ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST
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arquétipos: 101 Deus como o masculino e pai; Jesus como masculino, tolerante e<br />
justo; Maria como o feminino, submissa, obediente, corpo coberto e cabeça baixa;<br />
Eva, feminino, mulher sedutora, pecadora, que transgride as ordens do<br />
patriarcalismo.<br />
Dentro da pesquisa bibliográfica, analisaremos dois aspectos: 1) a<br />
linguagem (discurso, símbolos) e o imaginário religioso cristão – com apoio de<br />
sociólogas, teólogas e biblistas feministas; 2) o corpo como objeto de poder e<br />
dominação na cultura patriarcal – a partir dos pressupostos filosóficos de Foucault.<br />
3.2 A linguagem, os símbolos e os discursos no imaginário religioso cristão<br />
48<br />
Enquanto Deus é masculino,<br />
os homens serão Deuses.<br />
(Marly Daly)<br />
O primeiro aspecto que nos é mostrado no documentário é o imaginário<br />
religioso cristão sobre o ritual do casamento, e o que nele está embutido, por<br />
exemplo, as simbologias e os discursos sobre a submissão da mulher. O vídeo<br />
mostra que a celebração do casamento é uma idealização do modelo patriarcal: a<br />
noiva, Glória, se veste como um presente (objeto) para seu esposo. O pai a leva<br />
pelo braço, como se ela não fosse responsável ou independente, e a entrega para o<br />
esposo, João (que doravante será seu dono). Véu e roupa brancos simbolizam a<br />
pureza e a virgindade. O discurso proferido pelo padre ou pastor se baseia na carta<br />
aos Efésios 5. 21-24, legitimando assim o poder do homem sobre a mulher.<br />
O documentário acima é fictício, porém, retrata um cotidiano de verdade,<br />
pois no ritual matrimonial cristão existem estes mesmos elementos simbólicos e,<br />
muitas vezes, o texto lido na liturgia é a carta aos Efésios 5. 21-33. Segundo<br />
Martinez:<br />
O discurso evangélico oferece argumentos para os homens constituírem a<br />
autoridade, que se aproxima do autoritarismo. Conceitos tal como: homem,<br />
a cabeça, é um dos elementos, através do qual o varão reformulará o poder<br />
101 FIORENZA, 2009, p. 229-238. Do grego arché, principal ou princípio, significa o primeiro modelo<br />
de alguma coisa. Na psicologia analítica significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos<br />
tendem a se moldar. C. G. Jung usou o termo para se referir aos modelos inatos que servem de<br />
matriz para o desenvolvimento da psique. Eles são as tendências estruturais invisíveis dos<br />
símbolos. Os arquétipos criam imagens ou visões que correspondem a alguns aspectos da<br />
situação consciente. Jung deduz que as "imagens primordiais", um outro nome para arquétipos, se<br />
originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações.