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A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose

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As holófrases são frases ou expressões in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> terem ou não estrutura sintática,<br />

já que são tomadas n<strong>uma</strong> estrutura <strong>de</strong> linguagem. O que importa nelas é seu caráter não<br />

<strong>de</strong>componível. A holófrase, nesse seminário, está ligada a situações limite, em que o sujeito<br />

está suspenso n<strong>uma</strong> relação especular ao Outro, nessa zona intermediária, ambígua, entre<br />

simbólico e imaginário. Lacan situa a holófrase, portanto, no campo simbólico da oposição<br />

significante, a <strong>de</strong>speito da prevalência dada ao campo imaginário da relação especular.<br />

No seminário VI, “O <strong>de</strong>sejo e sua interpretação”, a referência linguística <strong>de</strong> Lacan<br />

(1958-1959) se situa a partir da tipologia das línguas. Ele coloca a função da holófrase <strong>como</strong><br />

paradigma da unida<strong>de</strong> da frase, em que código e mensagem encontram-se colados. Na<br />

articulação da frase, o sujeito é reduzido à própria mensagem: necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>formada pelo<br />

significante. O sujeito constitui o monólito da necessida<strong>de</strong> transformada em <strong>de</strong>manda. A<br />

holófrase nesse seminário aparece <strong>como</strong> um monólito em que o sujeito se iguala à mensagem;<br />

ele não se conta, é pré-contado na frase redutível a <strong>uma</strong> con<strong>de</strong>nsação metafórica. Lacan<br />

aproxima a holófrase da interjeição para ilustrar no nível da <strong>de</strong>manda o que representa a<br />

função da parte inferior da ca<strong>de</strong>ia. Socorro! É um exemplo <strong>de</strong> interjeição que está situada no<br />

nível do enunciado, aquele em que o sujeito é i<strong>de</strong>ntificado à sua mensagem, no grafo do<br />

<strong>de</strong>sejo. No caso da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong>, a mensagem se faz presente, mas é <strong>uma</strong> presença marcada pelo<br />

empobrecimento naquilo que se refere ao plano da enunciação.<br />

No seminário XI, “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise”, a holófrase<br />

passa a <strong>de</strong>signar a solidificação do par <strong>de</strong> significante S1-S2, implicando n<strong>uma</strong> suspensão da<br />

função significante <strong>como</strong> tal. Qualquer referência concreta à holófrase é abolida e Lacan<br />

passa a tomá-la <strong>como</strong> noção <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> linguagem. É importante salientar que a palavra<br />

holófrase surge, nesse contexto, sob <strong>uma</strong> forma verbal: “se holofraseia”. Essa torção retira o<br />

caráter <strong>de</strong> fenômeno da função da holófrase e traz a questão da estrutura: “quando não há<br />

intervalo entre S1 e S2, quando a primeira dupla se solidifica, se holofraseia, temos o mo<strong>de</strong>lo<br />

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