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Demais, ninguém pretendia conservar<br />
o tecto como feito para o<br />
palacio, pelo contrario, a obra projectada<br />
affirmava bem claramente<br />
que o tecto não fóra feito para alli,<br />
e se conservava apenas como objecto<br />
precioso que era necessário<br />
respeitar.<br />
Ahi têem vv. ex. a ' o caso que o<br />
sr. director das obras publicas faz<br />
dos desejos do sr. Bispo-Conde, a<br />
fórma como elle atlende os justos<br />
conselhos de s. ex.*<br />
O sr. director das obras publicas<br />
para se justificar apresenta ainda<br />
este motivo: o paço do Bispo foi<br />
feito em diversas épocas, a parte que<br />
eu restaurei era manoelina; por isso<br />
estava auctorisada a restauração<br />
neste estylo.<br />
Não, meu senhor 1 A parte que<br />
v. ex." restaurou não era contemporânea<br />
de D. Manoel. D'esse tempo<br />
podiam apenas serás duas janellas.<br />
Ora duas janellas abrem-se em<br />
qualquer edificio, e Coimbra está<br />
RESISTENCIA — Quinta feira, 10 de setembro de 1896<br />
apenas se conserva ainda intacta,<br />
por milagre, uma pequenina arcada<br />
romanica.<br />
Quando alguém falia em que se<br />
não deixe perder a pequena arcada,<br />
respondem invariavelmente: o sr.<br />
director já a mandou photographar.<br />
Por entre o entulho lá andam a<br />
perder-se preciosos lavores manoelinos,<br />
curiosos capiteis românicos,<br />
que o sr. director não deixa teimosamente<br />
ir para o museu do Instituto,<br />
onde seriam conservados.<br />
Resumindo: o sr. director das<br />
obras publicas, encarregado de restaurar<br />
um palacio, quiz transformar<br />
o trecho capital, o pateo de estylo<br />
renascença, num pateo de estylo<br />
manoelino; tendo de aproveitar duas<br />
janellas manoelinas, deu cabo delias,augmentando-lheo<br />
comprimento<br />
dos fustes, sem respeito pelo artista<br />
que as desenhára e as fizera; o sr.<br />
director das obras publicas, tem<br />
desprezado systematicamente as indicações<br />
do sr. Bispo-Conde e de<br />
Antonio Augusto Gonçalves, insultando<br />
a imprensa quando esta lhe<br />
pediu que estudasse e resolvesse um<br />
problema que apparecera durante<br />
a restauração, mandando entulhar<br />
os subterrâneos que se haviam posto<br />
a descoberto.<br />
O jury encarregado da selecção<br />
do melhor projecto para a conclusão<br />
do edifício dos Jeronymos era<br />
composta de 2 archilectos, 1 capitão<br />
e 2 generaes!<br />
As academias e corporações de<br />
architeclos e a própria commissão<br />
dos monumentos ficaram na rua<br />
para dar lugar ao estado-maior.<br />
Carta de Lisboa<br />
ctor das obras publicas que na en- j cheia de casas de estylo renascença Encarregado de restaurar o paço,<br />
irada da parte restaurada em estylo • em que portas e janellas são do tornou a restauração impossível,<br />
manoelino mandou collocar azulejos, século xix.<br />
guiando-se nas obras importantes<br />
que trouxe da imprensa da Universi- Não é um accidente decorativo que emprehendeu por uma restaudade<br />
e que são do século XVIll, obra que marca a época e o caracter de ração moderna que deturpára o<br />
que ficou má e cara.<br />
uma construcção, mas sim as linhas aspecto primitivo do palacio, dei-<br />
Porque se arrancaram os azule- geraes, as particularidades da orxando perder os vestígios de conjos<br />
que eram um documento tão vaganização do edifício.<br />
strucções antigas de alto interesse<br />
lioso dos serviços feitos á Sciencia Na Sé Velha ha guirlandas e historico.<br />
pelos Bispos de Coimbra, e porque gargulas gothicas, ha portas e va- Tendo apparecido durante a res-<br />
se trouxeram outros de assumptos randas renascença, e todavia o editauração subterrâneos importantes,<br />
mylhologicos que nada significam e fício é românico.<br />
que era necessário explorar e estu-<br />
cuja restauração ficou tão cara ? Na parte restaurada havia vestídar, tomou o estudo e a exploração<br />
gios de construcções do século xv impossíveis, mandando-os entulhar.<br />
Pôde lá ninguém saber 1 Coisas a caírem em ruina. O velho edifí-<br />
d'elle...<br />
cio é anterior ao gotbico que res- Depois d'isto tudo, eu não posso<br />
taurou a phantasia do sr. director deixar de reconhecer, como o sr.<br />
Mas ha mais e melhor.<br />
das obras publicas.<br />
Luciano Cordeiro, que a restauração<br />
Na Sé Velha havia um tecto mu-<br />
