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Obra Completa

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Approximando-se do fim<br />

CONTRA AS LICENÇAS<br />

As restaurações artísticas<br />

seaccentuará mais. Não pôde a monarchia<br />

fazer uma administração<br />

séria, pôr termo aos enormes es- Para tratar da questão das licen-<br />

Incessantemente vae subindo a<br />

banjamentos e incessantes roubos ôas que, tendo sido creadas pela lei<br />

divida fluctuante. Como resposta a<br />

de 21 de outubro de 1863, só pela<br />

que se dão nos cofres públicos, por-<br />

relatórios officiaes e a artigos pu-<br />

lei do sei lo de 21 de julho de 1893<br />

que isso seria a sua perdição. Só foram fixadas em 10$000 réis e<br />

blicados nas folhas do governo, em<br />

tem quem a sirva, porque é perdu- exigidas agora, reuniu-se ante-hon-<br />

que impudentemente se affirma o<br />

lária, paga generosamente e assetem á noite em assemblêa geral a As-<br />

equilibrio das receitas com as dessociação<br />

Commercial, effeituando-se<br />

gura a impunidade aos grandes lapesas<br />

do Estado, lá vêm, sempre<br />

ainda na sala da Associação dos<br />

drões. Se procedesse d'outro modo, Artistas uma reunião de operários<br />

retardadas, as notas officiaes d'essa<br />

seria immediatamente abandonada. e industriaes, a fim de accordar no<br />

dividadenunciar, num laconismo que<br />

Mas isto é, afinal, um simples<br />

procedimento a seguir por parte<br />

vivamente impressiona, as difficilli-<br />

dos interessados.<br />

adiamento. Não pôde hoje recorrer<br />

mas circumstancias em que o the-<br />

Na Associação CommercTal resol-<br />

a um emprestimo publico, não poveu-se telegraphar ao ministro da<br />

souro publico se encontra.<br />

derá ámanhã descontar leiras do fazenda, pedindo a suspensão da<br />

Expediente de que se soccorrem<br />

thesouro, ainda que pague eleva- execução das licenças; representar<br />

os governos sempre que os recur-<br />

ao governo para que revogue essa<br />

díssimo juro. E questão de mais ou<br />

sos ordinários do Estado não são<br />

medida tributaria, solicitar o apoio<br />

menos tempo, mas fatalmente che- da Associação commercial do Porto<br />

sufficientes para a satisfação dos engará<br />

a essa situação. E enlão será e promover uma manifestação pecargos<br />

que sobre elle pesam, a di-<br />

irremediavelmente condemnada, e<br />

rante o governo civil das classes<br />

vida fluctuante é, quando attinge<br />

commercial e industrial.<br />

quem sabe se com ella um país que<br />

uma elevada somma, indicio que só<br />

Esta proposta, que foi apresen-<br />

tão cobardemente se tem deixado tada pela direcção da Associação<br />

de per si testifica de modo indubi-<br />

expoliar.<br />

Commercial e approvada por acclatável<br />

a existencia d'uma critica ad-<br />

O crédoré cruel, esobretudo para mação, era precedida dos seguintes<br />

ministração financeira, e a sua exi-<br />

considerandos:<br />

com aquelles que não só á incúria<br />

gibilidade em curtos prazos consti-<br />

e criminoso desleixo mas aos mais «Considerando que a lei de 21 de<br />

tue sempre um enorme perigo. D'ahi<br />

outubro de 1863, na parte relativa ás<br />

revoltantes actos de prodigalidade licenças para os estabelecimentos con-<br />

vem que só os Estados sem credito<br />

devem a sua insolvência. E a bansiderados insalubres, incommodos ou<br />

deixam avolumar essa divida, pela<br />

perigosos, é absurda, inopportuna,<br />

carrôta, que é o termo fatal a que iniqua e vexatória:—absurda, porque,<br />

impossibilidade de contrahirem um<br />

a monarchia nes levará, não pôde pelo facto do estado cobrar as respe-<br />

emprestimo publico que a consolictivas<br />

importâncias, nem por isso deixa<br />

de modo algum attribuir-se a qual- de haver os mesmos perigos para a<br />

de. E o que se dá com a Turquia e<br />

quer desgraça que ferisse o país, a saúde e segurança publica;—inoppor-<br />

o que succedeu no Egypto emquantuna,<br />

porque, sendo lei desde 21 de<br />

um d'esses accidentes imprevistos outubro de 1863, só agora, trinta e<br />

to lá não houve uma administração<br />

que reduzem á miséria não só indi- três annos depois, é que é posta em<br />

extrangeira. E o que se Verifica ago-<br />

execução;—iniqua, porque não estavíduos<br />

mas também nações; debelece uifferenças entre o grande e o<br />

ra no nosso país.<br />

riva única e exclusivamente da pés- pequeno industrial, entre o grande e<br />

De ha muito que a divida flu-<br />

