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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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sentido ao ser do sujeito, situando-o <strong>como</strong> sujeito <strong>de</strong>sejante. No tocante à causalida<strong>de</strong> da<br />

<strong>psicose</strong>, esta encontra sua condição essencial na foraclusão do Nome-do-Pai. No entanto, a<br />

foraclusão do Nome-do-Pai por si só não é suficiente para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da <strong>psicose</strong>, será<br />

necessária <strong>uma</strong> causa adjunta, <strong>uma</strong> causa complementar, e essa é ocasional, ela varia<br />

conforme as vicissitu<strong>de</strong>s da vida. A tese <strong>de</strong> Lacan, é que, seja qual for a causa ocasional, ela<br />

faz um apelo ao Nome-do-Pai. Apelo este que produz o encontro <strong>de</strong> Um pai real, o Um que<br />

aparece no real e não tem correspondência simbólica. Lacan (1957) situa, portanto, a<br />

<strong>de</strong>sestabilização <strong>como</strong> fracasso do ponto <strong>de</strong> basta, com referência à falta do Nome-do-Pai,<br />

“pelo furo que abre no significado, dá início à cascata <strong>de</strong> remanejamentos do significante <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> provem o <strong>de</strong>sastre crescente do imaginário” (p.584).<br />

A saída, nessa elaboração lacaniana <strong>de</strong> 1957-58, constituída a partir do caso<br />

paradigmático <strong>de</strong> Schreber é a metáfora <strong>de</strong>lirante que se constrói n<strong>uma</strong> tentativa <strong>de</strong> substituir<br />

a metáfora inoperante do Nome-do-Pai. Neste caso, a <strong>solução</strong> seria a utilização <strong>de</strong> Um<br />

simbólico <strong>de</strong> suplência. Esta suplência consiste em elaborar <strong>uma</strong> ficção edipiana e levá-la à<br />

estabilização, construindo <strong>uma</strong> metáfora <strong>de</strong> suplência: a metáfora <strong>de</strong>lirante. Schereber ilustra<br />

muito bem essa <strong>solução</strong> ao construir um <strong>de</strong>lírio em que ele inventa <strong>uma</strong> or<strong>de</strong>m do universo<br />

que é curativa das <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns do gozo. On<strong>de</strong> o Nome do Pai foracluído não promove a<br />

significação fálica, sobrevém <strong>uma</strong> significação da suplência: ser a mulher <strong>de</strong> Deus. Ele<br />

localiza o gozo, agora consentido, no corpo, excluindo a significação <strong>de</strong> castração do gozo em<br />

prol <strong>de</strong> um gozo da relação com Deus. A conclusão <strong>de</strong> <strong>uma</strong> metáfora <strong>de</strong>lirante, no entanto,<br />

<strong>como</strong> qualquer trabalho <strong>de</strong> elaboração simbólica, <strong>de</strong>ixa um resto inassimilável que po<strong>de</strong><br />

aparecer sob a forma <strong>de</strong> um gozo suplementar. Instala-se, consequentemente, o risco <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

passagem ao ato ou <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova <strong>de</strong>sestabilização.<br />

A metáfora <strong>de</strong>lirante evi<strong>de</strong>ncia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> simbolização, do<br />

trabalho sobre o significante que, adquirindo valor <strong>de</strong> inscrição primária, funda <strong>uma</strong><br />

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