18.04.2013 Views

Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...

Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...

Cultura, Esporte e Lazer - Assembleia Legislativa do Estado de São ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>bates - a socieda<strong>de</strong> se manifesta – <strong>Cultura</strong>, <strong>Esporte</strong> e <strong>Lazer</strong><br />

alguma coisa, a gente abria, estava pronto. Acho que isso não resolve a situação,<br />

porque a questão racial tem que ter mecanismos diferentes. Por exemplo, é comum<br />

num <strong>de</strong>bate alguém perguntar o seguinte: Mas em Salva<strong>do</strong>r a maioria da população<br />

é preta, por que não tem políticos pretos? É comum ouvirmos isso. Não levamos em<br />

consi<strong>de</strong>ração que Salva<strong>do</strong>r é provavelmente uma das cida<strong>de</strong>s mais racistas <strong>do</strong><br />

Brasil, quiçá <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> há um apartheid físico violentíssimo. Acho que temos<br />

que começar a pensar em mecanismos novos para pensar a questão racial. Estive<br />

há pouco tempo num <strong>de</strong>bate na Bahia e uma professora, Luíza Barrios, trabalhou<br />

com uma idéia que achei muito boa, que é a seguinte: ao invés <strong>de</strong> pensarmos<br />

quantitativamente quantos parlamentares, quantos sindicatos, que são importantes,<br />

tem que ter, faz parte da história, seria importante perguntarmos até que ponto a<br />

população negra mu<strong>do</strong>u o processo cognitivo da socieda<strong>de</strong> brasileira, ou seja, até<br />

que ponto a socieda<strong>de</strong> brasileira passou a pensar a questão racial. Há <strong>de</strong>z anos a<br />

discussão da socieda<strong>de</strong> era muito diferente <strong>do</strong> que é hoje. A população negra é<br />

vitoriosa nesse <strong>de</strong>bate político porque ela mu<strong>do</strong>u a cabeça <strong>de</strong> se pensar a questão<br />

racial no Brasil. Hoje o sindicato discute escola <strong>de</strong> samba, no meio <strong>do</strong> can<strong>do</strong>mblé,<br />

em to<strong>do</strong> lugar se discute a questão racial Acho então que ao invés <strong>de</strong> pensarmos<br />

quantitativamente, talvez fosse legal pensarmos qualitativamente, qual foi o avanço<br />

qualitativo que trouxemos para a socieda<strong>de</strong> brasileira. Penso hoje da seguinte<br />

forma: há 50 anos eram poucas as entida<strong>de</strong>s e organizações negras; hoje temos<br />

muito mais entida<strong>de</strong>s negras, hoje temos as escolas <strong>de</strong> samba discutin<strong>do</strong> a questão<br />

racial pelo Brasil afora, tem os grupos <strong>de</strong> capoeira, tem os sacer<strong>do</strong>tes afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,<br />

a juventu<strong>de</strong>. Um espetáculo extraordinário, a experiência <strong>do</strong> hip hop,<br />

<strong>do</strong> rap na periferia <strong>de</strong> <strong>São</strong> Paulo é uma coisa muito importante. A experiência é<br />

similar à experiência <strong>do</strong>s Quilombos, on<strong>de</strong> se tinha uma experiência <strong>de</strong> pessoas que<br />

iam, faziam, pensavam; era avança<strong>do</strong>? Sem dúvida. Tem um processo <strong>de</strong><br />

aprendiza<strong>do</strong>? Sem dúvida alguma. Está pronto e acaba<strong>do</strong>? Não. Então não sei o<br />

caminho, mas gostaria <strong>de</strong> ficar como idéia: para a pesquisa que faço entrevistei<br />

várias pessoas, sen<strong>do</strong> que entre elas a Mãe Cantu, que é Iaegué <strong>do</strong> Ileaxé da<br />

Pensan<strong>do</strong> <strong>São</strong> Paulo FÓRUM SÃO PAULO - SÉCULO 21<br />

130

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!