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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST

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50<br />

Quando a gente brigava, ele trancava o quarto e impedia minha entrada.<br />

Mas um dia ele viu que eu entrei no quarto e aí ele me pegou e me socou,<br />

me socou, me socou. Para ele eu era a mulher dele e ele podia fazer o que<br />

quisesse comigo.<br />

Avalia-se que, assim como estas mulheres/vítimas, muitas mulheres no<br />

ambiente cristão vivam os mesmos sufrágios do discurso e comportamento<br />

machista. A presidente da ONG Casa de Isabel, uma ONG que assiste a vítimas de<br />

violência doméstica, informa que das 3 mil mulheres que procuram a ONG na Zona<br />

Leste do Rio de Janeiro/RJ, 90% são evangélicas agredidas física e verbalmente<br />

pelos maridos:<br />

Segundo o Jornal da Tarde do RJ, em 21/03/06, a palavra chave citada<br />

pelas evangélicas numa entrevista foi “submissão”. Uma das entrevistadas,<br />

Joana, diz: “quando reclamo com o Antonio, ele fala de um versículo bíblico:<br />

‘mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos”. Só que a Bíblia não fala para a<br />

gente ser escrava deles. 105<br />

Em uma outra pesquisa realizada pelo Ibope e pelo Instituto Avon, em 2009,<br />

revelou-se que 36% dos/as entrevistados/as opinaram que a violência contra a<br />

mulher ocorre por uma questão cultural. Segundo a pesquisa: “o homem brasileiro é<br />

muito violento” e “muito homem ainda se acha dono da mulher”. Ströher esclarece<br />

que:<br />

[...] os códigos domésticos continuam sendo usados como regras de<br />

comportamento e de controle das relações familiares, que, muitas vezes,<br />

justificam não somente a submissão das mulheres, mas toda forma de<br />

violência que é praticada contra elas para dominar seu corpo, garantir seu<br />

silêncio e manter sua subordinação. 106<br />

Martinéz compreende que a religião e a cultura patriarcal foram fortes<br />

influenciadores do imaginário androcêntrico. Em sua pesquisa, observou os<br />

resultados de uma entrevista realizada com homens pertencentes à Igreja Metodista<br />

do Chile, onde foram feitas duas perguntas: você se sente na obrigação de ser a<br />

cabeça da família? Se responder afirmativamente, quem lhe exige essa obrigação?<br />

Quem está pressionando para ser a cabeça da família? O resultado foi o seguinte:<br />

44% dos entrevistados dizem acreditar que a cultura é quem impõe sobre eles essa<br />

105 Ver MARTÍNEZ, Raquel C. R. Rompendo velhas mortalhas: a violência contra a mulher e sua<br />

relação com o imaginário androcêntrico de Deus na Igreja Metodista do Chile. São Bernardo do<br />

Campo: FFCR, 2004.<br />

106 STRÖHER, 1998, p. 14.

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