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Obra Completa

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Mostra-o bem, o que elle disse<br />

da estatua de Teixeira Lopes que o<br />

país inteiro ainda ha pouco admirou.<br />

Quando a viu pela primeira vez,<br />

não teve uma palavra d'elogio, e<br />

aconselhou que a não levassem a Lisboa,<br />

que a mandassem logo para<br />

Coimbra.<br />

Diante da obra extraordinaria de<br />

Teixeira Lopes, vibrante da vida<br />

toda de Santa Isabel, vida de tormento<br />

passada na tortura, sempre<br />

a pacificar os outros, diante d'essa<br />

estatua que, como todas as grandes<br />

obras d'arte, impressiona tanto a<br />

alma ingénua dos simples, como a<br />

dos artistas que passam a sonhar o<br />

mesmo sonho darte, o sr. Luciano<br />

Cordeiro ficou sem emoção, discu<br />

tindo a frio, sem enthusiasmo.<br />

E elle o único. Os grandes criti<br />

cos do nosso país Joaquim de Vas<br />

conceitos, A. Arroyo e Fialho d'Al<br />

meida não tiveram senão palavras<br />

d'elogio, nenhum levantou uma censura-;<br />

só o sr. Luciano Cordeiro se<br />

lembrou, no meio do côro de louvores<br />

que em Lisboa se levantavam<br />

á obra do esculptor, de achar que<br />

a imagem da Rainha Santa era falta<br />

de verdade histórica, e de extranhar<br />

que o esculptor reputasse<br />

sem a authenticidade d'um retrato,<br />

a estatua jacente do tumulo que a<br />

rainha mandára fazer em vida, e se<br />

não tivesse servido do retrato pu<br />

blicado por o sr. Benevides ou mesmo<br />

do quadro existente na Sé Ve-<br />

lha.<br />

Analysemos este caso que vale<br />

a pena.<br />

Custa a comprehender que um<br />

homem só seja capaz d'accumular<br />

tantos erros na apreciação do mes<br />

mo facto historico.<br />

r<br />

E necessário desconhecer completamente<br />

á historia d'arte no nosso<br />

país para dar o valor d'um retrato<br />

a uma estátua jacente d'um<br />

tumulo do século xiv.<br />

O artista d'então não se preoc-<br />

cupava com a physionomia do personagem<br />

que tinha d'ésculpir, ten<br />

ta v a apenas representara dignidade<br />

que o investia, dando á physionomia<br />

as características do ideal da<br />

belleza do seu tempo.<br />

Por isso todas as physionomias<br />

gothicas se parecem, todas tem<br />

mesma fronte grande e proeminente,<br />

o mesmo lábio grande e vincado, a<br />

mesma boca pequena, o mesmo<br />

collo, o mesmo seio a mesma estatura.<br />

Basta comparar duas estatuas da<br />

mesma epocha, a de D. Vetaça e a<br />

da Rainha Santa, representando<br />

pessoas de países tão differentes,<br />

apenas eguaes no berço, para se<br />

ficar convencido da verdade d'este<br />

acerto. As representações iconicas<br />

dos antigos personagens são apenas<br />

um elemento valioso para a historia<br />

do costume.<br />

Quem já tenha assistido á abertura<br />

d'um tumulo, e tenha podido<br />

estudar o cadaver, e comparal-o<br />

Com a estatua jacente que o representa,<br />

tem-se confirmado cada vez<br />

mais nesta opinião.<br />

RESISTENCIA — Segunda feira, 13 de julho de 1896<br />

Ao retrato do sr. Benevides<br />

ninguém tem até hoje reconhecido<br />

a authenticidade d'um documento<br />

comtemporaneo de Santa Isabel.<br />

Centenario da índia<br />

Hontem consorciaram-se em S. João<br />

d'Almedína o sr. Augusto Raphael<br />

Garcia d'Araujo e a ex. ma sr. a D. Etelvina<br />

de Oliveira, Diba do conceituado<br />

industrial, desta cidade, sr. Raphael<br />

Rodrigues de Oliveira.<br />

Carta de Lisboa<br />

Porque muitos indivíduos que<br />

usam certo nome não se confundem<br />

com elle. Passa-lhe.s como uma<br />

alcunha.<br />

E esta a differença entre o charlatanismo<br />

e a dignidade.<br />

x<br />

As festas commemorativas da<br />

descoberta d'aquella mesma índia, Lisboa, 28 de julho de 1896.<br />

onde um Affonso de Albuquerque<br />

O argumento de mais força que de montra de algibebe, com o ap Comprehendem que hoje nao<br />

