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Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...

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<strong>de</strong>bates - a socieda<strong>de</strong> se manifesta – <strong>Cultura</strong>, <strong>Esporte</strong> e <strong>Lazer</strong><br />

atemporal. E a nossa submissão também ela tem tempo <strong>de</strong> começo e <strong>de</strong> fim. Então,<br />

o termo correto para nós é escraviza<strong>do</strong>s.<br />

É possível nós ouvirmos os gritos <strong>de</strong>ssas ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ras negras que<br />

atravessavam as ruas centrais da cida<strong>de</strong> e que eram coibidas nos seus afazeres<br />

pela Câmara Municipal, pela Câmara Provincial. É possível nós ouvirmos o barulho<br />

<strong>do</strong>s tambores na região da Sé, da Liberda<strong>de</strong>, próximo á Igreja <strong>do</strong>s Enforca<strong>do</strong>s,<br />

próximo ao Lavapés, a Barra Funda. Chegam para nós soan<strong>do</strong> <strong>de</strong> longe o batuque<br />

sur<strong>do</strong> <strong>do</strong>s toca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> adufe, <strong>de</strong> urucungos, <strong>de</strong> tambus, <strong>de</strong> marimbas e <strong>de</strong><br />

engomas, to<strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> origem africana e que sobreviveram aqui nesta<br />

cida<strong>de</strong> até próximo <strong>de</strong> 1920.<br />

O registro que ficou escrito é o das autorida<strong>de</strong>s municipais, proibin<strong>do</strong><br />

os batuques através da lei, proibin<strong>do</strong> as festas <strong>do</strong>s malungos, <strong>do</strong>s Irmãos <strong>do</strong><br />

Rosário, das festas que eram feitas no pátio das igrejas <strong>de</strong> Santo Elesbão e <strong>de</strong> <strong>São</strong><br />

Benedito. Ficaram também para nós as notícias <strong>de</strong> tom marcadamente racista <strong>do</strong>s<br />

jornais da cida<strong>de</strong>, pedin<strong>do</strong> às autorida<strong>de</strong>s para proibirem o jogo <strong>de</strong> tiririca, que era a<br />

forma da capoeira <strong>do</strong>s negros paulistas.<br />

Na memória da gente negra da capital paulista, que os livros escolares<br />

ainda não falam, não tratam, não registram, existem os casarões <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s Irmãos <strong>do</strong> Rosário, que se transformaram em frutos da cobiça da exploração<br />

imobiliária.<br />

Quan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> começou a crescer, os ricos aban<strong>do</strong>naram os sítios<br />

das regiões mais remotas e vieram morar nas áreas centrais, <strong>de</strong>salojan<strong>do</strong> a<br />

população negra.<br />

Depois, quan<strong>do</strong> eles se sentiram sitia<strong>do</strong>s pelas populações negras <strong>do</strong><br />

Ipiranga, da Saú<strong>de</strong>, <strong>do</strong> Lavapés, <strong>do</strong> Bixiga, <strong>do</strong> Jabaquara, da Barra Funda, da Casa<br />

Ver<strong>de</strong>, eles migraram para o espigão da Paulista. E foi lá que eles construíram as<br />

suas mansões.<br />

Na memória ocultada <strong>do</strong> jovens negros que freqüentam as nossas<br />

salas <strong>de</strong> aula na re<strong>de</strong> pública repousa toda a participação das populações negras<br />

Pensan<strong>do</strong> <strong>São</strong> Paulo FÓRUM SÃO PAULO - SÉCULO 21<br />

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