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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST

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maridos a governar suas mulheres como posses necessárias e<br />

inseparáveis. (Antiguidades Romanas II. 25.2). 111<br />

Posteriormente, a teologia escolástica se baseou no estudo aristotélico em<br />

biologia e na teologia agostiniana para referendar a inferioridade da natureza da<br />

mulher, fato que não lhe permitia refletir a imagem de Deus. Consequentemente,<br />

segundo Bergesch:<br />

Para Martínez:<br />

52<br />

[...] as mulheres somente poderiam refletir a imagem de Deus quando<br />

consideradas ao lado de um homem, seus cabeças, enquanto os homens<br />

representariam a imagem de Deus plena e completamente em si mesmos.<br />

Assim, as mulheres tampouco poderiam representar a Cristo,o qual é<br />

humanamente perfeito. 112<br />

A violência aqui não se legitima pela agressão física, mas sim pela<br />

convicção de que o homem é o possuidor da Palavra e do Saber. Assim, a<br />

violência simbólica é legitimada e corroborada pela hierarquia eclesial e<br />

selada pela Palavra Sagrada da Bíblia. 113<br />

Além desta construção teórico-teológica patriarcal, o discurso patriarcal está<br />

eivado de intenções para perpetuar o statu quo na sociedade ocidental. Para<br />

Martínez há quatro discursos teológicos tradicionais que constituem os principais<br />

obstáculos e, ao mesmo tempo, são os construtores da violência contra as<br />

mulheres.<br />

O primeiro diz da relação com a política sócio-cultural ocidental de<br />

subordinação, cujo discurso tem raízes na filosofia grega e no direito<br />

romano, veiculada, através dos discursos kyriarcais de dependência que<br />

estabelecem a submissão e a obediência. O segundo está inserido nas<br />

cartas pastorais pseudopaulinas que ligam explicitamente a Teologia<br />

kyriarcal de submissão à doutrina pecaminosa das mulheres, prescrevem o<br />

silêncio das mulheres e proíbem a autoridade delas sobre o homem,<br />

afirmando que não foi o homem, mas a mulher que foi enganada e se<br />

tornou transgressora. Consequentemente, o padrão cultural será a dupla<br />

vitimização da vítima, colocando nelas a responsabilidade dos maus tratos.<br />

O terceiro é a sacralização e magnificação do sacrifício e sofrimento de<br />

Cristo que foi obediente até à morte como exemplo a ser imitado pelas que<br />

sofrem não apenas abuso doméstico e sexual, mas a violência da estrutura<br />

[...] O quarto tem a ver com a pregação de valores cristãos centrais como o<br />

amor e o perdão que quando ensinado para os subordinados, homens ou<br />

111<br />

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: de Abraão à queda de Jerusalém: obra completa. Rio de<br />

Janeiro: CPAD, 2010. p. 201.<br />

112<br />

BERGESH, Karen. Falas de violência e o imaginário religioso. In: NEUENFELDT, Elaine;<br />

BERGESH, Karen; PARLOW, Mara (Orgs.). Epistemologia, Violência e Sexualidade: olhares do II<br />

Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: Sinodal, 2008.<br />

113<br />

MARTÍNEZ, 2004, p. 113.

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