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apenas um trabalho d'erudição, é<br />
uma lição d'arte e faz-se num livro<br />
ou levanta-se num modelo.<br />
No livro descreve-se o estado do<br />
edifício, analysa-se historicamente<br />
toda a obra, marcam-se as superfetações<br />
e traça-se em desenhos a<br />
reconstituição, como a mostrou o<br />
trabalho do historiador e do archeologo.<br />
Noutras partes levanta-se em<br />
gesso ou em madeira um modelo<br />
que mostre rapidamente o aspecto<br />
primitivo do templo, como o revelou<br />
o trabalho do critico e do antiquario.<br />
Algumas vezes, o modelo é feito<br />
em metaes preciosos, lavrado em<br />
ouro ou prata e serve de relicário á<br />
relíquia do santo que fez levantar<br />
antigamente aquelle templo, a que<br />
vinham de tão longe caravanas de<br />
peregrinos a agradecer ou implorar<br />
o milagre; e lá se conserva no thesouro<br />
a preciosa reconstituição;<br />
mas o templo fica na mesma, como<br />
o fez a piedade dos fieis.<br />
sa, tivesse acompanhado sempre os<br />
artistas de todas as epochas.<br />
Se este principio é respeitável<br />
em qualquer parte, no nosso país<br />
é uma necessidade fazê-lo acceitar.<br />
Se entre nós se admittisse principio<br />
tão salutar, não teríamos de lamentar<br />
as obras vergonhosas de<br />
,orpe restauração que se tem feito<br />
)or esse país fóra.<br />
Conviria que se limitassem as<br />
obras á simples conservação dos<br />
edifícios, até que em Portugal hou<br />
vesse alguém competente e respeitador<br />
da arte e da opinião publica,<br />
a quem podesse entregar-se o cuidado<br />
das ruinas do nosso passado<br />
artístico.<br />
O segundo modo de vêr cujo ideal<br />
seria uma restauração em que nin<br />
guem differençasse o antigo do que<br />
RESISTENCIA - Domingo, 13 de setembro de 1896<br />
Carta de Lisboa<br />
Lisboa, 31 de julho de 1896.<br />
Dia da outhorga da Carla Constitucional<br />
o de hoje, convinha celebrá-lo<br />
por maneira a demonstrar<br />
mais uma vez que a Carta é uma<br />
intrujice, a coberto da qual o rei faz<br />
o que quer.<br />
E assim o nosso D. Carlos, furioso<br />
porque nas paredes lia a pa-<br />
Não se está disposto a alurar-<br />
Ihes as impertinências indelicadas.<br />
De resto Veiga melhor fará pensando<br />
que não se pôde ter relações<br />
com elle desde que escreve a escrocs<br />
trataqdo-os por «amigos do coração».<br />
João de Menezes.<br />
Litteratura e Arte<br />
BALLADA<br />
Ohl Se alguém te visse o corpo<br />
vestido do meu desejo...<br />
Da estriga dos teus cabellos louros,<br />
que eu ando, ha tanto tempo,<br />
A caçada aos padres a fiar com meus beijos, faria o veu<br />
A Nação e a Palavra, referindo- )ara te envolver a cabeça.<br />
lavra Republica, titulo do novo jorse ao anniversario da selvagem canal<br />
de João Chagas, chamou o João çada aos padres, effectuada em 30 E andaria sempre a tua cabeça<br />
Franco e deu-lhe ordens.<br />
de julho do anno passado, afirmam, envolta do murmurio dos meus<br />
Quaes ellas foram vê-se do edi- o que de resto já era ha muito sa- jeijos.<br />
tal hoje affixado em varias paredes bido, que essa caçada foi planeada<br />
de Lisboa, não esquecendo a do pré- pelo fallecido Carlos Lobo d'Avila<br />
dio do jornal do Chagas.<br />
e executada pelos agentes do go- O teu vestido seria transparen-<br />
