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N.° 148 COIMBRA-Domingo, 19 de julho de 1896 2* ANNO<br />
0 que fâz cair o soYerno origem os esban i ament ° s de ante -<br />
" " riores administrações.<br />
Próxima a quéda ministerial—<br />
dizem.<br />
O governo já não tem credito, os<br />
capitalistas fecharam-lhe as portas<br />
e o país não pôde, sem a cooperação<br />
d'estes, satisfazer os importantíssimos<br />
encargos creados pela monarchia—explicam.<br />
A razão é decisiva. Muito bem<br />
sabe a monarchia que a bancarrôta<br />
terá, como uma das primeiras con<br />
sequencias, a collocação de escri<br />
ptos nas portas dos paços reaes<br />
Urge, pois, evitá-la, ir adiando in<br />
definidamente o fatal termo duma<br />
situação que ella de ha muito vem<br />
preparando.<br />
A esta suprema necessidade sacrificará<br />
a monarchia os seus mais<br />
favoritos servidores. Acima de tudo<br />
quer viver, e, para prolongar a sua<br />
e'xistencia, forçoso é que em nome<br />
do país se contráiam novos e mais<br />
onerosos compromissos, solvendo-se<br />
por meio do credito os já existentes.<br />
Gabinete que o .não possa fazer,<br />
eslá irremediavelmente perdido.<br />
Gomo os fallidos, os insolventes,<br />
Não podendo, porém, existir sem<br />
corromper, e só podendo corromper<br />
á custa dos cofres públicos; neces<br />
sitando, por outro lado, de sentai<br />
á mêsa do orçamento os amigos e<br />
afilhados que só para isso os acom<br />
panharam na opposição, os novos<br />
ministros seguirão exactamente os<br />
mesmos processos que os actuaes,<br />
vêr-se-hão mais tarde nas mesmas<br />
dificuldades financeiras e a monarchia<br />
terá então que os despedir para<br />
chamar ao governo quem de mo<br />
mento as possa vencer.<br />
E assim irá vivendo, até que se<br />
torne inadiavel a liquidação. Obrigará<br />
esta a sair o país da crimino<br />
sa indifferença em que ha muito<br />
vive para pedir contas aos que, então,<br />
ha de considerar seus infiéis<br />
mandatarios. Os que agora tanto<br />
defendem a monarchia, porque paga<br />
generosamente á custa da nação<br />
os seus serviços, abandoná-la-hão;<br />
mais do que isso, movêr-lhe-hão a<br />
mais crua guerra procurando assim<br />
illudir o povo a quem desejarão explorar<br />
por seu turno/<br />
Venham mais desmentidos<br />
Acerca da venda de Lourenço<br />
Marques lemos no Figaro, que ainda<br />
não ha muilo pretendia desmentir<br />
que enlre o governo português e o<br />
inglês houvesse negociações, em<br />
que figurava como intermediário o<br />
sr. de Soveral, para a sujeição de<br />
aquella colonia ao domínio da nossa<br />
fiel alliada, a seguinte noticia, cuja<br />
gravidade não é necessário pôr em<br />
relevo.<br />
«Recomeça-se a falar, no mundo<br />
diplomático e entre a gente que sabe<br />
tudo e o resto, de negociações entaboladas<br />
entre Portugal e a Inglaterra<br />
para a cessão da bahia de Delagoa<br />
Recordam-se que ha alguns méses<br />
boatos similhantes correram em Paris<br />
até em Berlim e que, perante a<br />
sensação produzida por essa noticia,<br />
os proprios portuguéses e os ingleses<br />
foram obrigados a desmenti-la. O desmentido<br />
era sincero? É questão entre<br />
consciência dos ministros e a immanente<br />
verdade.<br />
As nossas informações particulares<br />
permittem-nos affirmar que nessa época<br />
diligencias muito sérias haviam sido<br />
entaboladas entre os gabinetes de<br />
