A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose
A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose
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O padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amentos <strong>de</strong>ssa paciente - sempre que fazia tentativas <strong>de</strong><br />
emancipação das normas, tanto religiosas quanto paternas, sobrevinha os fenômenos<br />
alucinatórios e i<strong>de</strong>ias persecutórias - nos revela que essa paciente se i<strong>de</strong>ntifica com um i<strong>de</strong>al<br />
religioso, que lhe serve <strong>de</strong> base i<strong>de</strong>ntificatória e impe<strong>de</strong> as perguntas “quem sou eu para o<br />
Outro?”, “o que o Outro quer <strong>de</strong> mim?”A estabilização se daria então, por intermédio <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
compensação imaginária, através <strong>de</strong> um enodamento entre o imaginário e o real, sob a forma<br />
<strong>de</strong> <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntificação maciça ao Outro especular. Esta compensação imaginária apareceria, por<br />
conseguinte, <strong>como</strong> um sintoma que estabiliza e reorienta sua vida.<br />
Interessa-nos salientar que o <strong>de</strong>sejo da mãe <strong>de</strong> Raquel se apresenta para ela <strong>como</strong> esse<br />
i<strong>de</strong>al religioso. A mãe <strong>de</strong>sta paciente está sempre exigindo que Raquel siga as regras da igreja,<br />
que ela toque órgão nos cultos, que ela participe das reuniões da juventu<strong>de</strong> promovida pela<br />
igreja. O Um <strong>de</strong> Raquel é um significante do qual nada se <strong>de</strong>duz, sua essência encontra-se<br />
incorporada à sua i<strong>de</strong>ntificação imaginária com o i<strong>de</strong>al religioso e em conformida<strong>de</strong> com o<br />
<strong>de</strong>sejo da mãe.<br />
Posicionando <strong>como</strong> sujeito débil, Raquel evita as consequências <strong>de</strong> sua estrutura<br />
situando-se na série <strong>de</strong> objetos imaginários da mãe, não fazendo interrogação ao obscuro <strong>de</strong><br />
seu <strong>de</strong>sejo. Ao <strong>de</strong>ixar-se aprisionar a esse <strong>de</strong>sejo, apresenta-se morta quanto ao próprio<br />
<strong>de</strong>sejo. Assim posicionada, não encontra nenh<strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se separar, mantendo-se<br />
em <strong>uma</strong> submissão particular ao significante holofraseado.<br />
8 O lugar do analista na clínica da <strong>psicose</strong><br />
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