E um edifício em que se abriu do paço episcopal—está bem feita.<br />
degar, coisa preciosa e rara em Por-<br />
uma janella no tempo de D. Manoel,<br />
tugal que foi cuidadosamente reco-<br />
mas não é um edifício manoelino. E vv. ex.<br />
lhido pelo sr. Bispo-Conde.<br />
O sr. Bispo-Conde queria-o col- Para acabar!<br />
locar na sua sala de jantar, e Anto- O sr. director das obras publicas,<br />
nio Augusto Gonçalves offerecera-se que desprezou sempre as indicações<br />
para lhe desenhar uma moldura do sr. Bispo Conde e do sr. A. A.<br />
simples, sem pretensões a querer Gonçalves, leve palavras d'uma<br />
illudir ninguém, moldura que indi- grosseria revoltante para a imprencava<br />
apenas o respeito pela velha sa, quando esta levantou a voz pe-<br />
obra.<br />
dindo que se explorassem os subterrâneos<br />
que a restauração poz a<br />
O sr. director das obras publicas descoberto, obra de importancia e<br />
deixou sair o sr. Bispo-Conde, e fez de valor que era necessário estudar.<br />
á pressa um tecto, tornando impossivel<br />
a collocação do velho tecto O sr. director das obras publicas<br />
mudegar.<br />
insultou os jornaes e mandou en-<br />
Interrogado pelo sr. Bispo-Conde, tulhar os subterrâneos!<br />
disse que faria um tecto de estuque<br />
a fingir madeira, tecto manoelino<br />
Darante a restauração apeou-se<br />
mais d'harmonia com o estylo do<br />
um velho tecto de madeira, apaine-<br />
edificio.<br />
lado, que lá está a desfazer-se e a<br />
apodrecer. Está condemnado a des-<br />
De estuque a fingir madeira...<br />
apparecer como o que se apeou em<br />
Santa Cruz.<br />
O tecto mudegar podia conservar-se,<br />
mesmo admittindo que a<br />
Durante os trabalhos da restau-<br />
restauração do paço episcopal fosse<br />
ração appareceram columnas e capi-<br />
do mais puro estylo manoelino; porteis<br />
românicos, que se perderam,<br />
que em palacios do tempo de D.<br />
Manoel se encontram tectos mudegares.<br />
as detraz do Palacio da Alimentação,<br />
com os alicerces mergulhados no<br />
Sena, em risco de ser innundado,<br />
Lisboa, 11 de agosto de 1896. se as chuvas engrossassem o rio.<br />
Um chronista, todo nosso affei-<br />
Acaba hoje a gréve.<br />
çoado e louvaminhos, não pode<br />
Acaba a gréve mas começa o conter-se que não diga isto:<br />
escandalo. Agora mesmo um jornal<br />
recebeu de Favelte communicações «Par malheur il fant. pour te trou-<br />
preciosas:<br />
ver y mettre autant de constance qu'ou<br />
Que a gréve foi inventada por a mis de soin à le dissimuler».<br />
Centeno e Marianno.<br />
Que um director recebeu réis Quanto á representação do traba-<br />
2:500$000 para contractar dez lho nacional, havia vinhos e faianças<br />
fogueiros.<br />
das Caldas.<br />
E até agora nem fogueiros nem O que salvou apparentemente a<br />
dinheiro.<br />
situação foram os interessantes pro-<br />
Que na administração da compaductos das colonias. Sem isso a<br />
nhia ha graves irregularidades. exposição seria um fiasco vexatorio.<br />
Em resumo, Favetle acabou por Em bellas-artes, por exemplo,<br />
fallar em bandidos e ladrões. em pintura, aHespanharepresentou-<br />
Aqui têm os meus amigos o que se por 55 artistas: 116 télas, algu-<br />
diz Favetle.<br />
mas de extraordinário folego, — O<br />
Agora o que eu ouvi com algu- Sino de Huesca, a Rendição de Gra-<br />
?.. .<br />
ma coisa que sei.<br />
nada, a Expulsão dos Judeus, a Con-<br />
— Também!<br />
versão do Duque de Gandia, etc., etc.<br />
x<br />
Pois já se vê 1...<br />
A fóra outros generos de pintura.<br />
Portugal evidenciou-se, na secção<br />
T. C. Marianno, ha tempos, no Diário internacional, pelo sr. Brito, de<br />
Popular, declarou que tinha deixa- Vianna do Castello, com um retraio<br />
do de estar ao lado do governo logo (!...) e o sr. Sousa Pinto com<br />
Uma ninharia<br />
que se desempenhou d'uma missão três quadros anedocticos!<br />
de que estava incumbido.<br />
Mais nada. O resto em proporção!<br />
O Paiz lança a noticia de que Essa missão adivinham qual é, E tudo aquillo custou rios de<br />
quasi todos os administradores da desde que eu lhes fallar no que dinheiro! Foi ás cegas!.. .<br />
Companhia do Gaz de Lisboa estão segue.<br />
pagos até ao anno de 1900 e que Não bastava a Marianno prejudi-<br />
existe um desfalque que monta a car o partido republicano. Era ne- Partiu para as Caldas da Rainha<br />
dois mil contos!<br />
