A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose
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Para melhor compreen<strong>de</strong>r <strong>como</strong> o sujeito débil se conserva n<strong>uma</strong> situação <strong>de</strong> alienação<br />
em relação ao <strong>de</strong>sejo do Outro, é necessário explicitar, por meio das operações <strong>de</strong> alienação e<br />
separação, <strong>como</strong> o ser se constitui <strong>como</strong> sujeito <strong>de</strong>sejante, a partir <strong>de</strong> sua divisão.<br />
6 As duas operações constituintes do sujeito: alienação e separação<br />
No seminário XI, partindo da noção <strong>de</strong> que o inconsciente é estruturado <strong>como</strong> <strong>uma</strong><br />
linguagem, Lacan <strong>de</strong>duz <strong>uma</strong> topologia responsável pela constituição do sujeito. Ele introduz<br />
a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que esta constituição se daria por meio <strong>de</strong> dois processos, a saber, a alienação e a<br />
separação. Lacan instaura assim, um novo par <strong>de</strong> opostos no lugar do antigo: metáfora e<br />
metonímia. A alienação e separação passaram a constituir <strong>uma</strong> ontologia por meio da qual a<br />
sexualida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na po<strong>de</strong> ser entendida. Essa ontologia “liga o sujeito e seu <strong>de</strong>sejo a querer<br />
ser falta-a-ser e ao mesmo tempo atribui substância ao gozo, a única substância que Lacan<br />
reconhece” (Laurent, 1997, p.34).<br />
Para <strong>uma</strong> melhor compreensão dos conceitos <strong>de</strong> alienação e separação são necessários<br />
que se explicitem os conceitos <strong>de</strong> sujeito e Outro em Lacan. O Outro é <strong>de</strong>finido por Lacan<br />
<strong>como</strong> o lugar em que se situa a ca<strong>de</strong>ia significante que comanda tudo que vai po<strong>de</strong>r<br />
presentificar-se do sujeito. Essa <strong>de</strong>finição liga o sujeito ao Outro <strong>de</strong> modo a constituir <strong>uma</strong><br />
alienação: o sujeito só po<strong>de</strong> ser conhecido no lugar do Outro. O sujeito não po<strong>de</strong> ser<br />
conhecido ou concebido <strong>como</strong> consciência <strong>de</strong> si mesmo. Segundo Soler (1997), retomando<br />
Lacan, o sujeito da psicanálise não é o sujeito da consciência, da mestria. O sujeito da<br />
psicanálise é o sujeito do pensamento inconsciente, sujeito <strong>como</strong> escravo, assujeitado ao<br />
efeito <strong>de</strong> linguagem. É um sujeito subvertido pelo sistema <strong>de</strong> significantes. O Outro prece<strong>de</strong> o<br />
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