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1 - Faculdade de Direito da UNL

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-Excellenb e muito ~usta he a doutrina que <strong>de</strong>ixâmos regista<strong>da</strong>,<br />

e rnuilo mais e& rele5o fica ella, se'a confrontar mo^<br />

com a' <strong>de</strong>liberação <strong>da</strong> Carnara Recorrénte.- E com effeito,<br />

aquella CorporaGo, movi<strong>da</strong> apenas peta allegação do Vereador<br />

Fiscal, e sem ounr a parte interessa<strong>da</strong>, niio hesitou em <strong>da</strong>r -<br />

um passo temerario e altamente offensito <strong>de</strong> direitos adqutridos<br />

... gMas serh acaso a allegação do?'ereador Fiscal fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

em proia segura? Seria essa allegacão o resultado <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gasões<br />

graves. e filha <strong>de</strong> um convencimento grangeado á força<br />

<strong>de</strong> pesquieas e exames'?-Na<strong>da</strong> disso; o Vereador Fiscal invodra<br />

unicamente os boatos que ouviu, as iozes vagas do povo<br />

que lhe chegarao aos ouvidos,-e a Camara, sem ouvir o interessado,<br />

sem proce<strong>de</strong>r a interrogatorio <strong>de</strong> testemunhas, sem<br />

diligenciar <strong>de</strong>scobrir a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> do facto,-dá como certo que<br />

os gados matriculaijos nãa eráo proprios do Recorrido, mas<br />

sim <strong>de</strong> um cunhado <strong>da</strong>quelle, e maod~+s riscar dos livros <strong>da</strong><br />

matricula municipal, quando alias estala0 elles justif ca<strong>da</strong>mente<br />

matriculados, como proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> do mesmo Recorrido, o qual<br />

ate já havia pago os coirespon<strong>de</strong>ntes direitos!<br />

A Camara Recorrente <strong>de</strong>sempenhala neste caso o ofFcro<br />

<strong>de</strong> Juiz, e esq'uecia-se <strong>de</strong> que o Juiz <strong>de</strong>le julgar conforme o<br />

aliegado, eprocado; esquecia-se <strong>de</strong> que o Juiz n;io p0<strong>de</strong> julgar<br />

pela sua particular sciencla, mas <strong>de</strong>ve cert~ficar-se pelds provas<br />

externas; esquecia-se <strong>de</strong> que ninguem <strong>de</strong>le ser con<strong>de</strong>rnnado<br />

sem ser ouvido s convencido; esquecra-se <strong>de</strong> que existido di-<br />

reitos legitimamente adquiridos, OS quaes ia <strong>de</strong>struir, sem que<br />

bouresse um facto legal que os fizess;e perkr.<br />

Qui staiuit alipuid, parte iiiaudrt8 altera,<br />

Bquum licet statuerit, haud zquus fuit,<br />

-Visto como nesta Resolnçáo se trata <strong>de</strong> gados, co1ligiremos<br />

aqui alguns apontamentos interessantes ácerca <strong>de</strong>ste açsumpto:<br />

No Discurso pronunc~ado pelo Sr. José Maria Gran<strong>de</strong>, por<br />

occasião <strong>da</strong> inauguraçáo do Instituto Agricola '<strong>de</strong> Lisboa em 3<br />

<strong>de</strong> Novembro-<strong>de</strong> 1853, encontrhmos a segurote passagem, que<br />

assignala muito ~ractensticarnente a influencia dos gados nos<br />

progressos <strong>da</strong> agricultura, e apresenta um gran<strong>de</strong> incentivo<br />

para que os nossos lavradores cui<strong>de</strong>m <strong>de</strong> augmentar consi<strong>de</strong>-<br />

ravelmente a creação:-«A escassez dos gados he tambem um<br />

gran<strong>de</strong> mal, porque está reconhecido que a boa agricultura<br />

assenta sobre a ahun<strong>da</strong>ncin dos gados, que representâo forças<br />

molriaes. perfeição <strong>de</strong> trabalho, abuft<strong>da</strong>neics <strong>de</strong> subsistencius,<br />

, <strong>de</strong> molarias primar, e <strong>de</strong> estrumes Os nossos gados n8o estão<br />

em relaçdo nem com a nossa cultura, nem com a nossa popu-<br />

lardo. Cont$mos apenas, segando a ultima estatrstica oficial,<br />

5.074.608 cabqas <strong>de</strong> gado, sendo 522:000 do especie bovina,<br />

2 Bf7:000 <strong>da</strong> especie olinai Proporçzo muito inferior t~ <strong>de</strong><br />

varios paizes <strong>da</strong> Eiiropa. A pín<strong>de</strong> abun<strong>da</strong>ncia dos gados he<br />

o gran<strong>de</strong> segredo <strong>da</strong> ~gricultura ~ngleza. He principalmente<br />

por sua intervenção qiie o agricultor <strong>de</strong>ste paiz produz, se as<br />

estatisticas n5io errdo, O trtplo do quê consome, e mais do duplo<br />

do que produzem os agrrciiltores francezes )i-<br />

Com este assunlpto <strong>da</strong> creaçáo dos gados enIação-se os principio~<br />

<strong>da</strong> praticultura, e <strong>da</strong> estabulaq&o, e por isso reproduziremos<br />

aqui alguns excerptos mais do referido Discurso, e são<br />

os segur ntes: - i( Os prados transformáo-se em estrumes, e são<br />

por assim dizer a sua materia prima; mas coiho os ãnimaes<br />

no eslabulo s5i0 os apparelhos iivos <strong>de</strong>sta transformação, he<br />

claro que a ngrieultura ~ntensrla e aperfeiçoa<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ter por<br />

fun<strong>da</strong>mento a praticulturr~. e a estabnlaç80 -A provincia do<br />

.\lemEejo, que temuma superficie aravel multo superior d do<br />

Hlnho, ndo sustenta senão meta<strong>de</strong> do gado vacam'que se cria<br />

nesta ultima prorincra, á qual as nossas estatisticas dão 155:196<br />

cabeças. Esta imrnerisa differen~a provkm <strong>de</strong> que no AIemtejo<br />

he rara, e no Minho muito geral a estabulacão, que, alkm <strong>de</strong><br />

outras ~antageni, excita prodigiosamente a multiplimção~ dos<br />

gados.-He sabido que o nosso paiz consagra muitos terrenos<br />

á cultura <strong>da</strong>s colmiferas, e poucos 6. cultura <strong>da</strong>9 forragens. Se<br />

os termos, pois, <strong>de</strong>sta proporgzo fossem ~ni.ertidos, obter-se+ia<br />

um gran<strong>de</strong> rcsrrltado; isto he, obter-se-hia a mesma on maior<br />

copia <strong>de</strong> grãos, posto que em menor superficie, uma maior<br />

copia <strong>de</strong> gados, e um melhoramento progressivo do solo.-He<br />

prec~so, portanto, que a cultura intensiva pá ganhando sobre<br />

a extensi~a-que se semeie menos, e que se colha mais, eullhando<br />

e adubando melhor-que se recolhão pouco a pouco<br />

0s gados nos estal)ulos, e que se vd insensiveImente passando<br />

do systema dos pouçios para o dos afolharnentos. D-

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