ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST
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hegemônico na sociedade ocidental. Queremos analisar os símbolos que<br />
diferenciam os papéis sociais como, por exemplo, o homem como portador de força,<br />
de inteligência e imbuído pelo sagrado de uma missão como chefe, e a mulher como<br />
um ser frágil, impotente, pecadora e referendada como tendo a submissão “natural”<br />
de estar ao lado de quem possui a “missão”, isto é, o homem. Queremos avaliar<br />
aquilo que é historicamente construído, pois resulta de relações dinâmicas e conduz<br />
à construção de hierarquias, de discriminação, de subordinação e dominação<br />
sexual.<br />
Tomaremos como referencial teórico, sobretudo, a teologia bíblica feminista.<br />
Segundo Ivoni Reimer, essa teologia “examina e constata que o processo de escrita<br />
dos textos bíblicos é produto de uma época, cultura e religião”. 8 A teologia bíblica<br />
feminista propõe suspeitar das leituras que afirmam a subordinação e inferioridade<br />
de mulheres e outras pessoas marginalizadas. Reimer acrescenta que:<br />
12<br />
[...] não basta analisar a existência de estruturas de opressão, mas é<br />
imprescindível averiguar e pesquisar, no passado e no presente, onde e<br />
como essas estruturas foram e são construídas, questionadas,<br />
transgredidas, superadas, ou o que ainda pode e deve ser feito. 9<br />
O presente trabalho propõe três caminhos para discutir as questões<br />
levantadas acima. No primeiro capítulo, faremos uma análise do discurso presente<br />
na carta aos Efésios 5.21-33, por se tratar de um texto bíblico muito proclamado e<br />
lido no espaço eclesial, sobretudo durante a celebração do matrimônio. Efésios 5.21-<br />
33 é um desenvolvimento cristológico, eclesiológico e teológico de uma carta paulina<br />
(1Co 11.3b) e de outra carta deutero-paulina (Cl 3.18-19). Escolhemos Efésios<br />
porque consideramos que este texto nos mostra vestígios suficientes para<br />
compreender o contexto social, filosófico e político da época em que foi escrito. Isto<br />
nos fornecerá elementos necessários para entender a influência desta sociedade<br />
que naturalizou o comportamento machista não somente do homem como também<br />
de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e<br />
padrões do discurso dominante. Devido a este conhecimento do discurso dominante, a violência<br />
simbólica é manifestação deste conhecimento através do reconhecimento da legitimidade deste<br />
discurso dominante. Em Pierre Bourdieu, a violência simbólica é o meio de exercício do poder<br />
simbólico. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertarnd Brasil; Lisboa: Difel,<br />
1989. p. 7-16.<br />
8 REIMER, Ivoni R. Grava-me como selo sobre teu coração: teologia bíblica feminista. São Paulo:<br />
Paulinas, 2005. p. 25.<br />
9 REIMER, 2005, p. 27.