Nesse edital se diz o que veverno com o auxilio de certos pere, côr do luar quando nasce, e é<br />
rão pelos jornaes, embora eu não digões ao serviço da corregedoria. ainda dourado do ultimo raio de<br />
me dispense de transcrever d'e)fe a É bom que isto se saiba. sol.<br />
E seria leve e acariciador como<br />
preciosidade que segue:<br />
a ponta dos meus dedos.<br />
se fez de novo, corresponde para «Art. 4 É prohifoido expor No jantar dado ao ar livre com gui Mal te tocaria os quadris, redon-<br />
ao publico ou affixar nos logares tarrada, pela sr.* D Maria Pia, na dos, como os sonham meus olhos,<br />
nós a uma mystificação, é censurá- públicos, cartazes, annuncios, dísticos, quinta de Monserrate, desappareceram e cahiria sobre o chão, sempre a<br />
vel como a restauração d'um perga lottreiros, figuras, quadros, estampas, uns seis talheres de metal branco<br />
imagens ou publicações offensivas de Não admira.<br />
ondular ao vento, a enrugar-se e a<br />
minho, criminoso como a falsifica alguns dos poderes políticos ou de qual- Têm d'estes inconvenientes as pandi- íeijar-te os pés dourados, como a<br />
ção d'uma escriptura.<br />
quer corporação ou corpo collectivo gas nas hortas.<br />
renda d'espuma que o mar faz<br />
que exerça funcções publicas, da mo-<br />
quando mordo a areia loura da praia.<br />
Com um critério assim acaba-se ral publica, do decoro e honra dos func-<br />
É respeitável este modo de ver na penitenciaria.<br />
cionarios e dos particulares, ou que Condemnação de Jameson<br />
provoquem manifestações contrarias á<br />
i<br />
E seria como o vestido da lua,<br />
ordem publica.»<br />
0 jury do alto tribunal de Londres que dizem que mata quem o olha.<br />
Para outros a restauração dos Respeitámos também a opinião<br />
proferiu no dia 28 o seu veredictum,<br />
velhos monumentos é cousa per- dos que limitam a restauração á evo Leram bem: expor ao publico ? condemnando o famigerado dr. Jameson,<br />
o invasor do Transwaal, a 15<br />
mittida.<br />
cação do sonho antigo do esculptor, Por este processo simplifica-se<br />
E seria como o nevoeiro que<br />
mèses de prisão, e os seus sequazes<br />
Deve-se procurar livrar os tem- deixando bem a claro a obra nova toda a complicada patifaria da obra<br />
morre quando aquece o sol, tecido<br />
o major White a 7 m&-es; Coveritry<br />
plos de tudo o que encubra a con- de modo a excluir toda a idêa da<br />
de Lopo Vaz.<br />
Grey e o coronel White a 5 mêses que se desfaria ao calor dos meus<br />
Expôr ao publico, pôde ser ven e Willoughby a 10 mêses.<br />
beijos.<br />
cepção do architecto primitivo. falsificação de toda a obra empre-<br />
der ao publico, mostrar ao publico Como deve estar triste o sr. du So<br />
Mas ainda aqui se dividem as hendida.<br />
para que compre.<br />
verall<br />
Se algum dia o meu desejo ves-<br />
opiniões.<br />
É como se num velho pergami- Portanto a policia lê o jornal,<br />
tisse o teu corpo...<br />
nho roído pelo tempo, alguém pie- não lhe agrada? Jornal apprehen- Espera-se que o Tramway-Coim-<br />
Uns querem que se refaça por dosamente tapasse os buracos, esdido e mais penas da lei seguidabra-Luso comece a funccionar no<br />
completo a obra antiga, creando de crevendo as palavras que o estudo<br />
mente.<br />
meiado d'esle mês.<br />
Eu andaria sempre de rastos a<br />
É nestas alturas que os patriotas<br />
.estender as mãos para tu pôres os<br />
novo decorações nos si tios d'onde lhes indicasse lerem desapparecido,<br />