Saint-James e de Lisboa e que se<br />
chegara até a fixar o valor de indem<br />
nisação ou da compra.<br />
O ministério dos negocios extrangeiros<br />
de França estava então conflado<br />
ao sr. Berthelot. O illustre sábio mostrou-se,<br />
nesta circumstancia, tão bom<br />
diplomata como é excellente chimico,<br />
árboricidio<br />
meio de salvarem o seu commandante,<br />
fazem uma descarga cerrada para o<br />
grupo. O rebelde càe varado pelas balas<br />
e o cabo fica illeso, porque assim n- , „, . , .<br />
o quiz a bondade do Deus omnipotente » Uiz algures laine guee pela sen-<br />
0 assumpto do quadro é realmente 1 sibilidade affectuosa para com os<br />
commovedor e piedoso. É por isso do<br />
especial agrado do sr. ministro da<br />
marinha, reproduzindojle mais a mai^<br />
a versão oficiosa do assassino de Raugi<br />
Rannes.<br />
Vae a caminho do calvario da<br />
rua dos Navegantes o ínclito varão<br />
Marianno.<br />
Diz-se que leva ás costas apenas<br />
metade da cruz. Deve ser verdade,<br />
porque na outra metade crucificou<br />
elle a honra d'um partido que se<br />
declarou solidário nas suas aventuras.<br />
Partiu hontem para Lisboa acompanhado<br />
de sua ex. ma esposa, o nosso<br />
querido amigo e antigo collega de redaccão<br />
dr. Joaquim Madureira.<br />
Em Cintra<br />
Do nosso prezado collega O Pais,<br />
de sexta feira ultima: \<br />
«O assumpto da noite ante-hontem<br />
era Cintra foi uma obra que o sr. D<br />
Alfonso ía fazendo.<br />
O irmão do sr. D. Carlos seguia num<br />
trem da villa para a Estephania, guian<br />
do, e perto da loja do sr. Barreto,<br />
junto á praça, .estava um carro de<br />
bois, parado, com o carreiro entretido<br />
a falar com qualquer individuo.<br />
O trem ia na direcção do carro e o<br />
sr. D. Affonso não se dignou mais do<br />
que dar ura berro, sem coratudo desviar<br />
os cavallos.<br />
A lança do trem foi por isso de<br />
encontro ao carro de bois e teria<br />
deixado mal os animaes, se o carreiro<br />
ligeiramente os não afastasse.<br />
Também foi muito commentado o<br />
trajo em que o sr. D. Carlos passeou<br />
pela villa, a Cavallo : —chapéu desabado,<br />
jaqueta, polainas altas, de cabe<br />
dal, e de varapau atravessado nas<br />
pernas.<br />
arvoredos que se pôde avaliar da<br />
delicadeza e da doçura dos caracteres.<br />
O preceito deve ser exacto!<br />
Quantas vezes nestes últimos<br />
tempos a imprensa de Coimbra tem<br />
protestado em brados contra o abuso<br />
desatinado do córte de arvores,<br />
sem necessidade e sem justificação.<br />
No lago de Santa Cruz a camara,<br />
preparando-se para bem receber<br />
os forasteiros por occasião das ultimas<br />
festas, mandou rolar pela<br />
mesma bitola todo o revestimento<br />
de cedros, como se fosse um muro.<br />
Agora resta caia-los I<br />
O sr. director das obras publicas,<br />
á sua parte, tem feito mais estragos<br />
no arvoredo da estrada da<br />
Beira, que uma lagarta numa hortal<br />
O odio que este illustre engenheiro<br />
tem ás arvores é entranhado<br />
e invencível!<br />
conseguiu fizer gorar o negocio.<br />
Agora no largo do Museu appareceram<br />
as arvores brocadas junto<br />
do sólo e vestígios de acido lança-<br />
Este facto constitue, eom a convenção<br />
do nesses furos. Pretende-se fazê-<br />
relativa á delimitação da fronteira<br />
Será, pois, também a falta de di- siameza nas nossas possessões da<br />
las murchar para justificar o cortei<br />