o pequeno deposito;—vexatória, porsima<br />

administração financeira de que mais vem aggravar as já precárias<br />

ctuante excede a cifra em que os<br />

todos os governos da monarchia circumstam ias do contribuinte, ficando<br />

governos, no tempo em que lhes era<br />

os estabelecimentos munidos de licença<br />

perante a qual o país se tem sem- sujeitos a uma fiscalisação, que se<br />

possível contrahirem empreslimos<br />

pôde tornar impoituna:<br />

pre manlido na mais criminosa in-<br />

públicos, intendiam necessário con-<br />

Considerando que a sua execução<br />

diíferença. A monarchia, e o país arrastaria comsigo a miséria para<br />

solidá-la. Em 29.462:408$835 réis<br />

que a tolera, não merecem pois a muitos pequeuos commerciantes e in-<br />

nos diz a ultima nota official que<br />

dustriaes, que, sem meios para satis-<br />

miuima contemplação.<br />

fizerem as licenças e respectivos pro-<br />

ella estava em 30 de junho findo, e<br />

Não a merecem e não a terão. cessos, ficariam privados dos meios<br />

as combinações para a sua conso-<br />

de subsistência».<br />

O extrangeiro está-nos jogando<br />

lidação costumavam ordinariamente<br />

já as maiores affrontas. Recusa-se O sr. João Alves Barata propoz,<br />

dar-se antes que attingisse 20:000<br />

a admiltir á colação nas suas bol- sendo também approvado por una-<br />

contos. Se o governo não tem recorsas<br />

os títulos de divida das nossas<br />

nimidade, que se officiasse á camarido<br />

a ellas, é porque o anima a<br />

ra municipal para que, como repre<br />

companhias dos caminhos de ferro<br />

profunda convicção de que resulta-<br />

senlante dos contribuintes, proteja a<br />

e dos tabacos de que o governo é causa d'estes.<br />

do algum colheria. A monarchia não<br />

possuidor e que pretende negociar. Em seguida foi enviado ao mi-<br />

tem credito; hoje é-lhe completa<br />

nistro da fazenda o seguinte tele-<br />

Para fundar qualquer emprêsa em<br />

mente impossível contrahir um emgramma:<br />

Portugal nào empresta nem um ceiprestimo<br />

no extrangeiro.<br />

til. A sua imprensa dá-nos como um «A Associação Commercial de Coim-<br />

Irá, portanto, subindo indefinidabra,<br />

reunida em assemblêa geral, pro<br />

país perdido, completamente esma- testa junto de v. ex.<br />

mente a divida fluctuante. Nos úlgado<br />

já pelo peso da divida putimos<br />

cinco annos, não obstante es<br />

blica.<br />

tar o país sujeito a medidas de sal<br />

E é nestas circumstancias que o<br />

vação publica, havendo-se reduzido<br />

governo tem de arranjar dinheiro<br />

o juro da divida, tendo-se effeitua-<br />

para pagar vasos de guerra, e a indo<br />

enormes deducções nos ordena<br />

demnização do caminho de ferro de<br />

dos dos funccionarios públicos e<br />

Lourenço Marques e o coupon de<br />

augmentado extraordinariamente al-<br />

janeiro 1<br />

guns impostos, houve nessa divida<br />

Isto vae-se approximando do fim.<br />

um augmento de 10.149:943^852<br />

réis.<br />

Foi concedido o terço do ordenado<br />

É animador 1<br />

ao sr. dr. Mauuel Nunes Geraldes,<br />

E esse desequilíbrio cada vez decano da faculdade de Direito.<br />

a Realizou-se hontem, pela 1 hora<br />

e meia da tarde esta manifestação,<br />

indo ao governo civil commercian-<br />

KM<br />

tes, industriaes e operários em numero<br />

superior a 400. O ponto de COIMBRA<br />

reunião foi a Praça do Commercio.<br />

XI<br />

Dirigindo-se para o governo civil<br />

foram alli recebidas pelo governa- Sé Velha. O edificio foi durante<br />

dor civil substituto a mêsa da as- muito tempo sujeito a obras que<br />

semblêa geral è"9ireffçSo da Asso- lhe modificaram o aspecto primitivo,<br />

ciação Commercial e a commissão obras sobretudo importantes nos<br />

nomeada na reunião da Associação<br />

Commercial.*<br />

séculos XV e XVI. Externamente<br />

O governador civil, ouvidas as ha a lamentar as portas de Santa<br />

reclamações dos commerciantes e Clara e a especiosa, singulares obras<br />

industriaes, communicou-lhes que o d'arte que mascararam o aspecto<br />

inspector geral do sello já havia te- austero e severo do velho templo,<br />

legraphado prorogando por mais enchendo-o de decorações d'um alto<br />

60 dias o prazo para requerer as<br />

valor artístico, mas que o tempo<br />

licenças e aconselhou o pedido de<br />

revisão da lei no sentido de serem tem quasi completamente destruído.<br />

exceptuados os pequenos estabele- Hoje é para lamentar não se<br />

cimentos.<br />