gritam pela Carta, pedem a liber-<br />
pés, sentindo no hombro nu a ca-<br />
desappareceram as antigas, tentan na sua calligraphia, sem pretensões<br />
Diz O Popular que o facto de o rei<br />
dade e esperam que os filhos de<br />
ricia das tuas unhas, o calor da<br />
se fazer acompanhar, na sua próxima<br />
do dar ao baixo relevo, ao friso, ao a querer enganar ninguém. Passos nos deixem á vontade. viagem ás Caldas, pelo sr. du Soveral ponta dos teus dedos.<br />
capitel, o sabor archaico da obra Mas teremos tempo de fallar nisto É nestas alturas que os cynicos é «por ter comprehendido que, de<br />
primitiva.<br />
mais devagar.<br />
e cobardes se lembram de accusar pois de factos recentes, o sr. Sove-<br />
as impaciências da gente nova e lhe<br />
ral carece de ser coberto!»<br />
Toda a vida andaria de rastos,<br />
Para estes, o ideal da restauração V. ex." devem estar cançados já.<br />
Querem ver que dentro em pouco parando onde parasse o teu capri-<br />
recommendam — que não cáia no tempo ternos a verificar um novo cho.<br />
seria o não poder ninguém reconhe-<br />
desagrado dos adversarios. aCds de Mr. Guerin/» Se o diabo já<br />
cer onde houvesse obra nova, con- Li tudo outra vez.<br />
Como se os que faliam claro e disparou uma trancai<br />
seguir insufflar o mesmo sentimento Não é tão bom escrever tanto verdadeiro, estejam dispostos a es-<br />
E nunca levantaria a cabeça!<br />
que palpita nos restos em que tocou tempo d'arte sem ter de fallar em... perar pela quéda do ministério para Tourada na Figueira<br />
apenas o cinzel dos primitivos es- Não! Hoje ha de ser completo o dizerem o que sentem ou fazerem o<br />
Pôde lá mais na vida levantar a<br />
que querem.<br />
Com uma brilhantissima tourada<br />
culptores, em tudo o que teve de prazer. Nem onomed'elles escreve-<br />
cabeça quem tenha olhado uma vez<br />
Positivamente a baixêsa do go- inaugura no proximo dia 9 o Coly-<br />
fazer-se de novo.<br />
rei.<br />
os teus pés...<br />
verno explica-se: — E que desce a seu Figueirense a sua epocha tau-<br />
T. C procurar a baixêsa dos cobardes. romachica.<br />
Outros, finalmente nas, restaura-<br />
De crer é que esta festa seja Frescos, como uma flôr.<br />
ções reproduzem apenas as linhas<br />
enormemente concorrida, attenden- Parece que nunca foram calça-<br />
Congresso internacional de chimica Mestre Veiga, esse pequenino do aos esforços que a digna diredos, e que nunca andaram descal-<br />
geraes. As molduras, os capiteis,<br />
Inaugurou-se em Paris, no dia 27, juiz e mais pequeno policia mancção da companhia do Colyseu em ços; pés sonhados que tivessem ca-<br />
os frisos, toda a obra que desappa- o Congresso Internacional que ha de dou dizer por um criado ao João prega para tornar este espectáculo minhado sempre sobre beijos.<br />
receu, fica apenas esboçada.<br />
estudar as applicações da chimica. Chagas que fosse fallar-lhe. e os da presente epocha o mais<br />
Presidiu á sessão o illustre chimico<br />
O Chagas respondeu o qub devia attrahentes possível, já esmerando-<br />
Berthelot, que pronunciou um interes-<br />
Os dedos parecem os das mãos<br />
Nós respeitamos a primeira opisantíssimo discurso, enumerando e e para que não houvesse duvidas se na escolha do gado, já chamando e pedem a caricia do ouro e das<br />
nião. !<br />
elogiando os progressos alcançados chamou um amigo para ouvir: os mais afamados artistas portuguê- pedras preciosas.<br />
