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Obra Completa

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A questão das licenças<br />

Em sessão de quinta-feira, além<br />

da representação ao governo para<br />

a creação das escholas em Santa<br />

Clara que noticiamos noutro logar,<br />

a camara municipal resolveu pedir<br />

ao governo que extinga a corporação<br />

dos vigias creando outra<br />

de zeladores municipaes para occorrer<br />

ás necessidades da hygiene,<br />

limpeza e fiscalização d'impostos,<br />

composta de quarenta individuos<br />

com o ordenado annual de 100$>000<br />

réis e que faça uma revisão na lei<br />

que exige o pagamento de licenças<br />

aos commerciantes e industriaes.<br />

Relativamente a este ultimo assumpto,<br />

em que o governo já attendeu<br />

em parte as reclamações dos<br />

commerciantes, a deliberação da<br />

camara foi motivada pela seguinte<br />

representação que a Associação<br />

Commercial lhe dirigiu:<br />

Ill. mo e Ex. mo Sr.—A Associação Commercial<br />

de Coimbra, em assemblêa<br />

geral de 28 d'agosto p. passado deliberou,<br />

por unanimidade, dirigir-se ao<br />

illustre Senado conimbricense pedindo<br />

para que, como legitimo representante<br />

dss munícipes, represente ao governo<br />

de sua majestade impetrando a revisão<br />

da lei de 21 d'outubro de 1863, relativamente<br />

ás licenças para os estabelecimentos<br />

considerados insalubres, incommodos<br />

ou perigósos, e que só ultimamente<br />

foi mandada pôr em execução<br />

mediante o pagamento de 10)5000 réis<br />

de sello e custas do respectivo processo,<br />

o que tão vivamente impressionou,<br />

não só as attingidas pela lei, como<br />

o publico em geral.<br />

A esta lei vem annexas três tabellas<br />

com a designação dos estabelecimentos<br />

sujeitos á licença.<br />

Reconheceu esta Associação que ha<br />

uma certa ordem de estabelecimentos<br />

a quem a licença para o seu funccionanamento<br />

se torna necessaria, sem com<br />

tudo discutir a justiça ou injustiça do<br />

sello applicado, desde que esses estabelecimentos<br />

pagam a contribuição industrial<br />

da sua laboração. São elles<br />

pouco mais ou menos os que fazem<br />

parte das tabellas n.° 1 e 2, cornprehendendo<br />

os grandes depositos de<br />

matérias inflammaveis, mas não explosivas;<br />

as fabricas com machinas de<br />

pressão, afim de velar pela segurança<br />

de seus operários e condições hygienicas;<br />

os estabelecimentos que pela reconhecida<br />

insalubridade da sua industria,<br />

precisem egualmente satisfazer a<br />

determinadas condições hygienicas a<br />

bem da saúde publica, etc.<br />

33 Folhetim da RESISTENCIA<br />

JOÃO DAS GALÉS<br />

XXI<br />

O porteiro do n.° 53<br />

—Sim, disse Hélène.<br />

—Permittls que vos indique o Hotel<br />

do Louvre? Ide habitar ahi. Mandarei<br />

para lá um agente que ficará às vossas<br />

ordens.<br />

— Irei, disse Hélène.<br />

A que fôra duquêsa de Villedieu<br />

tomou um fiacre e fez-se conduzir ao<br />

boulevard Malesherbes, n.° 102.<br />

—Ide, disse ella ao cocheiro, apenas<br />

chegaram, saber se M. Gribeauval está<br />

em casa.<br />

— Ah I estava certo de que virieis<br />

aqui! disse um homem que introduzira<br />

a cabeça pela portinhola.<br />

E saltando rapidamente para a boleia,<br />

pegou nas redeas e chicoteou os cavailos<br />

com toda a força.<br />

Hélène reconhecera seu marido. Deitou<br />

a cabeça de fóra e gritou : «Soccorro!»<br />

Os transeuntes correram atraz do<br />

carro.<br />

João Gerin, vendo que la fatalmente<br />

ser agarrado, saltou abaixo do carro<br />

e fugiu.<br />

— Que ha?, perguntaram os guardas<br />

4a paz que Unham apparecido.<br />

Está de luto pelo fallecimento de<br />

