Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...
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<strong>de</strong>bates - a socieda<strong>de</strong> se manifesta – <strong>Cultura</strong>, <strong>Esporte</strong> e <strong>Lazer</strong><br />
ironia <strong>do</strong> <strong>de</strong>stino ou não tive que seguir os companheiros acompanhan<strong>do</strong> um projeto<br />
nosso na Câmara, vim então com eles, sen<strong>do</strong> que alguma coisa me cutucava que<br />
eu tinha que subir para cá. Primeiramente quero agra<strong>de</strong>cer ao Juarez, que nos<br />
sensibilizou muito com o seu pronunciamento. Nós que moramos numa cida<strong>de</strong> a<br />
500 quilômetros <strong>de</strong> <strong>São</strong> Paulo, para vir aqui para qualquer evento é uma luta muito<br />
gran<strong>de</strong>, pois gasta-se por volta <strong>de</strong> cem reais e às vezes o sindicato não tem como<br />
bancar isso. Quero pedir encarecidamente ao Deputa<strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte e a to<strong>do</strong>s os<br />
membros aqui que tu<strong>do</strong> que vocês tiverem sobre a comunida<strong>de</strong> negra, enviem ao<br />
meu sindicato, que a nossa intenção, eu moro em Penápolis, mas fico em<br />
Araçatuba, on<strong>de</strong> este ano, a partir <strong>de</strong> janeiro, estarei com o meu escritório monta<strong>do</strong><br />
lá para tratar sobre algum assunto referente ao negro. Algum material que temos<br />
que já serviu para alguns alunos fazerem um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates nas escolas no<br />
interior. Tenho só o quarto ano <strong>de</strong> grupo, Deus fez com que eu tivesse que trabalhar<br />
para ajudar no sustento da família, que no interior é mais difícil, então fui trabalhar<br />
num cinema, na sala <strong>de</strong> projeção, sen<strong>do</strong> que não pu<strong>de</strong> continuar os estu<strong>do</strong>s, mas<br />
com o meu quarto ano <strong>de</strong> grupo, no meu linguajar simples, cabocla<strong>do</strong> ou não, <strong>do</strong>u a<br />
minha mensagem quan<strong>do</strong> é preciso. O fato que mais marcou na minha vida foi em<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1984, quan<strong>do</strong> o Montoro lançou reintegrar o negro à socieda<strong>de</strong>. Ficamos<br />
empolga<strong>do</strong>s, arregaçamos as mangas e pensávamos que iríamos transformar o<br />
mun<strong>do</strong>. Quebramos a cara porque a socieda<strong>de</strong> branca não <strong>de</strong>u espaço para<br />
montarmos o nosso escritório, não dava espaço para nada. Começamos a fazer<br />
reunião nas casas, sen<strong>do</strong> que na primeira compareceram três, quatro pessoas e no<br />
fim estávamos com cento e poucas pessoas na reunião, só que não havia espaço<br />
para esse pessoal, o que nos chocou muito, pois esbarramos na burocracia da<br />
Prefeitura que não dava espaço, no fim tivemos um espaço numa sala pequena que<br />
cabiam <strong>de</strong>z pessoas, o resto ficava fora. Achávamos que nós, lá longe, teríamos o<br />
mesmo espaço, a mesma liberda<strong>de</strong>, a mesma conquista que vocês na gran<strong>de</strong><br />
cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam ter, mas não foi assim. Tentamos montar um movimento da<br />
comunida<strong>de</strong> negra, não foi possível, não conseguimos porque não tínhamos força,<br />
Pensan<strong>do</strong> <strong>São</strong> Paulo FÓRUM SÃO PAULO - SÉCULO 21<br />
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