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Não queremos com isto dizer que<br />
na Sé Velha não haja trabalhos determinados<br />
por descobertas de occasião.<br />
Seria faltar á verdade.<br />
Na Sé Velha ha obras de restauração<br />
que ninguém previra; mas são<br />
obras insignificantes, de simples decoração.<br />
O nivel do pavimento, a restauração<br />
do stylobato, que para muita<br />
gente passaram por verdadeiras surprêsas,<br />
tinham sido previstas pelo<br />
estudo dos monumentos similares<br />
de Hespanha e dos outros países.<br />
Além d'isto removeria, se houvesse<br />
dinheiro, as capellas das naves<br />
lateraes, construcções sem elegancia<br />
e sem valor artístico, retiraria<br />
o azulejo das paredes, como retirou<br />
o das columnas, empregando-os<br />
para forrar a sachristia, construcção<br />
que é como a dos azulejos<br />
do século xvi.<br />
Ahi ficariam melhor, do que como<br />
os deixou o sr. director das obras<br />
publicas, á mercê do capricho do<br />
primeiro ladrão...<br />
Mas deixemos o sr. director das<br />
obras publicas.<br />
Por ora....<br />
As demolições eram cuidadosamente<br />
vigiadas, e qualquer peque-<br />
RESISTENCIA - Domingo, 13 de setembro de 1896<br />
no fragmento, fuste ou capitel mutilado<br />
era minuciosamente estudado,<br />
procurando achar o sitio d'onde<br />
fôra arrancado. Por vezes encontraram-se<br />
objectos cujo logar foi impossível<br />
achar, não podendo integrar-se<br />
na obra da restauração.<br />
Tudo se arrecadou piedosamente,<br />
e se conserva hoje no Museu de<br />
Hoje não! Fica para o proximo<br />
numero o sr. director das obras publicas<br />
.. ,<br />
T. C.<br />
Tem estado em Coimbra o sr.<br />
dr. Sousa Viterbo, redactor do Diário<br />
de Noticias.<br />
Os castigos que pelo sr. Ferreira<br />
d'Almeida foram applicados a dois<br />
officiaes da armada acabam de ser<br />
trancados. Assim o resolveu o conselho<br />
do almirantado e o sr. Jacintho<br />
Candido.<br />
O sr. Ferreira d'Almeida está<br />
pensando no modo por que ha de<br />
vingar-se. Nova bofetada, d'esta vez<br />
no Solar dos Barrigas, e tê-4o-hemos<br />
ministro outra vez.<br />
Mais insurreições?<br />
Ha graves apprehensões na Hes-<br />
)anha relativamente a Porto Rico.<br />
O depotado por esta colonia, sr.<br />
Garcia Gomez, pediu ao ministro da<br />
marinha que mandasse mais barcos<br />
á pequena Antilha, na previsão de<br />
qualquer eventualidade.<br />
Nolicias da Italia dizem que eslá<br />
causando vivas apprehensô^s nas províncias<br />
do centro e do sul e na Sicilia<br />
a prohibição da emigração para o Bra<br />
zil. Calcula-se em dez mil homens os<br />
que se haviam feito inscrever para<br />
tomar passagem para o Brazil, tendo<br />
vendido todos os seus bens, e ha receio<br />
de que venham a causar graves embaraços,<br />
porque não é possível dar-lhes<br />
trabalho em condições regulares durante<br />
o inverno.<br />
Carta de Lisboa<br />
Lisboa, 4 de setembro de 1896.<br />
Evidentemente o que mais preoccupa<br />
os nossos políticos é a situação<br />
da Hespanha. Não bastava a<br />
revolta de Cuba para os assustar.<br />
x<br />
xilio aos cubanos, como elles o não<br />
pedem a nós.<br />
O sr. Canovas, porém, nada tem<br />
com o povo hespanhol. E este se<br />
quizer ter em Portugal um grande<br />
alliado—mas sempre livre !— deve<br />
