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Obra Completa

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É um manoelino sem graça e sem<br />

proporções, um manoelino sem força,<br />

esguio, doente, monotono, sem<br />

belleza e sem variedade.<br />

O desenho das janellas que deitam<br />

para o Salvador, é secco e mau.<br />

As janellas são excessivamente esguias,<br />

a sua decoração é dura e<br />

mesquinha.<br />

As gargulas foram mal escolhidas,<br />

são feias, hirtas, de bronze, com<br />

uns argollões detestáveis caídos ao<br />

lado.<br />

As janellas geminadas que deitam<br />

para o rio, são de melhor desenho,<br />

mas são manoelinas, apenas<br />

por alguns detalhes de decoração e<br />

por mais nada.<br />

Todavia, o sr. director das obras<br />

publicas diz que essas janellas são<br />

a reproducção fiel d'uma janella antiga,<br />

janella manoelina, existente já<br />

no antigo edifício.<br />

t<br />

E falso 1 Não ha no paço episcopal<br />

uma janella manoelina; porque<br />

as únicas que havia foram mutiladas<br />

pelo sr. director das obras pu-<br />

blicas, que lhes mandou augmentar o<br />

comprimento dos fustes para as tornar<br />

mais elegantes e para que ellas<br />

podéssem deixar entrar mais luz.<br />

E incrível, pois não é? Encarrega-se<br />

um homem de restaurar um<br />

edifício e elle tenta tirar-lhe toda a<br />

feição antiga, emprehendendo a res-<br />

Na parte que o sr. director das<br />

obras publicas restaurou também,<br />

e que dá para um pequeno jardim,<br />

sem importancia, o sr. director das<br />

obras publicas quiz-se mostrar magnifico,<br />

mas, querendo ser grande,<br />

mostrou-se insignificante, apertando<br />

o já pequeno quinlal em duas<br />

galerias, de janellas largas, de mau<br />

desenho, as paredes sustentadas por<br />

uns gigantes ridiculos, como desenho,<br />

e como proporções.<br />

Ora, se o sr. director das obras<br />

publicas soubesse, tinha feito melhor<br />

obra e gasto menos dinheiro.<br />

Para este pateo deitam as cosinhas.<br />

Lembrava por isso logo ornamentar<br />

a parede, construindo<br />

uma chaminé monumental, das que<br />

são tão frequentes no nosso país, e<br />

são d'um effeito tão elegante, e tão<br />

decorativo, No estylo manoelino,<br />

encontraria facilmente o sr. director<br />

das obras publicas mais de um<br />

exemplar, estudando o que resta<br />

das moradas senhoriaes do século<br />

XVI.<br />

RESISTENCIA - Domingo, 13 de setembro de 1896<br />

Demais, o sr. Gonçalves aconselhou<br />

que se conservasse a poria<br />

golhica que existia no palacio; e o<br />

sr. director das obras publicas mandou-a,<br />

dizem, para a estrada de Penacova,<br />

transformando-a em fonte.<br />

Toda a gente sabe o respeito que<br />

o sr. director das obras publicas<br />

tem pelas opiniões de A. A. Gonçalves<br />

...<br />

Para se desculpar diz ainda o<br />

sr. director...<br />

Não! 0 resto fica para o proximo<br />

numero, que já me doem os braços.<br />

T. C.<br />

Tem estado em perigo de vida o sr.<br />

José Maria Rosa de Carvalho, o amigo<br />

das andorinhas.<br />

Partiu para o Bussaco, onde vae<br />

passar algum tempo com sua ex. ma<br />

familia, o sr. dr. José Nazareth, clinico<br />

justamente respeitado e estimado<br />

nesta cidade.<br />

Boa viagem e restabelecimento<br />

prompto,<br />

Carta de Lisboa<br />

Tendo de restituir a um edifício tauração noutro estylo, e sujeitando<br />

pois encontradas e entregues á po-<br />

a sua physionomia antiga, o sr. di- a nova reforma a uma janella antiga, Mas não, o sr. director das obras<br />

