com um<br />

significante. Essa é toda a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hamlet: seu <strong>de</strong>sejo só se <strong>de</strong>fine pelo significado do<br />

<strong>de</strong>sejo do Outro, então ele não se apropria <strong>de</strong> seu próprio <strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong> seu próprio <strong>de</strong>stino. Fica<br />

impedido <strong>de</strong> agir. Dessa forma, utilizando-se da hipótese lacaniana <strong>de</strong> que o sujeito faz-se<br />

débil por ter sido reduzido a ser não mais do que o suporte do <strong>de</strong>sejo da mãe, num termo<br />

obscuro, Santiago interpreta a inibição do ato encontrada nesse personagem <strong>como</strong> o efeito <strong>de</strong><br />

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