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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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Outro modo <strong>de</strong> intervenção da analista correspon<strong>de</strong> ao que ela <strong>de</strong>nominou orientação<br />

do gozo. No momento em que a paciente parecia cativada pela tentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar-se<br />

estrangular, Soler opera com <strong>uma</strong> orientação limitativa, que tenta fazer <strong>uma</strong> prótese para a<br />

proibição faltante, dizendo não, colocando um obstáculo ao gozo mortífero. Por outro lado,<br />

opera, também, com <strong>uma</strong> orientação positiva, sustentando o projeto artístico da paciente e<br />

incitando-a a consi<strong>de</strong>rar que esse era o caminho. Soler intervém, <strong>de</strong>ssa forma, proferindo <strong>uma</strong><br />

função <strong>de</strong> limite ao gozo do Outro, por meio <strong>de</strong> um dizer em que o analista se faz guardião<br />

dos limites do gozo. O analista não po<strong>de</strong> fazê-lo senão sustentando a única função que resta:<br />

fazer limite ao gozo, isto é, a <strong>de</strong> significante i<strong>de</strong>al, único elemento simbólico que na falta da<br />

lei paterna, po<strong>de</strong> constituir <strong>uma</strong> barreira ao gozo. O analista quando se serve <strong>de</strong>sse<br />

significante não faz outra coisa senão apontar a posição do próprio sujeito, que não tem outra<br />

<strong>solução</strong> que tomar para si mesmo, a seu cargo, a regulação do gozo. Essa alternância das<br />

intervenções do analista entre o silêncio <strong>de</strong> testemunho e um apontamento do limite, salienta<br />

Soler (2008) é outra coisa que a neutralida<strong>de</strong> benévola. É o que a autora chama <strong>de</strong>:<br />

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vacilação da implicação forçosa do analista- se não<br />

quer ser o outro perseguidor- entre a posição <strong>de</strong> testemunho<br />

que ouve e não po<strong>de</strong> mais e o significante i<strong>de</strong>al que vem a<br />

suprir o que Lacan escreve P0 em seu esquema I (p.11).<br />

No caso clínico aqui relatado, a conduta do analista no período em que não era<br />

possível estabelecer um diagnóstico <strong>de</strong> estrutura, se pautava por tentar tratar um sintoma, a<br />

<strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong>. No entanto, com o <strong>de</strong>correr dos atendimentos e o aparecimento <strong>de</strong> fenômenos que<br />

explicitavam a <strong>psicose</strong> e posteriormente, a partir da construção do caso, foi possível observar que

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