licia. r<br />

rector das obras publicas tentou al- alterando-lhe primeiro as propor<br />

E o contagio do exemplo e da<br />

publicas, em vez da chaminé mo- Lisboa, 7 de agosto de 1896<br />

terar o aspecto grandioso do que ções.<br />

impunidade, que subverte a socienumental,<br />

pôz uma chaminé ridi-<br />

ainda restava e lhe devia ter servi- Ora no estylo manoelino, como<br />

dade portuguêsa numa onda infacula.<br />

Á hora em que lhes escrevo ain<br />

mante de traições e de latrocínios!<br />

do de guia. O paço devia ser res em todos os estylos, ha sempre rela<br />

da não está resolvida, a gréve do<br />

Em compensação, lá estão as<br />

taurado em estylo renascença, nun ções estabelecidas entre os fustes,<br />

gaz.<br />

bellas galerias de branca cantaria,<br />

ca em estylo manoelino.<br />

as bases* e os^capiteis. Uma colum-<br />

Todavia, dois factos são verda-<br />

não se sabe para quê, naturalmente<br />

Partiu para a Felgueira o nosso<br />

deiros e certos: Que vão ficar sem<br />

na manoelina a que se modifiquem<br />

amigo Miguel Barata, conceituado<br />

para gallinhas e patos, que é o que pão algumas dezenas de trabalha-<br />

E o sr. director das obras"publi- as dimensões do fuste, da base, ou<br />

industrial d'esta cidade.<br />

costuma haver nos paleos das cosidores e que, Centeno, Barjona, Arcas<br />

quiz mandar abrir janellas ma- do capitel deixa de ser uma columnhas.royo,<br />

e Marianno juntamente com<br />

noelinas na parte do edifício que na manoelina, para ser uma coisa<br />

um extrangeiro têm o governo e a<br />

fecha o pateo, janellas condemna- sem nome.<br />

camara de Lisboa ás suas ordens.<br />

 próxima exposição de Paris<br />

Mas ha mais ainda: parte das<br />

das pela magnifica varanda renas- As janellas manoelinas, são janel-<br />

x<br />

As construcções, trabalhos de de-<br />

cantarias lavradas aproveitadas na<br />

coração e installação eslão orçadas<br />

cença.las<br />

fortes, pesadas, d'umajdecoração<br />

restauração do paço episcopal, vie- Continua a especular-se na im- em 18 mil contos.<br />

muito variada; as janellas do paço<br />

ram do theatro académico e tinham prensa com o caso da ilha da Trin- Os dois palacios, para os quaes<br />

episcopal, são excessivamente es-<br />

E o sr. director das obras publi<br />

sido feitas sob a direcção de Nicola<br />

dade.<br />

foi aberto concurso, cuslam 3:600<br />

guias e monotonas, sem variedade<br />

Trabalho escusado.<br />

contos.<br />

cas quiz substituir a porta d'entra-<br />

Bigaglia.<br />

de linhas, nem de decoração.<br />

Todos sabem que Soveral nada A exposição de 1889 lançou na<br />

da de bello estylo renascença por<br />

Ora o thealro académico era mais fez do que obedecera uma or-<br />

As únicas janellas manoelinas que<br />

grande capital uma somma calcula-<br />

uma porta em estylo manoelino,<br />

planeado em estylo neo-grego.. . dem da Inglaterra para fingir de arda em 100 mil contos, sendo 60<br />

havia no paço, deu cabod'ellaso sr.<br />

quando o resto do edifício pedia uma<br />

bitro.<br />

mil gastos alli por extrangeiros.<br />

director das obras publicas, alte-<br />

porta em estylo renascença, e quan-<br />

, A Inglaterra a tomar a sério Sorando-lhes<br />

as proporções.<br />

E lá ficaram as decorações neo-<br />

E tudo leva a crêr que em 1900<br />

veral !<br />

do o respeito pelos que neste mun-<br />

a affluencia de extrangeiros seja<br />

Hoje no paço episcopal não ha<br />

gregas na restauração manoelina! Alguém acredita nisso?<br />

muito maior.<br />

do honraram o seu nome com obras<br />

uma janella manoelina.<br />

boas, exigia a conservação e restau-<br />

x<br />

Ora, para se desculpar, diz o sr.<br />

ração da velha porta renascença<br />

que lá está, encimada pelos brazões E deu-se até nm caso extranho.<br />

director das obras publicas: foi o Todavia este acontecimento deu Parle na próxima terça feira para<br />

logar a um balão de ensaio. Beno-<br />

Gonçalves que aconselhou a restaura-<br />

o extrangeiro em viagem de recreio<br />

de D. Jorge d'Almeida e D. João As duas janellas manoelinas não<br />

vam a alliança inglêsa em toda<br />

ção em estylo manoelino.<br />

o sr. dr. Henrique de Figueiredo.<br />

Soares, os magníficos Bispos de tinham a mesma altura, e por isso<br />

sua vilania.<br />

Coimbra que encheram esta bella mais baixa era mais estreita. O<br />

E assim num periodico, cujo no-<br />

cidade de construcções e monumen- que faz o sr. director? Corta a dif- Pois não foi, não senhor. me não pronunciaremos, um artigo<br />

0 que convém á monarchia!<br />

concluía por estas palavras:—Viva<br />

tos que gritam os seus nomes, imficuldade, mandando que se aug-<br />

a Inglaterra !<br />

Corre mundo uma estatística, repondo-os<br />

ao nosso respeito. mentem os fustes das columnas, O sr. A. A. Gonçalves, vendo Leram bem?<br />

centemente publicada, da percenta-<br />

por forma a que as duas janellas que as janellas manoelinas iam<br />

O sr. director das obras publi-<br />

x<br />

gem dos analphabetos nas diversas<br />

geminadas tenham a mesma al- desapparecer, e vendo a falta de<br />

cas, tendo um edifício de estylo do<br />

nações da Europa.<br />

tura! ...<br />

respeito com que ellas andavam Acaba de entrar na cadeia o sr. Portugal tem o logar d'honra, é<br />

renascimento a restaurar, julgou que<br />

pelo chão, sempre ameaçadas de Faustino da Fonseca, director do da cabeça do rol, figura nella<br />