poder reconstruir o aspecto exte-<br />

x<br />

rior da antiga cathedral, e ter de<br />

conservar as ruinas pitlorescas<br />

É digna dos mais calorosos ap- das obras do renascimento, cuja<br />

plausos a altitude dos commercian-<br />

deterioração não pára, e cuja destes<br />

e industriaes perante a inqualificável<br />

exigencia do governo que truição se vê caminhar dia a dia.<br />

pretende applicar agora, depois de<br />

ter vivido inoffensivo durante 33 Ainda no século XVI se fez a<br />

annos, uma lei absurda e iniqua.<br />

sacristia, obra importante de már-<br />

Não se comprehende que, a titulo<br />

duma licença que só tem por fim<br />

mores polychromicos, bem compre-<br />

garantir a segurança ou commodihendida e bem executada, mas que<br />

dade do publico, se vá exigir um foi encobrir as paredes da abside e<br />

imposto, além da contribuição in- dos absidiolos, e prejudicar assim<br />

dustrial a que já estão. sujeitos os o ,effeito geral das grandes linhas<br />

estabelecimentos que têm de pedir<br />

do velho templo.<br />

essa licença.<br />

E a lei de 63 está redigida em<br />

Do lado da imprensa da Univer-<br />

termos tão vagos e indefinidos, que sidade construiu-se no século XV o<br />

nella se comprehendem estabeleci- claustro, estabelecendo por essa ocmentos<br />

que não são incommodos, casião a passagem abobadada, com<br />

nem perigosos, riem insalubres. entrada por uma pequena porta<br />

%rece que, a pretexto da seguran- fronteira á que mais tarde se fez na<br />

ça publica, quiz o legislador obter<br />

para o Estado uma verdadeira fonte<br />

sacristia.<br />

de receita!<br />

O' claustro e esta passagem enco-<br />

É assim que se procede em Porbriram as paredes da Sé Velha e<br />

tugal, até quando se trata dos as- destruiram-nas em parte.<br />

sumptos de maior gravidade!<br />

Nem a outra consideração attendeu<br />

o governo, que não fosse ao<br />

No século XVI fez-se nova pas-<br />

augmento das receitas, vindo resussagem para o côro, que acabou de<br />

cilar uma lei que no olvido encon- encobrir este lado do templo.<br />

trou o justo destino das absurdas<br />

• # ? /.*.<br />

disposições que continha. Quer di-<br />

Dentro, os estragos não têçi<br />

nheiro, muito dinheiro, porque só<br />

assim pôde pagar a commissarios sido menores.<br />

régios, a embaixadores que jogam, No século XV construira-se ao<br />

a afilhados que vivem com a maior fundo do templo, junto da porta de<br />

ostentação sem nada fazerem. entrada, um pequeno côro de tecto<br />

E os commerciantes, e os indus- de madeira mudegar, destruindo em<br />

triaes, e os trabalhadores, que já<br />

parte as columnas, para em seu<br />

luctam com mil dificuldades para<br />

viverem modestamente, que paguem logar fazer um arco deselegante e<br />

todas essas loucuras! Pague um sem graça do mesmo estylo.<br />

contra a execu- latoeiro dez mil réis para poder No mesmo século se fez a obra<br />

ção da lei de 21 dé outubro de 1863,<br />

atormentar os ouvidos do vizinho!<br />

ua parte relativa ás licenças para os<br />

de talha do altar mór, obra precio-<br />

estabelecimentos e oílicinas considera Já se viu disparate egual! Haverá sa, mas que foi destruir o primiti-<br />

dos insalubres, incommodos e perigo maior loucura!<br />

sos. Esta Associação vae representar,<br />

vo altar dedicado á Virgem; se en-<br />

Positivamente, isto chegou a es-<br />

sobre o mesmo assumpto, ao governo tado tal que não é possível suppor cobriu o tumulo d'um bispo coJlo-<br />

de Sua Majestade. — (a) Presidente da<br />

assemblêa geral».<br />

tar mais as exigeucias, ou, antes, cado do lado da epistola com um<br />

as expoliações d'um fisco faminto, quadro de estuque mudegar, emol-<br />

Na Associação dos Artistas, onde mercê dos esbanjamentos de godurando um nicho d'imagem ou da<br />

se reuniram operários e industriaes vernos corruptos e corruptores.<br />

relíquia, e se abriu uma pequena<br />

em numero superior a 400, resol- Tê-lo-ha comprehendido assim o<br />

janella do lado do evangelho, em<br />

veu-se por acclamação adherir ás commercio e a industria?<br />

resoluções da Associação Commer- Nós estamos dispostos a applau-<br />

que o esculptor deixou, numa incial,<br />

acompanhando a direcção da dí-los sempre que saibam luctar scripção gravada, uma palavra —<br />

j Associação Commercial ao governo efficazmente contra exigencias iní- lopo, que era talvez o nome d'elle.<br />

civil.<br />

quas e absurdas.<br />

Já anteriormente se tinham des-

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