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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST

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2) Os códigos domésticos podem ter surgido no contexto de aculturação na<br />

sociedade romana como defesa contra a perseguição e a calúnia da<br />

sociedade e do Estado romano. Essa aculturação significa não somente<br />

submissão ao pater familias, mas também ao Estado romano.<br />

É nessa direção que também Foulkes aponta:<br />

28<br />

[...] um setor da liderança das Igrejas de tradição paulina via que os valores<br />

radicais do movimento cristão e sua exclusividade religiosa levavam suas<br />

comunidades a tornar-se, potencialmente pelo menos, suspeitas de<br />

subverter a ordem estabelecida. Sua sobrevivência no contexto sóciopolítico<br />

totalitário estava em perigo. Por isso, os cristãos e cristãs tinham de<br />

mostrar-se de acordo com a estrutura hierárquica, comportando-se de um<br />

modo que afugentasse toda suspeita de insubordinação de sua parte. 62<br />

Nesta perspectiva, os códigos de deveres domésticos representam uma ética e uma<br />

práxis cristãs para uma situação de sobrevivência, mas com o problema de que<br />

contribuem para legitimar um sistema sociopolítico opressor. A terceira hipótese<br />

levantada por Ströher:<br />

3) As comunidades cristãs se integraram à realidade que as envolvia na época.<br />

Não havia conflito com a sociedade greco-romana, mas sim integração. Se a<br />

sociedade greco-romana era composta por uma hierarquização entre as<br />

camadas sociais, o cristianismo da época – que crescia<br />

consubstancialmente e enfrentava problemas de ordem social – precisou se<br />

integrar a este modelo para manter-se em harmonia, resolvendo, portanto,<br />

os problemas práticos das comunidades, como as desigualdades sociais<br />

presentes na comunidade. Por isso, a subordinação era a aceitação de um<br />

“patriarcalismo do amor” em Cristo.<br />

Uma vez adaptados ao sistema patriarcal da sociedade, os códigos<br />

domésticos possibilitaram grupos ortodoxos cristãos a manterem o poder de<br />

dominação na comunidade cristã, até mesmo para ir de encontro a grupos heréticos<br />

(montanistas e gnósticos). Por isso, entende-se que a adaptação ao patriarcalismo<br />

foi uma opção dos grupos cristãos da época. Essa interpretação propõe que o<br />

movimento cristão primitivo somente sobreviveria historicamente institucionalizando-<br />

se de forma patriarcal.<br />

62 FOULKES, 2006, p. 60.

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