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Obra Completa

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O que não riria a Commissão dos<br />

Monumentos Nacionaes que já o ouvira<br />

em Lisboa, quando elle fôra<br />

informa-la das obras da Sé Velha?<br />

D'essa vez veiu elle de Lisboa<br />

dizer-nos: os homens ficaram satis-<br />

feitos, e approvaram tudo.<br />

Pessoa de toda a auctoridade que<br />

assistira a essa reunião disse-nos<br />

porém: — Se vocês queriam que as<br />

obras fossem condemnadas, andaram<br />

bem. Elle fosse tantos disparates, que<br />

a todos se impunha a obrigação de<br />

mandar parar as obras.<br />

E assim devia ser; porque o sr.<br />

director das obras publicas não sabe<br />

nada. E elle mesmo que o diz a todo<br />

o momento.<br />

Ou sabe?<br />

Falle homem, pôde fallar uma<br />

vez na vida.<br />

Ha exemplos historicos...<br />

Quando foi para entregar a egreja<br />

de Santa Cruz o sr. director das<br />

obras publicas pediu nova syndicancia.<br />

O Gonçalves pediu-me que cor<br />

tasse o final do periodo e eu cor<br />

tei-o.<br />

Mais lhe devo eu.<br />

Mas fiquei sem saber como aca<br />

bar.<br />

Acabem vv. ex. aí como quizerem,<br />

que no proximo numero... começarei<br />

eu.<br />

Imaginem!...<br />

RESISTENCIA — Domingo, 26 de julho de 1896<br />

T. C.<br />

Foi hontem demolida uma latrina<br />

feita de taboas pôdres, que a direcção<br />

das obras da Sé Velha fez<br />

construir arrimada á parede do<br />

templo!!<br />

Por occasião das festas da Rainha<br />

Santa tínhamos aqui instado por<br />

que desapparecesse aquelle foco<br />

immundo, d'um cheiro pestilencial.<br />

Engendrada haverá talvez dois annos,<br />

nunca foi limpa!...<br />

Pois só hontem se desmanchou!<br />

E assim se mostrou ao mundo,<br />

que se tem auctoridade e— não se<br />

aceitam imposições!<br />

Carta de Lisboa<br />

«Não bastam, porém, desabafos.<br />

A nação quer que nós, os republicanos,<br />

sejamos alguma coisa mais<br />

do que vãos declamadores, vociferando<br />

sempre contra os males e erros<br />

do passado e do presente. Quer<br />

que tenhamos ideias, que lhe digamos,<br />

não palavras, mas coisas, que<br />

lhe mostremos que estudamos as<br />

causas dos seus soffrimentos e procuramos<br />

achar-lhes remedio. Tal é<br />

a nossa missão neste momento cri<br />

tico da vida nacional, em que a própria<br />

monarchia se vê sem gente e<br />

em que a nação pergunta, quaes<br />

são os homens — venham elles d'on<br />

de vierem — capazes de a governar.<br />

Tem o nosso partido no seu grémio<br />

homens de grande valor, uns<br />

que toda a gente conhece como republicanos,<br />

outros que do publico<br />

se occultam discreta, modesta ou<br />

timidamente. Que esses cidadãos<br />

appareçam e digam o que pensam<br />

sobre os problemas da administra<br />

ção do Estado. Se querem guardar<br />

o incógnito, appareçam de dominó,<br />

assignem com pseudonymo; mas<br />

mostrem que sabem, que lêem, que<br />

estudam, que têm ideias, um plano,<br />

em summa, orientem a opinião.»<br />

Receita<br />

i<br />

Venda de bilhetes no dia 10 81.51980<br />

Idem, no dia 12 660660<br />

Idem, no dia 11 490830<br />

Donativos de diflerenle cavalheiros<br />

120800<br />

Somma... 2110270<br />

Despeza<br />

Aluguer de cadeiras 240800<br />

Illuminação nas 3 noites 530220<br />

<strong>Obra</strong> de carpinteiro e pintor 240220<br />

Despesas diversas 250840<br />

Somma..<br />

Saldo...<br />

1280080<br />

830190<br />

Saldo em dinheiro em podêr do thesoureiro<br />

do Gymnasio: 830190 réis.<br />

Alem d'este saldo ha 150 prendas<br />

no valôr de 1300000 réis de que a<br />

commissão deliberou fazer uma rifa<br />

com todos os bilhetes premiados, prevendo<br />

assim obter um lisongeiro resultado,<br />

para q fim que tem em vista.<br />

Os documentos da receita e despesa<br />

podem ser examinados pelos socios<br />

ou pessoas interessadas na sede do<br />

Gymnasio.<br />

X<br />

A Direcção do Gymnasio, em nome<br />

dos promotores, agradece penhoradissimi<br />

a todas as pessoas que se dignaram<br />

concorrer com prendas, donativos<br />

ou ainda com o seu auxilio em favôr<br />

d'este basar, cujo producto integral é<br />

destinado â compra do armamento para<br />

o batalhão infantiL<br />

Litteratura e Arte<br />