fazer o que nós também precisamos<br />
de fazer,—libertar-se da monar-<br />
A revolta das Filippinas foi o coup chia.<br />
O general Beranger respondeu-<br />
antiguidades do Instituto, não ob-<br />
de grace. Andam atrapalhados os<br />
X<br />
lhe que estão lá quatro barcos, senstante<br />
o sr. director das obras pu-<br />
monarchicos. Porque, elles sabem<br />
do um d'elles o transatlantico arblicas<br />
....<br />
bem, ao fim d'estas revoltas, embo-<br />
Pobre Hespanha dizemos nós.<br />
mado, que é um grande vaso de ra a Hespanha vença, está a revo-<br />
E porque não havemos de dizer<br />
guerra e de muita velocidade. Enlução. — Pobre Portugal? Pobre Patria<br />
E eu sempre a tropeçar no sr. tende, portanto, que não urge man-<br />
abatida á mercê de meia dúzia de<br />
director. Por ora não, fica para mais<br />
Sim! Porque a ruina financeira<br />
dar mais reforços de marinha.<br />
insignificantes que invadiram tudo<br />
tarde...<br />
é inevitável.<br />
*<br />
e dão ordens, fazem leis, exploram,<br />
D'ahi os monarchicos terem como<br />
dominam, mandam o povo como se<br />
Antonio A. Gonçalves limitou a<br />
certa a revolução em Portugal.<br />
Foi também do sr. Antonio Au-<br />
este fosse uma leva de condemna-<br />
restauração a remover do templo<br />
Vêm no Temps os seguintes pe- A este respeito, porém, tenho a<br />
gusto Gonçalves a idêa de demolir<br />
dos.<br />
tudo o que lhe modificava o cararíodos<br />
:<br />
opinião de que Portugal não deve<br />
o lanço do edifício da Imprensa que<br />
Deixemos a Hespanha, que lá<br />
cter, prejudicando o effeito geral, a<br />
fundar as suas únicas esperanças,<br />
se encostava á Sé, e lhe tirava a «O governo hespanhol desconfia<br />
têm elles certa a revolução.<br />
concertar o que fôra mutilado, re-<br />
para se salvar, no facto de haver<br />
luz; como foi d'elle também a de que se está preparando um movi-<br />
Pensemos em Portugal.<br />
pondo as columnas no estado pri- restaurar o Claustro do século xv, mento revolucionário em Porto Ri-<br />
Republica em Hespanha. Pois en-<br />
Nunca se tornou necessário como<br />
mitivo, recuando porém, quando a que o sr. director das obras publico. Preventivamente ficarão alli altão, se a Hespanha estivesse nadan-<br />
agora pensarmos no futuro.<br />
obra a emprehender ia destruir qualgumas<br />
forças das que vão já camido em felicidades, nós havíamos de<br />
cas....quer<br />
monumento de alto valor arnho<br />
de Cuba.»<br />
convencer-nos de que também es-<br />
Nunca se impoz a todos os hotístico.ta<br />
vamos felizes?<br />
mens dignos de serem tidos na con-<br />
Por ora não....<br />
ta de homens de bem, como se im-<br />
E pelo facto de Hespanha ser mo-<br />
O projectado e já gorado centepõe<br />
agora, o dever de se prepara-<br />
Foi por isso que conservou o venarchia,<br />
mesmo que todo o exerci-<br />
Em tudo a restauração o sr. Annário<br />
da índia ainda está prendenrem<br />
para todos, todos os sacrifícios,<br />
lho altar gothico, e as duas capeldo<br />
as attenções da commissão noto, a marinha e o povo fossem, para<br />
tonio Augusto Gonçalves pretendeu<br />
para combater pela patria.<br />
las do Santissimo, e de S. Pedro,<br />
meada pelo governo para promover a revolução, em Portugal, havíamos<br />
apenas pôr a descoberto as linhas a sua realização.<br />
de gritar — esperem pela Hespa-<br />