uma sua irmã, o sr. José Rodrigues<br />

Paixão, honrado industrial nesta cidade.<br />

De visita a sua ex. ma familia acha-se<br />

nesta cidade o integerrímo juiz de<br />

Mirandella sr. dr. Amaral Guerra.<br />

RESISTENCIA - Domingo, 13 de setembro de 1896<br />

Porém, obrigar os estabelecimentos<br />

retalhistas e pequenas industrias, que<br />

são todos os que fazem parte da tabella<br />

n.° 3. a uma licença para o seu funccionimento,<br />

é uma fl grante injustiça<br />

e absurda exigencia, pois que, sem<br />

maiores garantias para a sua e segurança<br />

publica, se perigos existissem,<br />

mais vem aggravar as já precarias<br />

circumstancias do contribuinte e reduzir<br />

muitos d'elles á total miséria.<br />

E tanto isto tem sido reconhecido<br />

pelos proprios poderes do estado é que<br />

ha 33 annos que esta lei jazia nos archivos,<br />

sem coragem para a pôr em<br />

prática.<br />

Para as matérias imminentemente<br />

explosivas, taes como a pólvora, o dynamile<br />

e outras, uma legislação especial<br />

deve regular este ramo de commercio,<br />

isolarido-o, sem comtudo affectar<br />

com sellos custosos a misérrima<br />

industria pyrotechnica.<br />

A superior illustração de v. ex. a e<br />

dos mais representantes do município,<br />

sobram conhecimentos para avaliarem<br />

de justiça da causa que defendemos e<br />

bem conhecida necessidade da revisão,<br />

em tempo opportuno, da citada lei de<br />

1863.<br />

Pede, portanto, a Associação Commercial<br />

de Coimbra, para que-vv. ex. as<br />

assim o aconselhem ao governo de sua<br />

majestade, pedindo a tolerancia da<br />

mencionada lei até á sua revisão.<br />

Deus guarde a v. ex. a — Associação<br />

Commercial de Coimbra, 2 de setembro<br />

de 1896. — lll. ra0 e ex mo sr. presidente<br />

da Camara Municipal de Coimbra.<br />

Em companhia de sua ex. ma Instrucção secundaria Lucas, José Marques Pinto e Albano Gomes reitor e professor de instrucção pri-<br />

Paes.<br />

maria do Collegio dos orphãos a cargo<br />

Foi lida e approvada a acta da sessão ordi-<br />

A abertura das aulas nos lyceus naria de 6 do corrente, declarando o presi- d'esta Santa Casa.<br />

para os alumnos do periodo transidente não ter reunido a camara no dia 13 por Os reverendos presbyteros, que pre-<br />

falta de numero de seus vogaes.<br />

tório realiza-se no dia 15 d'oututenderem<br />

ser providos nalgum dos re-<br />

Enviou ao vereador respectivo, para inforbro,<br />

sendo esta disposição applicamações, um officio do professor official da<br />

feridos cargos, apresentarão os seus<br />

escola elementar de Eiras ácerca das condi- requerimentos na secretaria d'esta Mivel<br />

em todos os annos subsequenções da casa e mobília da mesma escola. sericórdia até às 3 horas da tarde do<br />

tes.<br />

Tomou conhecimento de uma participação dia 24 do corrente mês. E ahi lhes se-<br />

do inspector dos incêndios dando conta do rão também prestados quaesquer es-<br />

fallecimento de um bombeiro.<br />

Manteve uma multa imposta a um marclarecimentos de que porventura poschante<br />

por transgressão do artigo 25 do regusam carecer com referencia às obriga-<br />

Foi mandado abrir concurso de adlamento do motadoiro, auctorisando o fiscal ções inherentes áquelles differentes carmissão<br />

á Eschola Naval de 6 aspiran- respectivo a fazer a admoestação necessaria ao gos.<br />

referido marchante pela maneira menos contes,<br />

3 aspirantes a machinistas e 2 a<br />

veniente por que se houve no acto da intimação Quanto ás remunerações, os provi-<br />

médicos.<br />

da multa.<br />

dos terão: casa, cama e mêsa, roupa<br />

Mandou passar licenças para apascentamento lavada e engommada, facultativo, para<br />

de cabras a dois proprietários d'este concelho. os tratar em suas doenças, e remedios<br />