se tem apresentado é a sua seme- plauso do actual governo, está, nes- posso fallar-lhes senão da morte de<br />

lhança com a estatua do tumulo. te momento, fuzilando descripcio Rodrigues de Freitas.<br />

nariamente súbditos portugueses Não foi uma surpreza como<br />

Uma accusação dirigiam a Rodri-<br />

para, pelo terror, fazer calar recla de José Falcão.<br />

Ora esta semelhança nada prova;<br />

gues de Freitas: — A de não ser<br />

maçães e protestos, vão de mal Sabia-se que eslava perdido ha<br />

porque a estatua jacente não pode<br />

revolucionário. Em que termos en-<br />

peior!<br />

muito tempo e todos se admiravam<br />

tendiam esses accusadores ignorados<br />

ser um retrato, como já dissemos. E a genuína leviandade portu de que vivesse ainda.<br />

a palavra revolução? Eu explico:<br />

gueza em acção!<br />

Por isso eu não começo a sentir dizerem-se revolucionários é uma<br />

Resta o quadro da Sé Velha. Gizou-se obra a capricho e a es a falta de Rodrigues de Freitas desculpa com que encobrem a sua<br />

O quadro da Sé Velha é uma<br />

mo; e immediatamente se annun desde hoje. Sinto-a desde que élle inutilidade para o estudo, para o<br />

ciou ao mundo um projecto de fes foi considerado perdido para nós,<br />

pintura do século XVII em que a<br />

saber, para o sacrifício obscuro,<br />

tas phantasticas, tudo que occorreu ha dois annos.<br />

para as responsabilidades de cada<br />

Rainha Santa está vestida á moda á imaginação dos visionários. Nin Eu não o conheci pessoalmente dia.<br />

do século XVIII...<br />

guem se preoccupou com as despe o que não impediu de saber por<br />

Claro que nestas palavras defino<br />

zas loucas que essa faustosa exhi um dos seus Íntimos—José Falcão<br />

os revolucionários que se dizem e<br />

Ora o século XVII fica um pouco bição exigia.<br />

—quanto valia o seu espirito e o<br />

não o são.<br />

longe do século XIV em que viveu<br />

Ninguém estudou, nem calculou seu caracter.<br />

Não fallo dos que, tendo a mais<br />

orçamentos, nem determinou limi- O seu caracter. Eis aqui um caso<br />

a Santa...<br />

nobre concepção da revolta, compretes<br />

á folia.<br />

para considerar: Rodrigues de Freihendem<br />

a necessidade de homens<br />

E a repetição do que inalteravel tas era um professor brilhante. Na<br />

como Rodrigues de Freitas.<br />

O sr. Luciano Cordeiro que foi o mente tem succedido. Quando vêm sua especialidade, um erudito. Par-<br />

único critico que se revellou sem a Lisboa o rei de Hespanha, a exlamentar d'um alto valor, sem ar<br />

Porque elle não seria um revolu-<br />

emoção perante a bella obra d'arte posição d'arte ornamental, que cus- remetlidas fáceis que se transforcionário<br />

no sentido ardente da pala-<br />

de Teixeira Lopes, provou também<br />

tou 500 contos, estava orçada em mam, como as que sabemos, em<br />

vra. Mas era uma garantia para a<br />

50. E tudo assim!<br />

cobardíssimo retrahimento, nem ha<br />

obra da Revolução. .<br />

que não tem a erudição bastante<br />

Agora começam a apparecer vo- bilidades saloias de cynico e de<br />

x<br />

para comprehender uma obra hiszes prudentes, a temperar a fúria corrupto.<br />

Agora uma palavra sincera. Semtórica.<br />

vertiginosa da pandega patriótica Era correcto na expressão, ao<br />

pre que nos morre um grande chefe<br />

I^este sentido uma carta do sr rpesmo tempo nobre e simples<br />

como succede agora, o desanimo<br />

Um facto recente prova que o Thomaz Ribeiro publicada no Fo- —o que é d'uma difficuldade ex-<br />

