17.04.2013 Views

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O débil <strong>de</strong>seja manter o Outro <strong>como</strong> verda<strong>de</strong> absoluta porque não consegue <strong>de</strong>cidir no tocante<br />

à equivocida<strong>de</strong> da linguagem. A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> aqui é <strong>uma</strong> relação do ser sem o saber. O sujeito<br />

se aloja em relação ao saber em <strong>uma</strong> posição <strong>de</strong> exteriorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> não enten<strong>de</strong>r nada. No débil<br />

há <strong>uma</strong> falha em nível simbólico. A recusa em saber que ele apresenta po<strong>de</strong> ser entendida<br />

<strong>como</strong> falta <strong>de</strong> chamada <strong>de</strong> S2, do sentido. A solidificação significante impe<strong>de</strong> a produção do<br />

saber. Para o débil é o Outro que diz “penso”, ele não pensa e não é mais que o eco do Outro<br />

sem nenh<strong>uma</strong> interrogação sobre o <strong>de</strong>sejo do Outro. A produção discursiva do débil<br />

apresenta-se pobre, repetitiva, estereotipada e banal.<br />

A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> estrutural, no entanto, diz respeito ao que Lacan vai acentuar <strong>como</strong> o que<br />

afeta o <strong>mental</strong>, a partir do seu último ensino. A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> nesse sentido, quer dizer que o<br />

parlêtre 13 , é marcado pela <strong>de</strong>sarmonia entre o simbólico, o real e o imaginário. Miller (2003)<br />

acentua que a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> qualifica a ausência <strong>de</strong> acordo entre as dimensões:<br />

E ainda em Esboço <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Alocução do Centenário 14<br />

13 No Brasil, a tradução é falasser.<br />

14 Em Roma, no dia 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2001.<br />

50<br />

é o que qualifica <strong>uma</strong> <strong>de</strong>sarmonia, <strong>uma</strong> ausência <strong>de</strong><br />

harmonia, cujos nomes foram o conflito, a Spaltung, a<br />

diferença entre <strong>de</strong>manda e <strong>de</strong>sejo, a castração, a não relação<br />

sexual. O que Lacan propõe em seu último ensino <strong>como</strong> o<br />

nome que mais se aproxima daquilo do qual ele resulta é:<br />

<strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>. A <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong> do ser quer dizer que<br />

seu <strong>mental</strong> não o põe em relação com o real (p.13).<br />

O conceito <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>, diz Miller- vai mais<br />

longe que o <strong>de</strong> inconsciente. Po<strong>de</strong>-se dizer que o inconsciente<br />

é <strong>uma</strong> elucubração <strong>de</strong> saber sobre nossa <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>. A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!