17.04.2013 Views

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

53<br />

materno, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>le ser ou não barrado pelo Nome-do-<br />

Pai (p.41).<br />

Recuperando a abordagem <strong>de</strong> Lacan a respeito da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong> no Seminário XI,<br />

a <strong>de</strong> que o débil se situa <strong>como</strong> suporte do <strong>de</strong>sejo da mãe em um termo obscuro, as autoras<br />

interpretam essa passagem do seguinte modo: se o <strong>de</strong>sejo da mãe se apresenta <strong>como</strong> termo<br />

obscuro e não significado pelo Nome-do-Pai, o débil sustenta esse <strong>de</strong>sejo respon<strong>de</strong>ndo ao Che<br />

vuoi? Com um “sou eu”, pelo viés do imaginário.<br />

De acordo com Miranda e Alberti po<strong>de</strong>-se pensar a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> na neurose e na <strong>psicose</strong><br />

da seguinte maneira: na neurose, apesar da metáfora paterna, o sujeito débil se oferece à mãe<br />

para poupá-la da <strong>de</strong>pressão ao mesmo tempo em que se protege da angústia da castração, do<br />

horror <strong>de</strong> saber; na <strong>psicose</strong>, o sujeito débil evita as consequências <strong>de</strong> sua estrutura situando-se<br />

na série <strong>de</strong> objetos imaginários da mãe, não interrogando o obscuro <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo. Ao <strong>de</strong>ixar-<br />

se aprisionar a esse <strong>de</strong>sejo, apresenta-se morto quanto ao próprio <strong>de</strong>sejo. O sujeito débil assim<br />

posicionado não tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se separar, mantendo-se em <strong>uma</strong> submissão particular<br />

ao significante, reduzido a um só, holofraseado.<br />

Diante do <strong>de</strong>sejo da mãe que se apresenta em um termo obscuro - <strong>de</strong>sejo que só tem<br />

referência ao falo <strong>de</strong> forma obscurecida – o sujeito se propõe <strong>como</strong> objeto total que po<strong>de</strong><br />

preencher a falta materna pelo viés do imaginário do corpo, para lhe dar consistência.<br />

A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> é, por conseguinte, entendida <strong>como</strong> <strong>uma</strong> “corporeida<strong>de</strong> imaginária”,<br />

retomando assim a dimensão corporal suscitada na teorização <strong>de</strong> Mannoni, <strong>de</strong>ixada em<br />

segundo plano após a i<strong>de</strong>ia da holófrase do par <strong>de</strong> significantes, postulado por Lacan em<br />

1964. Observa-se que tanto Pierre Bruno quanto Eric Laurent retomam essa dimensão do<br />

gozo do débil que faz referência a <strong>uma</strong> fusão <strong>de</strong> corpos, <strong>uma</strong> fusão que faz existir a relação<br />

sexual <strong>como</strong> união uniana.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!