Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...
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<strong>de</strong>bates - a socieda<strong>de</strong> se manifesta – <strong>Cultura</strong>, <strong>Esporte</strong> e <strong>Lazer</strong><br />
O que acontece com a cabeça <strong>de</strong> uma criança que começa ver televisão muito<br />
ce<strong>do</strong>?<br />
Já contei esta experiência. Participei <strong>de</strong> uma banca <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> no<br />
Mato Grosso <strong>do</strong> Sul em que uma educa<strong>do</strong>ra trabalhou com crianças na ida<strong>de</strong> préescolar,<br />
com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 a 6 anos. O que vocês acham que passa na cabeça da<br />
criançada brasileira, especialmente das meninas? É muito difícil trabalhar com<br />
criança, porque ela não está alfabetizada e não po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r um questionário.<br />
As meninas pretinhas todas querem ser loiras. Elas não enten<strong>de</strong>m a sua estética, a<br />
sua beleza. Então, vocês não enten<strong>de</strong>m a resposta <strong>de</strong> Camila Pitanga, que to<strong>do</strong>s<br />
vocês conhecem, quan<strong>do</strong> falam: “Você é uma moreninha muito bonita”. Ela logo<br />
fala: “Não. Eu sou negra e tenho orgulho disso”. É lógico que, infelizmente, as<br />
moreninhas brasileiras não conhecem as suas raízes e não po<strong>de</strong>m, como a Camila<br />
Pitanga, ter orgulho. Mas a Camila Pitanga tem um pai que é militante negro e que<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> ce<strong>do</strong> provou para ela que há milênios o negro tinha sua beleza, a sua cultura,<br />
a sua forma <strong>de</strong> ver o mun<strong>do</strong> e que ela era mais rica por ser mestiça e <strong>de</strong>veria dar<br />
mais valor, mais ênfase à sua origem negra <strong>do</strong> que branca. Ela se convenceu disso<br />
e tem convicção <strong>de</strong> que tem uma estética a<strong>de</strong>quada. Vamos encontrar pessoas<br />
bonitas e feias em to<strong>do</strong>s os grupos étnicos. Mas no Brasil, se construiu a imagem<br />
da loirice. Nada contra os loiros, eu já disse. Mas a loirice é ter uma política para<br />
evi<strong>de</strong>nciar uma cara que não temos. Nesta platéia vejo que tem pessoas louras,<br />
pessoas mais claras e negros das mas diversas tonalida<strong>de</strong>s. Esta é a cara <strong>do</strong><br />
Brasil. Mas na televisão não é este Brasil. Portanto, quan<strong>do</strong> se fala em igualda<strong>de</strong> e<br />
oportunida<strong>de</strong>s é igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> você ver a sua imagem verda<strong>de</strong>ira. É quan<strong>do</strong> você<br />
vai buscar um emprego saben<strong>do</strong> que será preteri<strong>do</strong> porque é uma mulher, porque é<br />
mais velho ou porque é negro. Num país construí<strong>do</strong> pelos negros durante 350<br />
anos, é um escândalo hoje quan<strong>do</strong> o negro vai ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e é<br />
preteri<strong>do</strong>.<br />
Dr. Celso Fontana falou da preguiça. Se há um grupo neste país que<br />
nunca pô<strong>de</strong> ser preguiçoso é a população negra. No Vale <strong>do</strong> Paraíba as pessoas<br />
Pensan<strong>do</strong> <strong>São</strong> Paulo FÓRUM SÃO PAULO - SÉCULO 21<br />
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