A debilidade mental como solução estabilizadora de uma psicose
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Uma outra contribuição importante <strong>de</strong>ssas autoras é a visão da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>como</strong> <strong>uma</strong><br />
máscara para a estrutura clínica do sujeito. Esse é um recurso interessante para pensar a<br />
prática clínica, <strong>uma</strong> vez que, <strong>como</strong> visto também no caso clínico apresentado, o diagnóstico<br />
estrutural, no início dos atendimentos, não se dá a ver <strong>de</strong> forma clara, ele aparece obscurecido<br />
pela <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong>.<br />
5 A holófrase e a <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong><br />
Dado que a teorização lacaniana a respeito da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> se inicia com a referência à<br />
holófrase, faz-se necessário esclarecer o que vem a ser esse mecanismo e <strong>como</strong> ele está<br />
articulado à <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> <strong>mental</strong>.<br />
De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, holófrase significa “um<br />
enunciado constituído <strong>de</strong> <strong>uma</strong> só palavra, a qual funciona <strong>como</strong> <strong>uma</strong> frase”. A estrutura<br />
gramatical é: holo + frase. Holo significa total, completo, inteiro. Holófrase é, portanto, <strong>uma</strong><br />
palavra frase. O mecanismo da holófrase é trabalhado por Lacan no seminário XI, mas<br />
po<strong>de</strong>mos verificar que o termo holófrase aparece bem antes na obra <strong>de</strong> Lacan, no seminário I<br />
e no seminário VI, sofrendo modificações e torções. É também no seminário XI que Lacan faz<br />
<strong>uma</strong> associação da <strong><strong>de</strong>bilida<strong>de</strong></strong> ao mecanismo da holófrase. Faz-se forçoso, portanto, <strong>uma</strong><br />
breve explanação sobre o termo, começando pela linguística, para melhor compreendê-lo na<br />
teorização lacaniana.<br />
Segundo Vorcaro (1999), o adjetivo holofrásico aparece na literatura em 1866 <strong>como</strong><br />
um termo da gramática, referindo-se a línguas holofrásicas em que a frase inteira (sujeito,<br />
verbo, regime e mesmo inci<strong>de</strong>nte) está aglutinada <strong>como</strong> <strong>uma</strong> só palavra. De acordo com <strong>uma</strong><br />
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