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N.° 147 COIMBRA—Quinta feira, 16 de julho de 1896 2.° ANNO<br />
0 tabelliado<br />
Acabamos de lêr um erudito e<br />
consciencioso trabalho do laureado<br />
alumno da faculdade de Direito e<br />
já bacharel formado em Philosophia,<br />
o sr. José Tavares, sobre a Prática<br />
extra-judicial e o Tabelliado, em que<br />
claramente se evidenceia o estado<br />
cahotico em que entre nós se encontram<br />
as mais importantes instituições<br />
sociaes, mercê da deleteria<br />
influencia que sobre ellas tem exercido<br />
a politica monarchica.<br />
Versa a parte mais interessante<br />
d'csse trabalho sobre o tabelliado,<br />
estudando a genese e evolução histórica<br />
d'esta instituição, expondo os<br />
princípios em que assenta a sua<br />
actual organização nos principaes<br />
Estados e o estado em que se en-<br />
Não teria a monarchia tantos defensores<br />
se não fo^se possível aos<br />
seus ministros nomear arbitrariamente,<br />
sem se prenderem com habilitações<br />
nem outros quaesquer requisitos,<br />
para os mais rendosos logares.<br />
Certo é que da nomeação de<br />
indivíduos incompetentes para o<br />
exercício das mais importantes funcções<br />
sociaes derivam gravíssimos<br />
prejuízos dordem individual e col-<br />
lectiva; não o é menos que, dada a<br />
faculdade ao governo de pôr completamente<br />
de lado quaesquer habilitações,<br />
ninguém se entrega a sérios<br />
e árduos estudos para obter um<br />
dado logar, porque bem sabe que<br />
outros são os meios porque, o pôde<br />
conquistar. Mas com isso nada lucrava<br />
a monarchia. Perderia até.<br />
As obras da monarchia<br />
Ninguém dirá que a penna d'um<br />
monarchico escreveu o que em seguida<br />
transcrevemos, tão verdadeiro<br />
é o quadro que em poucas phrases<br />
se traça da deplorável situação a<br />
que a monarchia nos arrastou.<br />
Lêam:<br />
«De modo que, resumindo as nossas<br />
considerações, a situação do país é<br />
esta: Ha tres para quatro annos, não<br />
tinha dinheiro, nem d'onde elle lhe<br />
viesse; não tinha credito; estava «m<br />
plena bancarrota, pois reduzira forçadamente<br />
a sua divida publica, e isso em<br />
sciencia financeira não tem.outro nome;<br />
durante esse, tempo nerii uma única<br />
medida encontrou para, numa administração<br />
ordenada e economjp, attenuar<br />
algumas das soas essenciaès difficuldades;<br />
sobrevieram-lhe embaraços novos,<br />
com que não contava, etjue lhe aggravaram<br />
pesadamente os jáfesados encargos;<br />
vê a S]^a industria* trepei ecer, a<br />
sua agriculturà"rfianter-se estagnada e o<br />
seu commercio paralysado-, não produz<br />
O sr. Soveral não só nunca patrocinou<br />
qualquer pedido de concessão,<br />
mas tem-se manifestado sempre con-<br />
tra taes pedidos.<br />
Leram bem ? Tem-se sempre manifestado<br />
contra taes pedidos.<br />
E agora pôde continuar a dança,<br />
uma vez que isso os diverte.»<br />
O collega que se diverte a publicar<br />
desmentidos que os factos desmentem,<br />
podia ser mais moderado.<br />
Pela nossa partê ~e com a maximà<br />
moderação continuámos affirmando do<br />
modo mais cathegorico, que a Tarde<br />
anda mal informada e que o sr. Soveral<br />
repetidas vezes veiu a Lisboa para<br />
patrocinar um contracto relativo a Lourenço<br />
Marques, no qual figuravam indivíduos,<br />
que depois collaboraram na<br />
redacção do cifrante.<br />
Não se conseguiu nada, principalmente<br />
por haver opposição formal da Allemanha<br />
a qualquer concessão dentro<br />
da bahia de Lourenço Marques.<br />
Que o sr. Soveral se tenha manifestado<br />
contra outros pedidos, não o duvidamos<br />
e até o achamos natural.<br />
Entre as nossas informações e as da<br />
Carta de Lisboa<br />
Lisboa, 14 de julho de 1896.<br />
Corre ha dias uma noticia de<br />
sensação para os besbilhoteiros políticos<br />
e, pois que ao bom provinciano<br />
interessam as pequenas misérias<br />
de Lisboa, vou dizer-lhes<br />
qualquer coisa a esse respeito.<br />
Trata-se da entrada para o partido<br />
progressista ou, pelo menos, do<br />
apoio do fallecido estadistaMarianno<br />
de Carvalho a esse partido.<br />
Esta noticia foi dada por um jornal<br />
bem informado e, quando outras<br />
folhas a reproduziram commentando-a,<br />
nenhum dos interessados<br />
— os da rua dos Navegantes ou o<br />
do largo de S. Roque a desmenti-<br />
annualmente o pão necessário ao seu<br />
Tudo o que seja promover a in- sust^to e tem de compra-lo no extranstrucção<br />
e odesinvolvimento sociaf* ig£Ír^W)m o ouro que não possue, nem<br />
o- mesmo que. inmar; r às. bases Pm<br />
contra no nosso país, den^nstra^o ^gese^poiàifí^s monarchias. Fia<br />
necessidade dsssa fi^ganfeá^ção lhas d'um passado dodiosos privi-<br />
e apresentando as bases em que delégios, representando ellas próprias<br />
ve firmar-se. Nesta ultima parte, da um privilegio indefensável, natural<br />
comparação do tabelliado portug^ês^ é».que procurem obstar ao progres-<br />
com a organização do tabelliado éx* so social que cada vez mais as dis-<br />
trangeiro chegou o sr. José Tavares tanciará dos ominosos tempos em<br />
á firme convicção de que Portugal que germinaram e floresceram.<br />
«se deixou atrazár d'um século no Não pódt» pois. esperar-se