nheiro que levará o país a dester- Indo-China, os seus grandes successos<br />
Aqui ha, ou uma exorbitância de<br />
não hesitará a monarchia um mo-<br />
diplomáticos.<br />
rar a monarchia.<br />
auctoridade, ou um crime de per-<br />
Hoje, a Inglaterra, sob o domínio das<br />
mento em lançar mão de todos os<br />
A isso estão reduzidos os immor- velleidades d'aggressão que o jseu<br />
versidade, que uma camara sufi-<br />
expedientes antes de declarar aber-<br />
triumpho passageiro no Egipto lhe<br />
cientemente briosa não deixaria fi-<br />
,aes princípios.<br />
eu, retoma o projecto de annexação da<br />
tamente as miseráveis condições ficar<br />
impune, se nesse desafôro não<br />
)ahia de Delagoa, no ponto em que<br />
nanceiras em que o país se encon-<br />
linha sido deixado. Sabemos que o sr.<br />
é connivente.<br />
"anotaux se mostrará pelo menos tão<br />
tra. Organizem-se phantasticos or- Noticias gravíssimas<br />
Ao longo dos boulevards, nas<br />
vigilante como o seu predecessor e,<br />
çamentos de receitas e despesas,<br />
demais, parece-nos muito difficil que a<br />
grandes cidades, as arvores cres-<br />
Diz-se que o governo déra or- Allemanha, que já interveio em favor<br />
viciem-se as contas definitivas do dem para que se apromptassem<br />
cem livremente em frente de gran-<br />
do Transwaal, não adopte attitude<br />
thesouro, paguem-se com receitas de )ara longa commissão de serviço o similhante na questão de Delagoa®.<br />
des fachadas. Aqui julga-se indis-<br />
exercicios correntes as dividas atra-<br />
couraçado Vasco da Gama, a corve-<br />
No paço houve um jantar a que aspensável deitar abaixo as arvores<br />
ta Duque da Terceira e a canhoneisistiram<br />
as duas rainhas, o sr. D. Car- do Museu, para que não prejudizadase,<br />
quando isso não seja possíra D. Luiz, e que esses vasos de Dr. Nunes da Ponte los e o sr. D. Alfonso, e que foi denoquem o recente frontão e os camavel,<br />
peça-se emprestado, dizendo-se uerra irão a Moçambique, dirigin-<br />
minado de reconciliação.<br />
reiros funerários do laboratorio chi-<br />
sempre em pomposos relatorios que (o a divisão naval o sr. Augusto de Esteve em Coimbra, de passa-<br />
se equilibrou a receita com a despesa<br />
Castilho, commandante da Duque<br />
mico, ultimamente fabricados segem,<br />
este nosso prezadíssimo amigo<br />
da Terceira.<br />
e prestigioso correligionário, que<br />
As ridículas medidas do governo, gundo os desenhos mais caracteris-<br />
ou que houve saldo favoravel. As-<br />
Esla expedição é motivada por actualmente se encontra em Luso.<br />
que outro nome não merecem depois ticamente imbecis da epocha crassim<br />
o exige a monarchia; e,se é rela- noticias alarmantes que se diz o go-<br />
da campanha dos O e dos A, ácerca<br />
sa do Marquês de Pombal 1<br />
tivamente fácil arranjar um Carrilho verno recebera e que occulta ao pu-<br />
da imprensa, até pelas folhas conser-<br />
para combinar números arbitrariablico, seguindo o seu louvável cos- A imprensa conlinúa a occuparvadoras<br />
da vizinha Hespanha estão Contra a brutalidade de tal seltume.<br />
Segundo essas noticias, a inse do assassinato de Raugi Rannes,<br />
sendo criticadas. Assim, La Época, vageria nós continuaremos protesmente,<br />
se não falta quem se preste surreição dos negros matabeiles e facto sobre que dão informações com-<br />
de Madrid, noticiando a resolução ,ando.<br />
a mentir descaradamente, o capital machonas ter-se-ha alastrado para pletamente inacreditáveis as ultimas<br />
