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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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mesmo tempo, <strong>uma</strong> letrificação do significante pela qual ele se transforma em átomo <strong>de</strong><br />

gozo...real” (p. 189).<br />

A proeza <strong>de</strong> Joyce, seguindo as elaborações <strong>de</strong> Lacan, consiste em fazer <strong>uma</strong><br />

substituição do Nome-do-Pai por algo que está muito próximo com o pai, que é ser o Pai do<br />

Nome. Joyce fez-se pai do próprio nome, construindo um ponto <strong>de</strong> basta que não seja a<br />

metáfora, mas <strong>uma</strong> suplência ao Édipo. Lacan esclarece que Joyce com sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

artista conseguiu consolidar seu ego por um remendo do imaginário. Joyce conseguiu<br />

produzir um “basteamento <strong>de</strong> suplência que reengata o Imaginário no Simbólico e<br />

complementa a junção entre Real e Simbólico assegurada por sua literatura-sintoma.” (Soler,<br />

2007, p. 207).<br />

Na mesma via do tratamento do real pelo real há as passagens ao ato automutiladoras e<br />

heteromutiladoras. A passagem ao ato na <strong>psicose</strong> po<strong>de</strong> ser vista <strong>como</strong> <strong>uma</strong> tentativa, pela via<br />

do real, <strong>de</strong> realizar a castração simbólica, à qual o sujeito psicótico não teve acesso. Trata-se<br />

<strong>de</strong> obter a extração <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> gozo que inva<strong>de</strong> e submete e ao mesmo tempo, para obter a<br />

separação radical do Outro. Extrair-se do campo do Outro, representa para o psicótico a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se libertar do Outro. O excesso que inva<strong>de</strong> o sujeito psicótico exige a<br />

construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> barreira, sua extração real ou simbólica, ou ao menos sua localização.<br />

(Bechelany, 1999). No entanto, essa é <strong>uma</strong> <strong>solução</strong> que, longe <strong>de</strong> favorecer o laço social,<br />

<strong>de</strong>sfaz suas possibilida<strong>de</strong>s, <strong>uma</strong> vez que auto ou heteromutilador, o ato redunda em<br />

agressivida<strong>de</strong>, violência e, por vezes, em crime.<br />

Segundo Soler (2007) <strong>de</strong>ntre os trabalhos possíveis do sujeito psicótico para a<br />

construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>solução</strong> que o estabilize po<strong>de</strong>mos encontrar então, as formas clássicas: a<br />

“metáfora <strong>de</strong>lirante”, as “sublimações criacionistas”, o “tratamento do real pelo real do gozo”.<br />

Dessa forma, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se, que as saídas ou soluções dos sujeitos psicóticos para tratar o<br />

gozo que retorna no real são várias e elas po<strong>de</strong>m se apresentar <strong>de</strong> forma bastante singular em<br />

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