Informou duas reclamações sobre matéria<br />

Encontra-se quasi completamen- de recrutamento.<br />

gratuitos; e receberão de ordenado—<br />

Resolveu declarar á junta de parochia de reitor por esse cargo e pelo de thesoute<br />

restabelecido da enfermidade que Botão que a ella pertence mandar intimar um reiro da Capella 300)5000 réis — o vi-<br />

o deteve por alguns dias de cama, proprietário para restituir ao goso do publico ce-reitor 200)5000 réis, e o professor<br />

uma lira de terreno vedado junto a um cami-<br />

o sr. Francisco Ribeiro, muito hánho da parochia.<br />

190)5000 réis, comprehendendo-se em<br />

bil impressor na Imprensa Acadé- Auctorisou fornecimentos diversos para o cada uma d'estas duas ultimas verbas<br />

serviço da limpeza e para os da secretaria da a remuneração de 100)5000 réis pelas<br />

mica.<br />

camara.<br />

capellanias annexas.<br />

Auctorisou o pagamento de 5$ 700 réis do<br />

custo de um casaco e chapéu para o guarda da Secretaria da Misericórdia de Coim-<br />

quinta de Saíita Cruz.<br />

bra, 2 de setembro de 1896.<br />

Attestou ácerca de diversas petições para<br />

BibliograpMa<br />

subsídios de lactação a menores.<br />

O provedor,<br />

Mandou proceder pela repartição d'obras ás<br />

precisas averiguações — sobre o desappareci-<br />

Luiz da Costa e Almeida.<br />

Gazeta das Aldeai»—Importante semento de agua na fonte da Sereia na quinta<br />

manario de propaganda agrícola e vulgariza- de Santa Cruz.<br />

ção de conhecimentos úteis que se publica no Mandou çagar a quantia de 18ÍOOO réis de<br />

Porto.<br />

serviços do recenseamento eleitoral no cor- DR. A. A. DA COSTA SIMÕES<br />

É seu redactor principal o sr. dr. Antonio rente anno.<br />

de Magalhães, distincto cbimico analysta do Dimittiu do sevrço o vigia dos impostos n.°<br />

Laboratorio Chimico-Agricoia do Porto. 14, por se provar da própria confissão do<br />

O n.° 35 que recebemos insere os artigos se- empregado, o abandono do posto fiscal em A minha administração<br />

guintes :<br />

Monfarroio no dia 17 do corrente.<br />

Auctorisou diversos pagamentos de pequenas<br />

dos Hospitaes da Pniyersidada<br />

O Douro, Diogo Martel.—No Norte, Vindi<br />

obras executadas na primeira quinzena de<br />

mas e Aguardente, D. 0. — A industria dos agosto.<br />

1 volume—Preço 1&000 réis<br />

lacticínios, A manteiga (VI), dr. Antonio de<br />

Despachou requerimentos—attestando ácer-<br />

Magalhães. —- O estado das vinhas, M. Rodrica do comporlamento de deversos; auctorigues<br />

de Moraes.—Sericultura (XI), Francisco<br />

Constrncções hospitalares<br />

sando a renovação de covatos no cemiterio da<br />

M. da L. Póssas.—Práticas vinícolas. Pastorí-<br />

filha<br />

Conchada; o deposito de entulhos de escavazação<br />

do vinho (VI) (com gravura), dr. Anto-<br />

(Noções geraes e projectos)<br />

cações feitas em uma casa na quinta de Santa<br />

partiu de Luso para a Figueira da Foz nio de Magalhães.—Folhetim : O abysmo, Car- Cruz em um ponto determinado da mesma<br />

o nosso prezadíssimo amigo sr. Arthur los Deslys, traducção de Julio Gama. — Sec- quinta; a modificação de uma porta e de uma<br />

1 volume com 10 estampas — Preço 1&000<br />

ções e artigos diversos: A vida agrícola.—<br />

de Sousa Moreira.<br />

janella de uma casa em Cellas; a canalisãção<br />

réis<br />

Revista universal.—Palestra semanal.—Con- de esgoto d'aguas de uma casa na rua do Norte;<br />

selhos de veterinaria. — Processos e receitas o aproveitamento d'aguas de uma vaUa junto Reconstrucções e novas constrncções<br />

úteis. — Variedades. — Chronica dos aconteci- da estrada municipal em Taveivo, pava rega<br />

mentos.<br />

de um prédio particular; a construcçSo de um<br />

Está na praia da Figueira o sr.<br />

dos Hospitaes da Universidade<br />

passeio junto de uma casa na Couraça de Lis-<br />

Toda a correspondência relativa á Gazeta<br />

Antonio da Cruz Machado, consiboa<br />

em continuação de outro ; a construcçSo<br />

das Aldêas, quer se trate de assumptos da re- de um jazigo no cemiterio da Concbada segundo 1 volume com 2 estampas e 11 gravuras no<br />

derado empregado na agencia do dacção, quer de negocios de administração e o alçado offerecido; concedeu licenças a empre- texto—Preço 600 reis<br />

vales do correio, etc., deve ser dirigida exclu-<br />

Banco de Portugal nesta cidade.<br />

gados e indeferiu três requerimentos; um, offesivamente<br />

ao seu director, Julio Gama, rua do recendo 850 réis por cada um metro de estrume Histologia e Physiologia dos mnscnlos<br />