cumpria o seu dever destruindo tudo<br />

jornal A Vanguarda.<br />

o que ainda restava das antigas E lá ficou no meio uma janella serem destruídas, disse: O sr., que<br />

com a percentagem de 67,35 por<br />

Como fui seu advogado não que- cento, eslá mesmo muito acima da<br />

construcções renascença por con- muilo estreitinha, doente, thysica é um homem de gosto, não deve deiro agora explanar-me sobre o as- Turquia, que apenas nos apparece<br />

strucções modernas de estylo ma- Parece até que a tossir perdeu o xar perder as janellas, aproveite-as sumpto, pois alguém o poderia in alli com 14,79.<br />

noelino !...<br />

columnellofdo meio.<br />

em qualquer parte.<br />

lerpretar como eu não quero que Eis a estatística:<br />

Ora aproveitar uma janella ma- interpretem nunca os meus actos e<br />

E ahi está,[como o sr. director noelina pode fazer-se num palacio<br />

as minhas palavras.<br />

ANALPHABETOS<br />

O manoelino do sr. director das<br />

Limito-me a recordar que vae<br />

p. C.<br />

das obras publicas, querendoVestau- renascença, mas deve ver-se bem<br />

obras publicas!...<br />

preso por ter dito da camara mu Portugal 67,35<br />

rar um edifício renascença, apre- que o que determinou a sua con- nicipal algumas palavras amargas llalia 52,93<br />

sentou um plano em estylo manoeservação foi o respeito pela arte. É e verdadeiras.<br />

Bolonha 39,82<br />

Hungria 37,69<br />

lino; e querendo fazer um plano um objecto que se conserva como A camara municipal de Lisboa,<br />

Rússia 36,42<br />

manoelino se foi determinar por relíquia. Tem-se feito isso muita sabem o que ella é, não é verdade? Áustria 36,70<br />

um motivo decorativo, alterando a vez em restaurações contemporâ- Bem, adiante.<br />

Grécia 25,18<br />

feição manoelina a uma janella, neas. Ha exemplos vulgarissimos<br />

Protesto contra esta prisão, como Roumania 17,75<br />

protesto contra todos os attentados Bélgica 15,22<br />

sujeitando toda a decoração d'uma em Italia.<br />

Turquia da Europa . 14,79<br />

aos princípios que defendo como<br />

Bohemia e Moravia . 8,98<br />

fachada a um erro propositado.<br />

sei, como posso e como quero,<br />

Hespanha 8,71<br />

O habito de errar.<br />

Irlanda<br />

x<br />

Calor insupportavel.<br />

Tudo foge para as praias.<br />

A politica, soccegada, sem um<br />

protesto.<br />

E o que resulta da sem vergonha<br />

em que se vae vivendo.<br />

Vamos com Deus.<br />

João de Menezes.<br />

Dr. Sousa Refoios<br />

Em companhia de sua ex. ma esposa<br />

e filhos partiu para a praia de Espinho<br />

este uosso estimável amigo e distincto<br />

lente da faculdade de Medicina.<br />

A latrofolia!<br />

Foi descoberto no Porto um novo<br />

crime de violação de cartas e valores<br />

subtrahidos pelo 2. 3 aspirante<br />

ados correios Albano de Mattos, em-<br />

regado na ambulancia da linha do<br />

linho e Douro.<br />

Ha seis mêses que se entrega a<br />

esta fraude, segundo as próprias<br />

declarações do prêso.<br />

Para se desembaraçar de provas<br />

compromettedoras, quando ha dias<br />

o comboyo atravessava a ponte de<br />

D. Luiz, arremessou ao rio Douro<br />

um maço de cartas, que foram de*<br />

7,27<br />

França<br />

3,50<br />

Inglaterra 3,49<br />

Hollanda 3,38<br />

Escossia 2,83<br />

Allemanha 2,49<br />

Noruega 1,02<br />

Suécia 0,74<br />

Suissa 0,60<br />

Dinamarca 0,49<br />

Não é risonho este quadro?<br />

E no entanto, é crente na immuabilidaded'este<br />

numero, que a todo<br />

o custo trata de manter, que a monarchia<br />

vae vivendo no nosso país:<br />

— á sombra do torpe indifferentismo<br />

d'uns, explorando a ignorancia<br />

da maior parte.<br />

Acha-se na Figueira da Foz com<br />

sua ex. ma familia o capitalista d'esta<br />

cidade e nosso amigo sr. José Ferreira<br />

Barbedo Vieira.<br />

Pereceu afogado.na quinta feira, pelas<br />

2 horas da tarde, no rio Tejo, o<br />

jedreiro Ignacio Marques.<br />

O infeliz operário contava apenas 19<br />

annos, era solteiro e natural de S. Martinho<br />

do Bispo, d'este concelho. Era<br />

lho de Antonio. Marques e de Emilla<br />

Cardoso, residentes em Lisboa.<br />

Foi muito sentida a sua morte entre<br />

os seus companheiros de trabalho, porque<br />

elle era dotado d'um bondoso co^<br />

ração.

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