cessário mais para seu governo. De com sua familia o tabellião priva-<br />
maneira que foi lançando as suas tivo nesta cidade sr. Antonio Fran-<br />
vistas para os socialistas. Desorgacisco da Cruz.<br />
Foram hoje celebradas na egreja niza-los quanto podesse e aprovei-<br />
Duranle a sua ausência fica a<br />
de S. João d'Almedina exequias sotar o que lhe conviesse contra os<br />
substituí-lo o nosso prezado amigo<br />
lemnes para suffragar a alma do republicanos.<br />
sr. José da Costa Braga.<br />
sr. José Francisco da Cruz.<br />
Centeno collaborava.<br />
Sabem o que se tem passado<br />
para que eu me cance a massa-los.<br />
Ora, adeus!<br />
O caso é que, a gréve do gaz<br />
Tezura<br />
prestava-se explerididamente a uma O sr. loão Franco declara não<br />
A imprensa, em altos brados, dá alta manobra.<br />
estar disposto a consentir exames<br />
a alarmante noticia de que a pedi- Por um lado esse gentil grupo em outubro, nem a atlender a quaesdo<br />
da Companhia de Rhodesia, ia Baijona, Arroyo, Centeno, Marianquer influencias por mais fortes que<br />
ser desviado o caminho de ferro de no, livrava-se de Favelte que é sejam, as quaes (diz elle) já entra-<br />
Pungue do seu primitivo traçado, vigilante.<br />
ram em exercício.<br />
afastando-se de Massequece, a fim Por outro lado—Centeno e Ma- Muito nos havemos de rir.<br />
de servir uma zona inglesa. rianno jogavam com os operários,<br />
Debalde gritará!<br />
intrigavam, illudiam eao fim surgiam<br />
O destino das colonias está nas como seus protectores.<br />
Partiram para o Gerez os nossos<br />
mãos do impávido sr. Soveral. Feito islo o golpe estava dado e prezados amigos srs. Manuel Anto-<br />
Assim o querem el-rei e a Ingla- Marianno e Centeno manobrando nio da Cosia e Vicente José de<br />
terra.<br />
com algumas centenas de trabalha- Seiça.<br />
E o país encolhe os hombros! dores, para o que désse e viésse.<br />
Não vale ralar os tristes dias da Assim era a manobra.<br />
vida!<br />
Assim virão outras.<br />
Ha de ser o que Deus quizer,—<br />
segundo o velho proloquio lusita-<br />
João de Menezes.<br />
no !<br />
Alguns amigos nossos d'esta cidade<br />
iniciam por estes dias uma<br />
série de passeios a varias localidades<br />
antigas, a colher apontamenlos<br />
Acha-se inslallada na rua Martins<br />
de Carvalho, (antiga rua das Figueirinhas),<br />
a nova repartição de inspecção<br />
do sêilo.<br />
«A Montanha»<br />
Completou mais um anno este<br />
de curiosidades artísticas que nel- nosso valente collega de Trancoso.<br />
las existam.<br />
A primeira excursão será a Montemór-o-Velho.<br />
As nossas felicitações.<br />
Foi posta a concurso por provas<br />
publicas a egreja do SS. Salvador,<br />
A exposição internacional de Paris do concelho de Leiria.<br />
O governo aproveitando a passa-<br />
Intolerância<br />
gem do sr. Madeira Pinto por<br />
O ministério das obras publicas<br />
O parocho de Pampilhosa da Ser- Paris encarregou-o da escolha do<br />
auctorisou a expropriação de 50<br />
ra recusou sepultura a uma das terreno para a secção portuguêsa.<br />
metros cúbicos de madeira do Chou-<br />
suas ovelhas, pelo motivo de não Veremos se d'esta vez se resolpal<br />
para as obras do lyceu d'esta<br />
ser pontual na desobriga.<br />
vem a tratar a sério d'esta momen-<br />
cidade.<br />
Dois dias esteve insepulta essa tosa questão, para evitar os factos<br />
alimaria vil; e afinal foi enterrada vergonhosos que se deram em 1889,<br />
á porta do cemiterio!<br />
em que a nação dispendeu sommas<br />
Não achamos motivo para es- fabulosas com as precipitações da<br />
pantos. E um servo do Senhor, com ultima hora.<br />
comichões no corpo, a pedir a pal- Os delegados portuguéses andama<br />
do martyrio sob a fórma materam em rixa e ás cabeçadas; e<br />
rial d'um marmeleiro.<br />
pouco faltou para se engulirem uns<br />
Dêam-lh'a os povos de Pampilho- aos outros. Foi um escandalo.<br />
sa da Serra, — por caridade evan- A collocação do pavilhão foi desasgélica<br />
I<br />
trada » a um canto, escondida por<br />
Foi approvado o projecto e respectivo<br />
orçamento, de 26 de março ultimo,<br />
para conservação das margens do rio<br />
Mondego, entre os camalhôes da margem<br />
esquerda, a moutante da ponte de<br />
Coimbra e a Ladroeira, sendo auctorizadoo<br />
director da 2 a circumscripção<br />
hydraulica a dispender a quantia de<br />
8:5000000 réis, importancia do mesmo<br />
orçamento.