do governo quanto á transmissão<br />
não raro impõe condições que não o sul e já se terão ferido combates correspondências da índia publica-<br />
de telegrammas que dêem conta dos<br />
se limitam só á taxa do juro, e por<br />
em territorio português.<br />
das em alguns jornaes.<br />
factos a que respeita a lei de 13 Torna a funccionar ámanhã no<br />
de fevereiro, diz:<br />
O seguinte telegramma, expedi- O nosso prezado collega A Pro-<br />
yceu d'esta cidade o jury dos exa-<br />
vezes depende da habilidade dos<br />
do de Londres para Lisboa, em 16 vinda, resume e caracteriza muito<br />
mes de latim e lalinidadé, que es-<br />
«Para que se vejam os processos do<br />
ministros o bom êxito das negocia- do corrente, revela que têm funda- bem no seguinte suelto as noticias governo português, basta dizer-se que tiveram suspensos desde o dia 13<br />
ções. Claudicaria o governo nesta mento as noticias que circulam. dadas nessas correspondências: hontem não permittiu que passasse um em virtude de haverem saído para<br />
telegramma que se limitava a repro<br />
parle? Talvez. A monarchia é que * Segundo annuncía um telegram-<br />
jisboa, em commissão de serviço,<br />
ma de Buluwayo para o Daily Te- Consta que o sr. Jacintho Candido, duzir um discurso pronunciado na ca- três membros do jury, um dos quaes<br />
indubitavelmente necessita de con-<br />
em vista das noticias recebidas da mara dos communs em Londres, pelo<br />
legraph, juntaram-se aos rebeldes<br />
accumulava.<br />
índia, vae pôr a concurso um quadro<br />
ministro das colonias, sobre a questão<br />
trair um avultado emprestimo. Se mais uns 15:000 indígenas, sendo historico, com o seguinte thema:<br />
referente à passagem das tropas inglê- Consta-nos que houve dificulda-<br />
o governo o não podér efíeiluar, gravíssima a situação de Fort Sasas<br />
pela colonia portuguêsa da Beira.» de em arranjar examinador para<br />
«Por uma estrada dalndia portuguêsa,<br />
está irremediavelmente perdido. lisbury.»<br />
caminha uma escolta de soldados, com-<br />
continuar o jury.<br />
Quem sabe se esta insurreição mandada por um cabo de aspecto O sr. João Franco deve estar sa- O jury de introducção, que não<br />
Substiluí-io-ha quem possa ven-<br />
nobre, como descendente d'uma fami tisfeitíssimo; com certeza que as ne-<br />
ainda dará como resultado apode-<br />
funccionou alguns dias, continúa e<br />
lia aristocratica. No centro da escolta, vralgias faciaes o não torturarão<br />
cer as dificuldades em que elle sosrar-se a Inglaterra de mais alguns<br />
com a mesma organização.<br />
vê-se um rebelde,, de arcabouço her- tão cedo.<br />
sobrou, avolumando, pelo engros- territorios no interior de Lourenço cúleo. De repenle o rebelde lança-se Se até o orgão do gabinete pre-<br />
Marques?<br />
sobre o commando da esquadra, dando<br />
samento da divida publica, os en-<br />
Muitas pessoas têm essa convi- um salto mortal por cima dos soldasidido por Canovas, chefe do par- O sr. dr. Joaquim Olmedilla y<br />
cargos que já esmagam o país para<br />
dos, que o separavam d'elle.<br />
tido conservador em Hespanha,<br />
cção, que o passado aliás aucto*<br />
Puig acaba de publicar um folheto<br />
Trava-se lucta braço a brapo entre censura as suas medidas!<br />
satisfazer dividas que tiveram por<br />
sobre El sábio medico português dei<br />
riza,<br />
os dois. Os soldados, não tendo outro Já é,<br />
siylo XVI, Garcia 4a Orta,