Não só para a livrar da monar-<br />
apezar d'ellas terem modificado o<br />
geraes do edifício, limitando-se sim- E' afinal um bom meio de passar nha?chia,<br />
mas d'uma perda irremediá-<br />
aspecto da egreja, apezar do seu<br />
plesmente á consolidação do que o tempo para quem não possa sair<br />
vel.<br />
pavimento ter sido rebaixado no sé-<br />
Claro que não.<br />
ameaçava ruina, á restauração do agora de Lisboa. Que aquillo por lá<br />
Haverá quem falte a cumprir o<br />
culo xvi.<br />
Comludo isto não impede que os<br />
deve estar agora muito aborrecido 1<br />
que havia sido mutilado.<br />
seu dever?<br />
Nas capellas limitou-se apenas a<br />
acontecimentos de Hespanha in-<br />
A fórma como esta restauração<br />
fluam poderosamente na nossa vida.<br />
J. M.<br />
indicar visivelmente, que o styloba-<br />
foi feita é um facto único em Porto<br />
tinha sido cortado para dar mais<br />
Acaba de dar-se em Saragoça Por isso devemos prevenir-nos<br />
tugal, em que os monumentos na-<br />
elegancia ás duas construcções da<br />
um facto interessante.<br />
para todas jts eventualidades.<br />
Partiu para a Figueira da Foz,<br />
cionaes tem servido apenas para a Em um comboio que d'esla ci-<br />
renascença; mas não tocou nas ca-<br />
Mas a primeira eventualidade onde tenciona passar o mês de se-<br />
exhibição grotesca das incapacidadade conduzia tropas com destino a<br />
pellas ; porque tocar-lhe seria des-<br />
contra que devemos prevenir-nos tembro, o nosso prezado amigo sr.<br />
des officiaes.<br />
Cuba metteu-se, vestida de soldado,<br />
truí-las; porque não havia meio de<br />
é a da ruina e da miséria que a mo- dr. J. Adelino Serrasqueiro, distin-<br />
Na restauração não se fez nada<br />
uma rapariga que desejava acompanhar<br />
o marido, fazendo parte das<br />
narchia nos prepara.<br />
cto e considerado professor do ly-<br />
as remover para outra parte.<br />
de novo que rapidamente se não<br />
ceu d'esta cidade.<br />
forças expedicionárias. O seu ar<br />
x<br />
Da entrada da egreja fez retirar<br />
conheça, não houve o proposito de pouco marcial e a pouca edade que<br />
o côro, construcção desgraciosa fei-<br />
tirar o valor documental ao edificio, apresentava fizeram com que fosse Sobre o que se passa em Hespa-<br />
notada pelos empregados do cami-<br />
Escliolas em Santa Clara<br />
ta em parte no século x v e em parte<br />
a tenção de mystificar ninguém.<br />
nha ha muita gente que expõe a sua<br />
nho de ferro que, ao passarem re- opinião. Todos concordam em la- Pela camara municipal, sob pro-<br />
no século xvi, tendo apenas de no-<br />
Os fustes, os capiteis, as molduvista<br />
ao compartimento onde entrara,<br />
mentar tantas desgraças. Também posta do presidente, foi dirigida uma<br />
tável dois tectos mudegar es que foras<br />
feitas de novo foram apenas es-<br />
viram com surprêsa desprenderemse-lhe<br />
da cabeça duas lindas tranças eu lamento, mas não posso deixar representação ao governo em que<br />
ram piedosamente recolhidos pelo<br />
boçadas, reproduzem apenas as li-<br />
em virtude de lhe haver cahido o de dizer que a Hespanha poderia se pede a creação de duas escholas<br />
sr. Bispo-Conde.<br />
nhas geraes dos fustes, capiteis e<br />
gorro.<br />
ter evitado tudo se ha mais tempo de ensino elementar no bairro de<br />
Não aconteceu a estes tectos o<br />
