ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST
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se novamente o papel de passividade conferido às mulheres na exirtação a “temer”<br />
ou “respeitar” (fobh/tai). 58<br />
Deste último verso, Comblin faz uma crítica feminista:<br />
1.8 Considerações finais do capítulo<br />
27<br />
Do conjunto do texto o autor tira o essencial dos deveres do homem e da<br />
mulher. Da parte do homem, o essencial está na palavra amar que saiu<br />
várias vezes durante a exposição. Amar significa no concreto ser fiel. Do<br />
lado da mulher o dever é o respeito (o temor reverencial). Por que esta<br />
diferença nos deveres? Por que o amor só para o homem e o temor só para<br />
a mulher? Apesar das fórmulas de igualdade insinuadas ou aludidas no<br />
conjunto, o autor pensa em termos de desigualdade. Por um lado está a<br />
iniciativa, daí o amor. Por outro lado está a passividade, daí o temor ou o<br />
respeito. Naturalmente este texto não constitui a totalidade da mensagem<br />
cristã ou bíblica sobre a relação homem-mulher. 59<br />
Ao analisarmos Efésios 5. 21-33, a partir das idéias dos/as autores/as<br />
citados/as, constatamos que este discurso – imbuído de temas teológicos e<br />
cristológicos – pode ter sido usado para argumentar, defender e legitimar as duas<br />
relações de poder pretendidas no texto, quais sejam, o de hierarquizar as relações<br />
eclesiais e o de hierarquizar, ao mesmo tempo, as relações familiares.<br />
Constatamos da análise da perícope 60 uma relação intrínseca com os<br />
costumes da sociedade da época. Os discursos retóricos de persuasão, a linguagem<br />
e simbologia, são chaves que podem nos levar a este tipo de constatação. No<br />
entanto, nos vem a pergunta: por que o movimento cristão tomou os códigos de<br />
deveres domésticos como tópico ético? Ströher 61 levanta três possíveis hipóteses:<br />
1) Os códigos domésticos mostram a ligação da experiência de fé com o<br />
cotidiano. Os cristãos da segunda e terceira geração não adotam a posição<br />
de sair do mundo, mas adotam regras e instruções já conhecidas e<br />
praticadas pela filosofia popular greco-romana.<br />
58 RUSCONI, 2005, p. 484.<br />
59 COMBLIN, 1987, p. 93.<br />
60 FIORENZA, Elisabeth S. Caminhos da Sabedoria: uma introdução à Interpretação Bíblica<br />
Feminista. São Bernardo do Campo: Nhanduti Editora, 2009. p. 229-238. Do grego perikope, é<br />
ação de cortar “em volta” um trecho, pequeno ou longo, retirado de um texto que tem sentido<br />
completo.<br />
61 Aqui elencaremos os três tópicos defendidos por STRÖHER, Marga J. Casa Igualitária e Casa<br />
Patriarcal: espaços e perspectivas diferentes de vivência cristã: o caminho da patriarcalização da<br />
igreja no primeiro século do cristianismo. 1998. 211 f. (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação<br />
em Teologia, Instituto Ecumênico de Pós-Graduação da Escola Superior de Teologia, São<br />
Leopoldo, 1998. p. 168.