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A TERAPIA COMUNITÁRIA NO MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL<br />
Autora: Carmen Tereza Gonçalves Trautwein1 1<br />
“Trate as pessoas como se elas fossem o que poderiam ser e você<br />
as ajudará a se tornarem aquilo que elas são capazes de ser” (Goethe)<br />
RESUMO: A organização da rede de assistência à Saúde mental no Sistema único de Saúde do<br />
Brasil apresenta desafios importantes a serem vencidos frente ao crescente número de pessoas<br />
com agravos mentais e a desospitalização gradativa dos cidadãos. No município de São Paulo a<br />
Terapia Comunitária tem sido a estratégia que possibilita o empoderamento dos pacientes, tornando-os<br />
co-participantes do processo. Desde 2006, no território de uma UBS da região sudeste<br />
da cidade esta estratégia foi aliada à tecnologia do apoio matricial, favorecendo maior acesso<br />
dos pacientes ao serviço por meio do acolhimento, permitindo a ampliação da clínica e melhor<br />
resolutividade das problemáticas apresentadas.<br />
PALAVRAS CHAVES: Matriciamento; acolhimento; Saúde mental.<br />
Este artigo retoma a experiência que vem se desenvolvendo na cidade de São Paulo, mais especificamente<br />
na região Sudeste, Supervisão Técnica de Saúde do Ipiranga, de aliar o Matriciamento<br />
à Terapia Comunitária, na tentativa de dar solução ao grave problema de insuficiência de assistência<br />
em saúde mental na região.<br />
A palavra matriciamento refere-se ao lugar onde algo é gerado, criado, em analogia ao útero<br />
do corpo das fêmeas dos mamíferos que produzem a vida única e singular (FERREIRA,<br />
1988). Objetivando o acesso, a cobertura e a resolutividade das ações voltadas aos portadores<br />
de enfermidades mentais; reforçando o papel das Unidades Básicas de saúde (UBS) como porta<br />
preferencial de entrada, o Projeto Cuidar Sempre (2006) da Secretaria Municipal da Saúde da<br />
Prefeitura Municipal de São Paulo, forneceu as bases para que se gerasse e implantasse o Projeto<br />
de Matriciamento em Saúde mental na região do Ipiranga (DALTIO,2006).<br />
Os participantes deste projeto estabeleceram uma relação de troca de saberes entre profissionais<br />
de diferentes serviços que passaram a contar com o suporte técnico de uma médica psiquiatra<br />
que, adotando um sistema de atendimento itinerante, passou a dar retaguarda às ações em saúde<br />
mental das equipes nas UBS(s) que não dispunham de psiquiatra. Iniciando por uma “ficha de<br />
acolhimento”, os profissionais realizavam as entrevistas iniciais de acolhimento em saúde mental,<br />
registrando os dados, bem como a história de vida do paciente. Ao receber a visita itinerante<br />
da médica, juntamente com esta, discutiam o caso; realizavam interconsulta (atendimento multidisciplinar<br />
em conjunto), visita domiciliar e a partir das conclusões ou achados; elaboravam o<br />
projeto terapêutico singular para o paciente. Tal projeto poderia incluir acompanhamento sistemático<br />
por psiquiatria e, neste caso, era encaminhado a um dos cinco psiquiatras da rede; terapia<br />
(com psicólogo, terapeuta ocupacional, ou com outro profissional) em grupo ou individual, o<br />
que era realizado pelos profissionais da UBS onde o caso era acolhido; e/ou encaminhamento<br />
aos grupos de promoção e prevenção em saúde mental.<br />
1 Psicóloga pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Psicopedagoga (Faculdade Senador Fláquer – Sto<br />
André – SP), Psicoterapeuta de Adolescentes (Sedes Sapientiae – SP), Mestre em Psicologia pela UNIMARCO (Universidade<br />
São Marcos – SP), Assessora de Saúde Mental da Supervisão Técnica de Saúde do Ipiranga – PMSP.<br />
E-mail: carmentereza@bol.com.br; ctgoncalvest@prefeitura.sp.gov.br<br />
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