abate os mais sinceros e os mais<br />

sr. Luciano Cordeiro é incapaz de<br />

pular é louvável de bom senso. traordinaria, quando não está no<br />

convictos.<br />

Propõe o adiamento das festas, e temperamento do individuo. Mas a<br />

avaliar bem uma restauração artís-<br />

É uma doença nacional que deriva<br />

a reducção d'ellas á proporções le sua correcção, exactamente porque<br />

tica.<br />

do nosso messianismo.<br />

gitimas e modestas d'uma simples derivava da delicadeza e da digni-<br />

Num trabalho meu publicado no comroemoração nacional.<br />

dade de pensamento, era de rara<br />

Admiremos os grandes homens<br />

Instituto, eu mostrava a necessidade Áparte o fiasco, a proposta é ac- energia em todos os actos da sua<br />

como exemplos e façamos o que<br />

de estorvar as obras de restauração ceitavel. Mas, por isso mesmo, o vida. De fórma que este homem,<br />

devemos: — imitemo-los.<br />

que se andavam fazendo na Ba- governo ha de resolver-se a exce- intellectualmente superior, domina-<br />

Chora-los, só para usar d'elles<br />

der as verbas votadas!<br />

va antes de tudo pela sua auctori-<br />

como ornamento oratorio, para espetalha.<br />

E, em vez das miseráveis dezedade moral. D'ahirvinhaa sua força,<br />

culação, para argumento em ques-<br />

A Commissão dos monumentos nanas de contos que foram auclorisa- o seu prestigio. E logico. Na crise<br />

tiunculas, é ridículo e despresivel.<br />

cionaes resolveu por proposta de não das, ha de a nação largar 2:00( portuguêsa faltam os homens hon- E necessário respeitar os mortos.<br />

sei quem, mandar examinar as obras contos, que não ó para menos rados. O prestigio da dignidade, Recordemo-los só, procedendo como<br />

Foi nomeado o sr. Ramalho Orti- vasto plano da festança!<br />

affirmando-se em actos, sem osten- elles procederam. D'outra forma<br />

gão.<br />

Olaré II...<br />

tação e sem réclames ridículos, não os profanemos citando os seus<br />

domina acima de tudo.<br />

nomes.<br />

O sr. Luciano Cordeiro que não<br />

João de Menezes.<br />

Rodrigues de Freitas além d'isto<br />

assistiu á sessão, affirmou depois «A Republica» merece as minhas sympathias e<br />

que as obras se estavam fazendo<br />

meu respeito, porque desde que foi Partiu para a Figueira da Foz o nos-<br />

muito bem, e que o seu director ti- É o titulo d'uma folha de com- deputado republicano integrou as so prezado amigo, dr. Francisco Manso<br />

Preto, distincto professor do lyceu<br />

nha muita competencia, que elle bate que sob a direcção de João suas idêas politicas num principio de Coimbra.<br />

votava contra tal exame.<br />

Chagas, a partir do 1.° de agosto definido e combateu com doutrina,<br />

vem engrossar a phalange dos mais<br />

com argumentos, com factos, oppondo<br />

á monarchia a Republica. A sessão solemne para a entrega<br />

Ora o sr. Ramalho Ortigão con-<br />

energicos luctadores da imprensa<br />

Discutiu, affirmou-se, estabeleceu da espada oíferecida ao valoroso codemnou<br />

comnosco as obras da Ba-<br />

democratica.<br />

uma linha de proceder e desenvolronel Galhardo pela colonia portutalha<br />

em plena sessão da Commis- Aguardamos com impaciência a ver um critério. Assim não foi um guêsa residente no Amparo, Brazil,<br />

são conservadora dos monumentos na-<br />

apparição do novo legionário. chicaneiro, um intrujão de accordos, foi celebrada nas salas do Grémio<br />

um homem dos corredores. Foi um de Mallosinhos!<br />

cionaes, e ainda, ultimamente, nt) seu<br />

deputado republicano—combaten- Esta não lembra ao diabo!<br />

livro — O cidto d'arte em Portugal, Sarah de Mattos do a monarchia e defendendo a Alguns jornaes até occultam o<br />