pela chimica nos últimos annos.<br />
— Diga ao sr. Veiga que o não ses e bespanhoes.<br />
Somos contra as restaurações. Até hoje adheriram ao congresso conheço pessoalmente. Por conse- E nem lhes faltará a vida e ani-<br />
Se o edificio civil ou o templo 1:597 chimicos, sendo 602 extrangeiquência<br />
não tenho nada que fazer mação que só lhes sabem imprimir São^ fortes, longos, duros e flexíros.<br />
são um documento, se são uma<br />
O congresso reservou 11 vice-presi- no governo civil onde não posso ser as filhas de Hespanha, que nesta veis, como o aço, perfumados, como<br />
lição d'historia, essa lição lê-se dencias para os extrangeiros. chamado senão por dois motivos: quadra afíluem a essa bella cidade, um lyrio côr de rosa.<br />
numa monographia, ou vê-se bem Nas sessões, tanto geraes como de Ou para negocios particulares ou e este anno mais do que nunca,<br />
secção, tratarão os congressistas de<br />
num modelo.<br />
para negocios officiaes. Negocios seduzidas pelos encantos da mais Mal se apoiam sobre o chão.<br />
examinar os progressos realisados pelas<br />
particulares, como não conheço o formosa e pittoresca praia de Por-<br />
Para dar a um templo a sua industrias desde 1894, e* especial-<br />
A planta do teu pé é cavada,<br />
feição antiga alterada pelo trabalho<br />
mente pela de fabricação de assucar. sr. Veiga elle se quizer que os vetugal. numa cova pequenina, em que ca-<br />
Também parece que, por desejo nha tratar aqui, onde o espero até A los toros t<br />
bem a custo meus lábios...<br />
de muitas gerações, eu não preciso expresso dos governos, se occuparão ás 6 horas da tarde, recebendo-o Eis a lista completa dos artistas<br />
destruir as obras mais modernas, em fixar os methodos de analyses que como recebo toda a gente que me para esta corrida:<br />
se devem adoptar nas futuras legisla-<br />
vejo-a bem sem fechar os olhos,<br />
procura. Negocios officiaes não se Cavalleiros—Os distinctos artis- Pôde lá mais levantar cabeça<br />
ções industriaes.<br />
olhando bem os restos do edificio.<br />
tratam por convites. 0 sr. Veiga tas Fernando d'01iveira e Gomes quem um dia tenha beijado os teus<br />
que me intime e então irei.<br />
Duque.<br />
pés...<br />
Assiste a este congresso como re<br />
Espada—El Quinite, o celebre Coimbra, 31-YII-96.<br />
Demais o estado em que se acha presentante do governo português o<br />
matador de novilhos e sua cuadrio<br />
templo é uma lição d'outra espe- sr. Charles Lepierre, distincto profes- Veiga embatucou, mas o Edital Iha.<br />
T. C.<br />
sor da Escola Industrial Brotero, d'esta<br />
cie, ensina o respeito que se deve cidade.<br />
vingou-o.<br />
Bandarilheiros—- Os estimados<br />
ter pela obra dos outros, mostra Não levou ajudas de custo nem re- Não sáe a Republica, sáe a Mar- artistas do Campo Pequeno; Theo*<br />
0 sr. Leopoldo Battistini, professor<br />
como teria sido útil, que este prin cebe por portas travessas, porque se selheM.<br />
doro. Cadete e Salgado.<br />
de desenho elementar da escola Indus-<br />
tracta d'uma coisa séria. Se fôsse para Veiga embatucará sempre que Director da corrida o sr. Jayme trial d'esta cidade, obteve licença para<br />
cipio do respeito pela arte, que é uma pandiga a Buda-Pesth, despeja vam- pretender sair da lei,<br />
Henrique.<br />
lr passar as feria» ao extrangeiroi<br />
de hoje, que ó uma conquista nos< se as arcas do thesouro.