Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...
Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...
Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>de</strong>bates - a socieda<strong>de</strong> se manifesta – <strong>Cultura</strong>, <strong>Esporte</strong> e <strong>Lazer</strong><br />
exemplo, três primas minhas têm essa <strong>do</strong>ença, sen<strong>do</strong> que duas já morreram. Esta<br />
<strong>do</strong>ença é fatal e o tipo brasileiro é o pior. Existe uma programa chama<strong>do</strong> “Programa<br />
Nacional <strong>de</strong> Anemia Falciforme”. Quan<strong>do</strong> se pensa em políticas pontuais é a<strong>do</strong>tar<br />
políticas como esta, voltada para o atendimento específico da população afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte,<br />
naquilo que ela tem necessida<strong>de</strong>.<br />
Por exemplo, as escolas não têm um curso <strong>de</strong>cente <strong>de</strong> História da<br />
África, falan<strong>do</strong> da África antes da chegada <strong>do</strong>s europeus. Os professores não se<br />
qualificam para isso. Recentemente é que foi implanta<strong>do</strong> na USP o curso <strong>de</strong><br />
História da África. Muitas vezes as pessoas não têm vonta<strong>de</strong> ou didática para<br />
ministrar esta disciplina. Não tem nem mapa da África.<br />
Pensar em políticas pontuais é pensar em políticas que vão no senti<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> criar condições materiais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r aplicar numa escola, por exemplo, uma<br />
política específica para a população negra.<br />
O que seriam as políticas compensatórias? É compensar mesmo. É<br />
renda mínima. É pagar para o aluno que está na sala <strong>de</strong> aula para que tenha<br />
condições mínimas <strong>de</strong> competição. Sempre me recor<strong>do</strong> <strong>de</strong> um fato quan<strong>do</strong> era<br />
pequeninho. Eu era muito pobre. Eu ia para escola e tinha muita vergonha porque<br />
não tinha condições <strong>de</strong> levar um lanche. A professora Nicinha, que carrego no<br />
coração até hoje, com a maior das boas vonta<strong>de</strong>s escalou um pessoa na sala <strong>de</strong><br />
aula para levar lanche para mim. No intervalo, eu atravessava a sala <strong>de</strong> aula e<br />
pegava o lanche com o João para comer. Eu achava aquilo terrível, mas era o que<br />
eu podia comer. Um ano <strong>de</strong>pois, começaram a ter merenda escolar. Isto provocou<br />
uma pequena revolução na minha auto-estima, porque eu não precisava mais <strong>do</strong><br />
João para po<strong>de</strong>r comer lanche. Uma loucura tu<strong>do</strong> isso. É importante se pensar<br />
políticas compensatórias que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lanche até assegurar material <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>, como por exemplo, uma cesta básica para o estudante po<strong>de</strong>r estudar.<br />
Ter ca<strong>de</strong>rnos, lápis, livros, coisas mínimas. Tem que se pensar em políticas mais<br />
amplas que possam assegurar a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições para que esta população<br />
Pensan<strong>do</strong> <strong>São</strong> Paulo FÓRUM SÃO PAULO - SÉCULO 21<br />
116