a Commissão dos Monumentos Na- Da antiga veiu apenas o sr. Mar-<br />

Concordo.<br />

cionaes, sem primeiro ella ter auctodel, homem muito alegre e que sabe<br />

Mas<br />

risado a abra delineada.<br />

fazer, diz elle, pasteis, como nin-<br />

?!<br />

Lisboa, 24 de julho de 1896.<br />

Para que tantos cuidados, se tudo guém.<br />

Torno a repetir que concordo com<br />

estava tão bem e o sr. director das Não veiu o sr. Ramalho Ortigão, Hoje, 24 de julho, dia da entra- o que diz o dr. Ferrari que eu con-<br />

obras publicas tinha revellado com- e foi pena.<br />

da, em Lisboa, do exercito que lusidero, apezar de divergir, em muipetência<br />

tão extraordinaria?<br />

ctava ingenuamente por uma libertos pontos, d'elle, um homem hon-<br />

Naturalmente excessiva modéstia O sr. Ramalho Ortigão tem ha dade que julgou digna e sincera, lerado. do sr. director das obras publicas... muito uma auctoridade incontestáse nos jornaes que a policia de se- O que é raro.<br />

Devia ser isso.<br />

vel.gurança<br />

vae ficar annexa á guarda<br />

x<br />

O seu ultimo livro, escripto numa municipal e sob as ordens do gene-<br />

Ora toda a gente notou que o sr. linguagem admiravel de colorido, e ral Queiroz.<br />

Pois é verdade, por desejo do rei,<br />

Ramalho Ortigão não dizia franca- de propriedade, é o maior grito que Explica o Popidar que isto se faz policia e municipal ambas unidimente<br />

& sua opinião, ese conservava se tem levantado contra todas as por desejo do rei.<br />

nhas ás ordens de Queiroz para nos<br />

prudentemente reservado, sem querer torpezas que por esse país fóra an- Estimo esta franqueza.<br />

desancarem.<br />

comprometter-se.<br />

dam fazendo Direcções d'obras pu- E agora venham dizer-me que o Dentro da Carta que é o supre-<br />

Porquê?<br />

blicas e Camaras municipaes, e nós rei eslá illudido.<br />

mo encanto ali do commendador<br />

Eu sei lá!...<br />

esperavamos que o sr. Ramalho Or- Illudido anda o povo com aquel- Cetáceo, homem prudente e de muitigão,<br />

sabendo que havia um confliles que em logar de exporem a sua ta finura.<br />

Ora de duas uma: ou o sr. Francto aberto entre os que em Coim- vida luctando pela regeneração na-<br />

x<br />

co Frazão cumpriu honradamente o bra se entregam ao estudo da ar cional andam para ahi a pedir a<br />

seu compromisso, eas obras que de- cheologia artística, e os que se ga- Carta e outras intrujices, seguros<br />

Negocios d'Africa embrulhados.<br />

pois se fizeram foram approvadas bam de tudo fazer bem, sem saber de que assim nem perderão as boas<br />

Da índia, também.<br />

pela Commissão dos Monumentos Na- de coisa nenhuma, viesse generosa graças de ninguém e não correrão<br />

Inglêses na cosia.<br />

cionaes; e então não se comprehen- mente pôr-se ao nosso lado e aju- o risco de ir para a cadeia.<br />

Tudo se resolve, hão de vêr.<br />

de a commissão de syndicancia que dar-nos com a sua auctoridade, com<br />

Sim ! Hão de vêr o que nos le-<br />

Porque de levar pancada não<br />

veiu mais tarde, e que vinha por a força da sua penna.<br />

vam ...<br />

têm mêdo.<br />

J. M.<br />

isso approvar o que já approvára E não era a primeira vez que São avisados para fugir a tempo.<br />

ou o sr. director das obras publi- isso acontecia; tínhamos o direito<br />

x<br />

cas faltou ao seu compromisso, e de o esperar.<br />

Professor distincto<br />

então a Commissão dos Monumentos Quando eu no Instituto levantei Debate-se a questão de saber se Entre os alumnos que no lyceu<br />

d'esta cidade têm feito exame de<br />

Nacionaes, ha muito que devia ter um grito d'indignação contra as res- o Vasco da Gama pôde fazer uma latim destacaram-se, pelo conheci<br />

lhe pedido contas do seu proceditaurações que andavam a fazer-se viagem até Angola.<br />

mento que revelaram de tão difficil línmento,<br />

tanto mais que o sr. Fran na Ratalha e que toda a gente ad- Os competentes dizem que elle gua, os discípulos do nosso presado<br />

amigo revd.<br />

co Frazão, como mais tarde mosmirava, e que toda a gente louvava, pôde ficar sem carvão no alto mar.<br />

traremos, não séguiu as indicações o sr. Ramalho Ortigão delegado da Mas quem se importa com a|vida<br />

que lhe foram dadas pela primeira Commissão dos Monumentos Nacio- dos marinheiros em perigo ?<br />

commissão de syndicancia. naes poz-se ao meu lado, condemnan Não foi o Índia até Moçambique?<br />