molduras primitivas.<br />
Reconhecendo-se que era uma se libertasse da monarchia. Santa Clara.<br />
mesmo que ao bello tecto manoeli-<br />
Foi esta innovação, muito para<br />
mulher, foi-lhe ordenado immedia- Porque foi a monarchia com a Já ha muilo deveriam ter sido<br />
no, exemplar tão curioso, e tão raro<br />
applaudir pelo muito respeito que<br />
tamente que saisse do comboio, dan-<br />
sua violência, a sua immoralidade estabelecidas essas escholas, se não<br />
que o sr. director das obras publi-<br />
revelia pela Arte, e pela extranha<br />
do esta ordem logar a uma scena<br />
commovente, pois a rapariga não e a sua exploração que provocou fosse entre nós tão criminosamente<br />
cas apeou no paço espiscopal, e que<br />
sensibilidade que indica em quem<br />
queria de modo algum deixar o estas revoltas justíssimas.<br />
descurado tudo o que interessa á<br />
não soube aproveitar na restaura-<br />
teve a idêa e a levou a cabo, uma<br />
marido.<br />
Mas a Hespanha teve a ingenui- instrueção publica.<br />
ção manoelina que planeou.<br />
das coisas mais difficeis de fazer<br />
acceitar pelo publico.<br />
Afinal teve de ceder perante a dade de se deixar cair na armadi-<br />
O sr. director das obras publi- força.<br />
Mas deixemos por ora o sr. dilha<br />
de Sagunto.<br />
CclS • • • •<br />
rector das obras publicas.<br />
Ha de soltar-se d'ella, para sempre,<br />
quero crêr.<br />
Estas lições servem de bastante.<br />
Estão em Lisboa cerca de 120 pessoas<br />
hespanholas que dizem haver sido<br />
engajadas para emigrar para o Brazil.<br />
As folhas da capital notam que todas<br />
ellas apresentam o miserável aspecto<br />
de quem tem soffrido as torturas da<br />
fome.<br />
Começa assim a manifestar-se a gravíssima<br />
crise que mais que a guerra<br />
de Cuba e das Filippinas ha de atormentar<br />
a Hespanha.<br />
Mas, ia eu dizendo, lamenta-se a<br />
Hespanha.<br />
O sr. Canovas é que eu nunca<br />
lamentarei. Este cavalheiro, aqui<br />
ha annos, dizia no seu jornal La Vem publicado no Diário do Governo<br />
Época que as tropas hespanholas de 4 do corrente o decreto determinando<br />
que não seja admittido nos ly-<br />
deviam ter com que se entreter e ceus alumno algum a malricular-se nas<br />
Em quinta feira ultima, depois virem num passeio triumphal até disciplinas do 1.° e do 2.° anno de<br />
de impressa a Resistencia manifes-<br />
qualquer dos cursos estabelecidos pelo<br />
Lisboa.<br />
tou-se incêndio em Fóra de Portas,<br />
artigo 2.° do decreto de 20 de outu-<br />
na barraca do fogueteiro sr. João da Não vieram, mas tiveram o seu bro de 1888.<br />
Claudina. A barraca ardeu comple- passeio a Cuba e ás Filippinas.<br />
tamente e no incêndio soffreram al- E longo o passeio e o triumpho<br />
gumas queimaduras, em virtude da não é muito certo.<br />
O distincto cavalleiro Fernando de<br />
explosão da polvora, dois operários.<br />
Oliveira já toma parte na corrida que<br />
Mas, por o passeio até Lisboa<br />
Recolheram ao hospital, não sen-<br />
no dia 8 haverá na Figueira da Foz.<br />
não ser longo, o triumpho também<br />
do de gravidade o seu estado.<br />
Mais um motivo para que se previna a<br />
O fogo foi determinado por uma não seria fácil. No fim de contas tempo com bilhete quem quizer obter<br />
experiencia feita com um foguete. nós não precisaríamos de pedir au- um logar.