Costa Cabral, n.° 1216, Porto.<br />

das varreduras da cidade, outro, pedindo que<br />

se arrende desde já pelo anno de 1897 uma<br />

porção de terreno' na quinta de Santa Cruz,<br />

Secção I—Histologia dos musculos<br />

Parte brevemente para as Cal-<br />

cujo arrendamento finda em dezembro do cor-<br />

A Critica—Revista Theatral, Ribliograrente anno, e o terceiro ácerca ào pagamento<br />

1 volume com 90 gravuras originaes—Preço<br />

das da Amieira a fazer uso das phica, Artística e Litteraria. Acabamos de re- de acréscimo de canalisação d'aguas para rega<br />

500 réis<br />

aguas thermaes, o bemquisto indusceber o n.° 2 d'esta bem redigida revista que de um jardim.<br />

se publica em Lisboa.<br />

trial, sr. Augusto Costa.<br />

Á venda na Imprensa da Universidade.<br />

Hélène arrancou uma folha da sua<br />

carteira, escreveu o que se acabava de<br />

passar, e disse a um dos guardas:<br />

—Um de vós faça chegar ao perfeito<br />

da policia, este bilhete o mais depressa<br />

possível.<br />

E ao outro agente disse:<br />

— Fazei conduzir este carro ao boulevard<br />

Malesherbes, n.° 102.<br />

—Ah! a minha carruagem! exclamou<br />

o cocheiro, e no emtanto os meus<br />

cavallos não tomaram o freio nos dentes.<br />

—Obrigado, disse Hélène dirigindose<br />

ao guarda.<br />

— Perdão, senhora, disse o guarda,<br />

mas dae-me o vosso nome e morada.<br />

— Madame Durand, Hotel do Louvre.<br />

—Mas, senhora... não é bastante<br />

para autoar e...<br />

—Tomae senhora, disse um homem<br />

adiantando-se e mostrando ao guarda<br />

uma carta que levava na palma da mão.<br />

— E então, disse Hélène para o cocheiro,<br />

está em casa?<br />

-—Sim, senhora.<br />

Dizei ao porteiro que vá pedir-lhe<br />

para que venha aqui immediatamente,<br />

que o espera uma dama.<br />

Lucien foi immediatamente avizado.<br />

Teve uma grande commoção.<br />

Desceu rapidamente.<br />

—Ah! sois vós, sois vôs! exclamou<br />

elle cheio de alegria.<br />

E sal ou para o carro, que partiu<br />

logo para o Hotel do Louvre, e abraçando<br />

Hélène, sem reparar no que<br />

fazia, murmurou:<br />

Camara Municipal de Coimbra<br />

Resumo das deliberações tomadas na<br />

sessão ordinaria de 20 de agosto de<br />

1896.<br />

Presidencia do dr. Luiz Pereira dá Costa.<br />

Vereadores presentes : — effectivos : arcediago<br />

José Simões Dias, bacharel José Augusto<br />

Gaspar de Mattos, José Antonio dos Santos,<br />

Antonio José de Moura Bastos, José Antonio<br />

—Amo-te!<br />

—Deixae-me! exclamou Hélène, eu<br />

sou mulher d'um forçado.<br />

XXII<br />

Namorado<br />

—Duvidaes do que acabo de dizervos?,<br />

disse Hélène vendo que Lucien<br />

ficára mudo e confuso.<br />

-—Estou perturbado pela palavra<br />

que acabo de pronunciar, senhora.<br />

Fi-lo inconscientemente, juro-vo-lo. Eu<br />

nunca disse que vos amava e essa<br />

palavra saiu não sei d'onde. Quanto á<br />

vossa historia, ai! conheço-a, senhora.<br />

Vosso marido é um antigo forçado, assassino<br />

e ladrão. Enganou vosso pae<br />

e abusou de vós. Eu sei tudo. Sois<br />

uma infeliz victima e eu sinto por esse<br />

motivo por vós mais amizade e mais<br />

dedicação do que tinha d'antes.<br />

—Como soubeste essa historia?<br />

Gribeauval contou-lhe o que se tinha<br />

passado depois que ella desappare-<br />

cera, e o que tinha feito, e o que<br />

tinha sabido.<br />

