ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA ... - Faculdades EST
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homem superior, mulher inferior, homem pensa, mulher age, homem manda, mulher<br />
obedece, etc. A frase ou proposição somente participará da função enunciativa,<br />
quando estiver num jogo enunciativo que o extrapole. Ao vermos o contexto de uma<br />
relação conjugal na sociedade greco-romana, diremos que esta frase legitima o<br />
controle e a dominação do homem sobre a mulher.<br />
Quando se enuncia que Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo, de forma<br />
isolada, podemos interpretar que Cristo é o mestre, é o que ensina, e a Igreja é o<br />
discípulo, é quem pratica seus ensinamentos. Porém, num jogo enunciativo, que<br />
será esclarecido pelo contexto da organização das comunidades cristãs, percebe-se<br />
que a frase legitima a relação hierárquica dos dirigentes (bispos, presbíteros e<br />
diáconos) sobre os fiéis.<br />
4ª Função: Por último, o enunciado deve ter existência material para ser<br />
considerado como tal.<br />
• “O regime de materialidade a que obedecem necessariamente os enunciados<br />
é, pois, mais da ordem da instituição do que da localização espaço-temporal<br />
[...] o enunciado precisa ter uma substância, um suporte, um lugar e uma<br />
data”. 79<br />
A repetição de uma mesma afirmação através do tempo cria um novo<br />
enunciado. Repetir a frase: “mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos!”, no contexto<br />
da sociedade greco-romana criou novos enunciados para a comunidade de fé<br />
organizada naquela época. Agora já não era somente a mulher ser sujeita ao<br />
esposo, mas também a igreja ser sujeita a Cristo (que aqui é representado pelos<br />
dirigentes).<br />
Em linhas gerais, para se entender um discurso é necessário que<br />
verifiquemos o seguinte: a correlação de forças que nele existe, a posição do sujeito<br />
que dele se apropria, o contexto em que é dito ou escrito e, por último, a instituição<br />
que o materializa e o legitima. Estas são as funções enunciativas do discurso. O<br />
esquema abaixo pode servir como ilustração:<br />
79 FOUCAULT, 2009, p. 116.<br />
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