A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose
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imaginários da falta, reduzindo-a a ser apenas o suporte <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo num termo obscuro.<br />
Além disso, Lacan introduz algo inédito para pensar o sujeito débil: o mecanismo da<br />
holófrase. A elaboração <strong>de</strong> Lacan a respeito da holófrase acaba por retificar a tese <strong>de</strong> Maud<br />
Mannoni, pois <strong>de</strong>la se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> que não é no nível do corpo que se produz a fusão, mas no<br />
nível da ca<strong>de</strong>ia significante. O mecanismo da holófrase situaria a criança débil no lugar <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> significação <strong>de</strong> objeto do fantasma materno, lugar que a <strong>de</strong>ixa completamente<br />
“psicotizada”, na medida em que o S1 se torna <strong>uma</strong> verda<strong>de</strong>ira potência em função da<br />
i<strong>de</strong>ntificação extrema do sujeito ao significante imaginário da falta no Outro. A coalescência<br />
dos significantes resultaria, portanto, na obstrução do efeito <strong>de</strong> sentido dado pela metáfora,<br />
inviabilizando para o sujeito a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretar a significação do que ele representa<br />
no campo do <strong>de</strong>sejo do Outro.<br />
Para <strong>uma</strong> melhor compreensão <strong>de</strong> <strong>como</strong> o sujeito débil, assim <strong>como</strong> o sujeito<br />
psicótico, ambos submetidos ao efeito <strong>de</strong> holófrase (mesmo que em cada caso ocupem lugares<br />
distintos), se conservam n<strong>uma</strong> situação <strong>de</strong> alienação em relação ao <strong>de</strong>sejo do Outro,<br />
explicitamos, por meio das operações <strong>de</strong> alienação e separação, <strong>como</strong> o ser se constitui <strong>como</strong><br />
sujeito <strong>de</strong>sejante.<br />
Partindo da noção <strong>de</strong> que o inconsciente é estruturado <strong>como</strong> <strong>uma</strong> linguagem, Lacan<br />
<strong>de</strong>duz <strong>uma</strong> topologia responsável pela constituição do sujeito, utilizando <strong>como</strong> referência, o<br />
par <strong>de</strong> significantes primordiais. O princípio saussureano <strong>de</strong> remissão <strong>de</strong> um significante a<br />
outro, em que a condição para que um significante S1 possa se representar é a ligação com um<br />
segundo significante S2, correspon<strong>de</strong> à divisão do sujeito: o sujeito não po<strong>de</strong> representar sua<br />
<strong>de</strong>manda com um único significante, que lhe seja absolutamente inerente; e ao buscar no<br />
Outro, no código da língua, um S2 para inscrever seu S1, <strong>uma</strong> parte <strong>de</strong> si mesmo, por esse<br />
movimento permanece alienada.<br />
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