voltou a tratar minuciosamente o<br />

republica.<br />

logar da entrega.<br />

A manifestação realisada no domingo<br />

assumpto, denunciando os erros que no cemiterio Occidental de Lisboa, na E porque era intelligente e por- Não havia no Porto: na casa da<br />

lá se tem commettido.<br />

transladação dos ossos da desventurada que não fora cúmplice de facto ou camara, no Palacio de Crystal, na<br />

criança victima da perversidade jesuí- de direito de quantas infamias se Bolsa, na Associação Commercial,<br />

tica, num coio de víboras, teve praticam tornou-se temido o que ou em qualquer outra, um salão dis-<br />

Vê-se pois que o sr. Luciano altíssima significação de protesto col-<br />

é muito, respeitado o que é mais. ponível ?<br />

lectivo e vibrante d'uma população<br />

Cordeiro como critico, está muitas<br />

inteira revoltada contra essa onda de Com estas qualidades venceu A parte oratoria correu super-<br />

vezes só...<br />

fanatismo, que ameaça asfixiar a socie- definitivamente.<br />

abundante e até o auctor da espa-<br />

Em Coimbra está sò com o sr. dade portuguêsa.<br />

Porque as victorias d'occasião da intendeu intervir com o descôco<br />

0 governo, por bajular a reacção do<br />

Director das obras publicas...<br />

'aceis de conquistar essas nada de banalidades e vivorio á familia<br />

paço, prohibiu o cortejo; mas a mani-<br />

valem. Servem aos cynicos, aos reall<br />

festação manteve-se tão imponente e<br />

solemne, como era necessário para nullos; mas passam depressa.<br />

E eis aqui como um alto pensa-<br />

Já cá faltava o sr. director das<br />

desaggravo dos sentimentos liberaes Rodrigues de Freitas não fez mento de galardão patriotico é pre-<br />

obras publicas...<br />

da nação.<br />

assim. Seguiu o seu caminho a dicado pela incomprehensão do<br />

Hoje é tarde, não pode ser, fica O facto, pela enorme multidão que direito; de forma que, sendo intel- apparato que exige!<br />

sanccionou e pela convicção que o<br />

para outra vez...<br />

dirigiu,—confessando-o todos os imigente, homem de sciencia e homem<br />

E não perde por esperar, sr. Diparciaes, — deveria prestar-se a medi- de bem fixou-se e dahi nunca foi Consta-nos que nos dias 14 e 15 do<br />

tações de prudência por parte dos que jossivel desvial-o, nem ahi foi posrector<br />

das obras publicas...<br />

proximo mez d'agosto ha no Theatro<br />

impellem essa invasão ultramontana, sível attacal-o.<br />

Príncipe D. Carlos, da Figueira da Foz,<br />

se prudência podesse encontrar-se nos<br />

T. C.<br />

Aos espíritos medíocres, aos va- 2 espectáculos d'assignatura pela trou-<br />

ambiciosos e medíocres que julgam<br />

dominar as idèas com os sabres da dios da galeria talvez nem sempre pe do theatro de D. Maria, de Lisboa,<br />

que anda em digressão pelo paiz.<br />

municipal!<br />

agradem.<br />

A empreza d'estes espectáculos é do<br />

Depois d'utna prolongada doen-<br />

Na verdade, para essa gente sr. F. dos Santos Lucas, actual arrença,<br />

succumbiu o sr. José Francisco<br />

elle não deixa uma figura de rethodatario do Theatro Príncipe Real, de<br />

da Cruz, activo e honrado indusrica,<br />

nem a memoria de certo con- Coimbra.<br />

rial-d'esta cidade.<br />

vívio fácil dos que buscam a popu-<br />

Ao seu consocio e genro, o sr.<br />

laridade.<br />

Manuel José Telles enviamos o mais<br />

sentido pezame.<br />

Mas deixou um nome seu, o que<br />

é diíficil.<br />

Acha-se na Figueira da Foz a banhos<br />

o nosso amigo João Gomes Moreira,<br />

conceituado commerciante d'esta praça,

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