Demais, a resolução da commis- do abertamente as obras, não ob E não se sabia que a cada mosão<br />

de syndicancia foi pouco pen- stante o ter querido abafar toda a mento podia perder-se?<br />

sada. O sr. director das obras pu discussão, usando da linguagem me- Não estava elle condemnado?<br />

blicas não podia consultar para nada nos cortez na própria Commissqo Quem se importa com isso?<br />

a Commissão dos Monumentos Na- dos Monumentos Nacionaes, o sr. Lu Os desejos do rei é que prendem<br />

cionaes, porque o sr. Franco Fra ciano Cordeiro.<br />

a attenção dos seus subordinados.<br />

zão não sabe escrever, ignora com- Custa-me que o sr. Ramalho Or- A vida dos marinheiros não é as<br />

pletamente a technologia artistica tigão não viesse, para ter a alegria sumpto que interesse a esses cava-<br />

não podia por conseguinte fazer-se de o ter mais uma vez ao meu lado, lheiros.<br />

perceber.<br />

ou para discutir com elle. Ha ini- Elles não dão dinheiro, nem pré-<br />

Era como se alguém se lembrasmigos que nos honram e ser-me-ia dios, nem outras coisas ainda mese<br />

de se dirigir a um medico pedin- mais agradavel discutir polidamenlhores ...<br />

do-lhe remedio para uma determi te com elle do que ter apenas de<br />

x<br />

nada doença diagnosticada por o avaliar as opiniões do sr. Luciano<br />

doente, sem saber medicina. Cordeiro que pela insolência da lin-<br />

O sr. Horácio Ferrari escreve<br />

O medico naturalmente ria-se. guagem e pela audacia da sua igno-<br />

num artigo do Paiz o seguinte:<br />

rância, só deve ser tratado a.. .<br />

0 José Ribeiro de Liz Teixeira.<br />

Todos os estudantes que leccionou<br />

tanto em collegios como particularmente,<br />

e que declarou habilitados<br />

para exame, ficaram approvados, obtendo<br />

seis d'elles distincçôes.<br />

Tão lisonjeiro resultado, quando por<br />

ahi se diz que os exames de latim<br />

têm estado diíllceis, prova d'um modo<br />

evidente a grande dedicação d'aquelle<br />

distincto professor pelo aproveitamento<br />

dos seus discípulos. E como o<br />

melhor premio de quem tão prolkien<br />

temente desempenha a ardua funcção<br />

do magistério é vêr coroado de bom<br />

êxito as suas incessantes fadigas, felicitamos<br />

cordealmente o revd. 0 CARTA DE NAMORO<br />

Não sei. Não sei se és tu...<br />

A procurar-te corri hoje a floresta.<br />

Ha tanto tempo que lá não ía!<br />

Os fetos, meus amigos, beijavamme<br />

os pés, os platanos, murmuravam<br />

em cima, e a abraçar-me iam-me<br />

afogando as madresilvas.<br />

Acabava o dia.<br />

O sol vermelho rolava ao fundo<br />

como um disco de cobre, roendo<br />

o dorso dos montes, e a terra mordida<br />

agitava-se e tremia na vibração<br />

da ullima caricia vermelha de prazer.<br />

No meio das arvores o ar era<br />

todo verde e leite, como o fundo<br />

da agua...<br />

Lembrou-me então o amor que<br />

eu tive por uma sereia que morava<br />

num palacio maravilhoso no fundo<br />

d'agua assim transparente e verde<br />

e puz-me a pensar em ti que eu<br />

não conheço e me dominas.<br />

Pouco a pouco ia-se sumindo<br />

o sol.<br />

Havia um nevoeiro verde apenas<br />

em baixo, pouco acima dos fetos.<br />

Ao alto no ceo já branco de<br />

prata insculpia-se negra a ramaria<br />

das arvores.<br />

Parecia-me que a todo o momento<br />

tu ias apparecer....<br />

Tu, que eu não conheço...<br />

Nasceu-me este amor, quando<br />

nasceram as flores, e andei toda a<br />

primavera a procurar-te, a sorrir a<br />

todas as flores, sem te encontrar.<br />

As flores começaram a amar-me...<br />

Começaram; que eu bem percebi.<br />

Um dia encontrei um lyrio a<br />

chorar, eas rosas deixavam-se cahir<br />

sobre o chão mortas damor, quando<br />

eu passada sem as ver, a procu-<br />

Liz Tei rar-te.<br />

xeira pelas approvações que os seus<br />

discípulos obtiveram.<br />

Julguei que tu morresses, quando<br />

morressem as flores, e andei a<br />

chorar com ellas, a espreitar a sua<br />

Bastir promovido nos dias 10,

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