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CADERNOS DE PESQUISA E EXTENSÃO DESAFIOS CRÍTICOS ...

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egem o sistema educacional brasileiro em todos os níveis de ensino, sobretudo no que se<br />

refere à formação profissional, no sentido de que hoje ela encontra-se voltada,<br />

exclusivamente, para a preparação mecânica dos indivíduos para o trabalho. Diante dessa<br />

reformulação, a educação começou a ser a responsável pelo sucesso ou insucesso dos<br />

indivíduos em face da incorporação e uso eficiente das inovações tecnológicas de base<br />

microeletrônica e de informática.<br />

Outra consideração importante que ganhou espaço a partir dos anos de 1990 foi a<br />

empregabilidade. Conforme Gentili (2002, p.52), o conceito de empregabilidade foi definido<br />

“como o eixo central de um conjunto de políticas supostamente destinadas a diminuir os<br />

riscos sociais do grande tormento deste final de século: o desemprego”.<br />

Nesse ponto cumpre registrar que, este conceito representa para os indivíduos<br />

melhores condições de competição para se obter os poucos empregos disponíveis no mercado<br />

de trabalho, ao mesmo tempo em que reconhece em seu discurso a possibilidade do fracasso,<br />

pois boa parte das “pessoas que, apesar de ter investido no desenvolvimento de suas<br />

capacidades „empregatícias‟, não terão sucesso na disputa pelo emprego e, consequentemente,<br />

acabarão sendo desempregados, empregados em condições precárias”(GENTILI, 2002, p.55)<br />

ou jamais obterão o tão almejado emprego. Logo, evidencia-se que,<br />

o indivíduo é um consumidor de conhecimentos que o habilitam a uma competição<br />

produtiva e eficiente no mercado de trabalho. A possibilidade de obter uma inserção<br />

efetiva no mercado depende da capacidade do indivíduo em “consumir” aqueles<br />

conhecimentos que lhe garantam essa inserção. Assim, o conceito de<br />

empregabilidade se afasta do direito à educação: na sua condição de consumidor o<br />

indivíduo deve ter a liberdade de escolher as opções que melhor o capacitem a<br />

competir (GENTILI, 2002, p.55).<br />

Portanto, a educação quando colocada dentro da lógica competitiva serve como<br />

instância de integração econômica dos indivíduos, mas quando esse papel não é realizado as<br />

outras formas de integração (cultural, política e social) se veem comprometidas, obstruindo o<br />

“desenvolvimento efetivo dos indivíduos e as nações” (GENTILI, 2002, p.55).<br />

Não se ignora aqui a importância que o conhecimento e o domínio das tecnologias<br />

possuem para o desenvolvimento da sociedade contemporânea, pois isto já constitui uma<br />

necessidade básica dos indivíduos. Mas alerta-se para o fato de como essas exigências em<br />

torno da formação profissional desse novo trabalhador vêm sendo realizadas, já que o<br />

incremento tecnológico tem se constituído em mais uma forma de controle do capital,<br />

revelando mais uma nova face da sua crueldade, pois além de ampliar a jornada de trabalho e<br />

de impor ao trabalhador o desempenho de funções cada vez mais complexas, sua polivalência,<br />

sua habilidade em aprender, ele também colabora para a sua completa exaustão ao lhe atribuir<br />

funções que anteriormente eram realizadas por mais de um trabalhador.<br />

Além desses agravantes, observa-se algo extremamente contraditório, o<br />

incremento tecnológico ao mesmo tempo em que estabelece critérios rigorosos na preparação<br />

dos indivíduos para o setor produtivo, reduz os postos de trabalho fazendo com que uma<br />

grande parcela da mão de obra que é lançada no mercado não seja inserida, gerando um misto<br />

de angústia, desespero e sensação de fracasso. Parte dessa mão de obra desloca-se então para<br />

o trabalho informal, sem garantias sociais, por tempo determinado, isto é, sem elementos que<br />

lhe assegurem condições dignas e estáveis de suprir suas necessidades básicas e garantir a sua<br />

sobrevivência.<br />

Ao analisar o impacto da incorrigível lógica do capital sobre a educação,<br />

Mészáros (2005, p.25) reforça a ligação existente entre os processos sociais mais abrangentes<br />

e a educação afirmando que, uma reformulação significativa da educação é inconcebível sem<br />

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