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CADERNOS DE PESQUISA E EXTENSÃO DESAFIOS CRÍTICOS ...

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Por intermédio dessa reflexão, Lukács suscita alguns pontos interessantes a<br />

respeito do duplo caráter da posição do fim no processo de trabalho. Insiste o autor que, esta<br />

posição mesmo tendo sua origem a partir de uma necessidade social, ela também requer a<br />

satisfação dessa necessidade, mesmo reconhecendo que, “a simples subordinação dos meios<br />

ao fim” não seja “tão simples como parece à primeira vista”. E por esse motivo, ele alerta<br />

para o fato de que a “finalidade torna-se realidade ou não dependendo de que, na busca dos<br />

meios, se tenha conseguido transformar a causalidade natural em uma causalidade<br />

(ontologicamente) posta” (LUKÁCS, 1981, p.28).<br />

Portanto, ao nascer de uma necessidade humano-social, a finalidade, na<br />

perspectiva lukacsiana, necessita para que seja uma “verdadeira posição de fim” que,<br />

a busca dos meios, isto é, o conhecimento da natureza, tenha chegado a um certo<br />

nível adequado; quando tal nível ainda não foi alcançado, a finalidade permanece<br />

um mero projeto utópico, uma espécie de sonho, como, por exemplo, o sonho de<br />

Icaro até Leonardo, e até um bom tempo depois. Em suma, o ponto no qual o<br />

trabalho se liga ao pensamento científico e ao seu desenvolvimento é do ponto de<br />

vista da ontologia do ser social, exatamente aquele campo designado por nós como<br />

busca dos meios (LUKÁCS, 1981, p.29-28).<br />

Conforme exposto, percebe-se que, os meios utilizados no mais simples processo<br />

de trabalho serão sempre determinados e regulados pela posição do fim. Em função disso, o<br />

homem determinará os meios para atingir um determinado fim sempre em consonância com o<br />

conhecimento que possui sobre eles. E nesse intercâmbio orgânico, nesse processo entre o<br />

homem e a natureza já apontado por Marx em O capital, o momento social é o momento<br />

predominante.<br />

3 POSIÇÕES TELEOLÓGICAS SECUNDÁRIAS E EDUCAÇÃO<br />

Em termos ontológicos, no ato do trabalho surgem os elementos que tornam o<br />

homem um ser social. Este ato teleológico primário, portanto, constitui-se na gênese<br />

ontológica deste ser, fundando a partir dele uma cadeia de complexos denominados de<br />

posições teleológicas secundárias. Tais posições, segundo Lukács (1981, p.56), “estão muito<br />

mais próximas da práxis social dos estágios mais evoluídos do que o próprio trabalho”.<br />

Diante dessa constatação, o filósofo nos leva a refletir sobre as teleologias secundárias como<br />

posições que têm sua origem nas necessidades apresentadas no plano da vida real.<br />

O processo de educação do ser social, no sentido mais lato possível, é infinito, ou<br />

seja, ele é contínuo e somente é interrompido quando morremos. Portanto, o convívio em<br />

sociedade nos impulsiona a aprendermos sempre algo novo e assim a educação assume seu<br />

sentido lato, mais amplo. Lukács ainda menciona o sentido estrito da educação, representado<br />

pelas escolas, pela educação formal com determinações que abrangem seus conteúdos,<br />

métodos etc., ao mesmo tempo em que corresponde às necessidades sociais dos próprios<br />

membros da sociedade. Sendo assim,<br />

a problemática da educação reenvia à questão sobre a qual ela se funda: a sua<br />

essência consiste em influenciar os homens a fim de que, frente às novas alternativas<br />

da vida, reajam de modo socialmente desejado. Ora, este propósito se realiza sempre<br />

– em parte – e isto contribui para manter a continuidade na transformação da<br />

reprodução do ser social; mas ele a longo prazo fracassa – ainda uma vez, como<br />

sempre, parcialmente - , e isto é o reflexo psíquico não só do fato de que tal<br />

reprodução se realiza de modo desigual, que ela reproduz continuamente<br />

movimentos novos e contraditórios, aos quais nenhuma educação, por mais<br />

prudente, pode preparar suficientemente, mas também do fato que nestes momentos<br />

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