ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST
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15<br />
Essa leitura nasceu e se desenvolveu no seio da Teologia da Libertação. E<br />
uma das preocupações desta perspectiva teológica, que possui em seu<br />
ramo a Teologia Feminista é a recuperação da memória de mulheres na<br />
Bíblia. Nesse processo de reapropriação histórica, vamos afirmando nossa<br />
dignidade e nosso valor na sociedade, na igreja, na casa, na rua, na<br />
política, na ética. 12<br />
Reimer explica que a leitura bíblica feminista trabalha com a categoria de<br />
gênero 13 com o seguinte objetivo:<br />
[...] observar alguns elementos no texto que ajudam a entender a realidade<br />
das relações sociais que estão tecidas na vida do texto e na vida que o<br />
texto reflete. Um desses elementos é o símbolo. Através dos símbolos<br />
podemos conhecer as relações de poder na organização sócio-cultural. 14<br />
Por isso, para analisar o texto bíblico na perspectiva de leitura 15 e<br />
hermenêutica feminista, 16 utilizaremos a categoria de gênero como instrumental de<br />
análise. 17 E, a partir da chave simbólica e de linguagem, faremos algumas perguntas<br />
na abordagem do texto: perceber quais os principais símbolos e linguagens<br />
utilizados tanto em relação às mulheres quanto aos homens; entender e aprofundar<br />
o significado de um símbolo/linguagem; perceber quais as imagens de “feminino” e<br />
“masculino” que um símbolo produz ou reproduz, e como elas vão fazendo história<br />
nos nossos corpos.<br />
Inicialmente traçaremos o contexto histórico em que foi escrito a carta aos<br />
Efésios, tendo em vista que por trás do texto existe um contexto específico<br />
constituído por determinadas religiões, leis, filosofias, economias, culturas, etc.<br />
macho/masculino/homem/varão como a norma e as mulheres como secundárias, periféricas e<br />
“desvio” do padrão.<br />
12 REIMER, 2000, p. 20.<br />
13 A categoria gênero aponta para o conjunto de “práticas, símbolos, representações, normas e<br />
valores sociais que as sociedades elaboram a partir da diferença sexual anátomo-fisiológica e que<br />
dão sentido à satisfação dos impulsos sexuais, à reprodução da espécie humana e, em geral, aos<br />
relacionamentos entre as pessoas”. STRÖHER, Marga Janete. Caminhos de resistência nas<br />
fronteiras do poder normativo: um estudo das Cartas Pastorais na perspectiva feminista. 2002. 283<br />
f. (Doutorado em Teologia) – Pós-Graduação, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, 2002.<br />
14 REIMER, 2000, p. 20.<br />
15 Para Fiorenza, a leitura bíblica feminista, visa romper o silêncio sobre a experiência e contribuição<br />
históricas e teológicas de mulheres no texto bíblico, buscando chaves e alusões que indiquem a<br />
realidade sobre o que os textos antropocêntricos calam. FIORENZA, Elisabeth S. As origens<br />
cristãs a partir da mulher: uma nova hermenêutica. São Paulo: Paulinas, 1992. p. 65.<br />
16 Do verbo grego hermeneuein, que pode ser traduzido como interpretar, submeter à exegese,<br />
explicar, traduzir. O termo hermenêutica se refere tanto à teoria quanto à prática da interpretação.<br />
17 Para Fiorenza, a hermenêutica feminista é um método crítico de análise que permite às mulheres<br />
ir para além de textos bíblicos androcêntricos a seus contextos sócio-históricos. Ao mesmo tempo,<br />
essa hermenêutica deve procurar modelos teóricos de reconstrução histórica, que coloquem as<br />
mulheres não só na periferia mas no centro da vida e da teologia cristãs. FIORENZA, 1992, p. 63.