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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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2 Caso Clínico<br />

Raquel 1 é <strong>uma</strong> jovem <strong>de</strong> 27 anos, solteira, com segundo grau completo, <strong>de</strong> religião<br />

evangélica. Foi encaminhada pelo serviço <strong>de</strong> atendimento psicológico <strong>de</strong> <strong>uma</strong> faculda<strong>de</strong>,<br />

chegou ao atendimento <strong>de</strong> psicologia e psiquiatria acompanhada pela mãe, que se queixava <strong>de</strong><br />

que a filha estava muito agressiva, brigando em casa com os pais e apresentando-se<br />

extremamente impaciente. No primeiro momento <strong>de</strong>ssa consulta, Raquel entrou acompanhada<br />

pela mãe, manteve-se calada e sua mãe falou por ela. Expressou as queixas em relação à filha,<br />

falou <strong>de</strong> seu comportamento e <strong>de</strong> seus problemas. Na ausência da mãe, Raquel falou <strong>de</strong> suas<br />

i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> suicídio. Nesta ocasião Raquel veio medicada com Haloperidol 2 , por conta <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

consulta realizada anteriormente com um psiquiatra.<br />

Durante as consultas que se seguiram e ainda hoje, Raquel apresenta-se muito retraída,<br />

tímida, cabisbaixa, <strong>de</strong>monstrando um semblante <strong>de</strong> tristeza. Apresenta-se vestida sempre da<br />

mesma maneira, muito recatada e quase toda coberta, aparentando ser muito mais velha do<br />

que realmente é, apesar <strong>de</strong> aparecerem, em sua vestimenta, alg<strong>uma</strong>s estampas infantis. Esse<br />

modo recatado <strong>de</strong> se vestir está bem <strong>de</strong> acordo com as regras da igreja da qual é membro.<br />

Durante um bom período <strong>de</strong> tempo, Raquel falava muito pouco durante as sessões. Quando<br />

falava, discorria sobre a vonta<strong>de</strong> dos pais <strong>de</strong> que ela conseguisse um emprego e um namorado.<br />

Contava pouco <strong>de</strong> sua história, falava muito pouco <strong>de</strong> si mesma. Gostava <strong>de</strong> contar que era<br />

organista na igreja, que estudava música e tocava durante os cultos <strong>de</strong> jovens. Mas arrematava<br />

dizendo: “eu não gosto muito <strong>de</strong> tocar na igreja, minha mãe é que gosta”.<br />

1 A paciente iniciou acompanhamento em 2004, no estágio curricular “Construção do Caso Clínico”.<br />

Nesse período foi atendida por três estagiários diferentes. Eu iniciei seu atendimento em 2008.<br />

2 Fármaco utilizado <strong>como</strong> neuroléptico, pertencente ao grupo das butirofenonas, antipsicótico típico.<br />

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