—Oh!, disse Hélène, o procurador<br />

não me tinha contado isso com tantos<br />

detalhes! È mais horrível do que eu<br />

pensava.<br />

— Ê horrível sem duvida, disse<br />

Gribeauval, mas nada d'isso, senhora,<br />

pôde recair sobre vós.<br />

— Ai I senhor, estamos ligados um<br />

ao outro! a sua deshonra câe sobre<br />

mim i o que disserem d'elle di-lo-bao<br />

E E<br />

Luiz da Costa e Almeida,<br />

provedor da Santa Casa<br />

da Misericórdia de Coimbra<br />

Faço saber que, por deliberação da<br />

Mèsa, se acha aberto concurso para o<br />

provimento dos logares de reitor, vice-<br />

de mim ! Oh! quero fugir para longe<br />

d'aqui, quero deixar a França!<br />

— Era talvez melhor procurar vosso<br />

tio em Italia.<br />

— É isso, é isso o que eu desejo<br />

fazer... sim... mas...<br />

— Mas?<br />

— Sou só, estou sem dinheiro...<br />

e...<br />

—Enganae-vos, senhora, ainda não<br />

me pedistes contas das operações de<br />

que me encarregastes. Paguei tudo o<br />

que comprei do vosso mobiliário, e<br />

tudo isso está seguro, em minha casa.<br />

Empenhei, conforme as vossas ordens,<br />

os brilhantes. Tenho para vos entregar<br />

[F. Fernandes Costa<br />

E<br />

ANTONIO THOMÉ<br />

ADVOGADOS<br />

Rua do Yisconde da Luz, 80<br />

eu também. Escoltar-vos-hei. Quando<br />

tiverdes encontrado vosso tio, então<br />

dir-vos-hei adeus... se assim o exigires.<br />

Um e outro, sentiram as lagrimas<br />

correr-lhe pelas faces.<br />

—Adeus?... disse Hélène, não, senhor,<br />

não pronunciareis essa palavra.<br />

Eu não a pronunciarei nunca também.<br />

Ficaram silenciósos por momentos.<br />

—Mas, disse Hélène, agora me lsmbro,<br />

não terá a justiça necessidade de<br />

ouvir-me? O procurador disse-me para<br />

ficar aqui... Será para se declarar nullo<br />

o meu casamento?<br />

—Que importa isso!, exclamou Lu-<br />

o conhecimento d'essa operação e um cien. Quereis expôr-vos, em plena<br />

certificado de trinta mil francos. As audiência, ao olhar dos curiósos e sof-<br />

minhas contas estão certas como podeis frer talvez os sarcasmos d'um força-<br />

verificar. Não esqueçaes também, sedo? Acreditae-me, senhora, no que vos<br />

nhora, de que eu tenho em caixa algum digo, rompei com esse passado, esque-<br />

dinheiro meu e um certo crédito em cei-o. Deixae a justiça seguir o seu<br />

casa do meu banqueiro.<br />

caminho, para o que não é indispen-<br />

— Que homem de negocios! disse sável a vossa presença. A vindicta<br />

sorrindo Hélène.<br />

publica persegue vosso marido. Isso<br />

— Ah! rides-vos! é um pronuncio de basta. Fujamos de Franca, e vamos<br />

felicidade! para quando nos encontrar- procurar o esquecimento sob esse delimos<br />

longe d'aqui!...<br />

cioso ceu da Italia.<br />

— Nós!...<br />

Hélène estendeu a mâo a Lucien.<br />

—Oh! perdão, senhora. Na verdade — Partamos, disse ella, e não me<br />

eu não sei já o que digo. Deverei entre- abandoneis nunca, porque, eu não sei<br />

tanto deixar-vos partir só? Vede, se- se é porque vos amo, Lucien, mas cora<br />

nhora, eu trago um cinto de flanella e certèsa é por vossa causa que eu tenbo<br />

nesse cinto dois excellentes revolvers desejo de viver.<br />

e alguns cartuchos.<br />

Nunca largo estes apetrechos de<br />

guerra. São boas defêsas. Para onde<br />

[Continua) t<br />

vós fordes, se m'o perraittirdes, irei

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