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DA REFORMA PSIQUIÁTRICA AOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL<br />

(CAPS): DESAFIOS PRÁTICOS E EPISTEMOLÓGICOS FRENTE ÁS POLÍTICAS<br />

DE INCLUSÃO SOCIAL<br />

Najla Nassere<br />

Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC<br />

Introdução<br />

O processo da Reforma Psiquiátrica e concomitante os novos serviços no campo da saúde mental<br />

vem demonstrando alguns desafios práticos e epistemológicos no que se refere à inclusão<br />

social. Se por um lado tem-se evidenciado a tentativa de mudança e ruptura em relação ao antigo<br />

modelo hospitalocêntrico, por outro lado percebe-se dificuldades de integração entre as disciplinas<br />

atuantes nos novos dispositivos de saúde.<br />

Os impasses na construção de um novo paradigma que abandone práticas centralizadoras, focadas<br />

na doença e no biológico acarretam impasses na desmistificação da loucura como periculosidade.<br />

Este trabalho mostra, a partir da implementação das práticas dentro de um Centro<br />

de atenção psicossocial (CAPS) do interior do RS, como a Reforma Psiquiátrica do município<br />

vem se efetivando. No decorrer do trabalho, vão se apresentando as iniciativas, as mudanças,<br />

os desafios enfrentados pela equipe de profissionais, entre outras questões que dizem respeito<br />

a este processo tão necessário e ao mesmo tempo tão complexo da Reforma Psiquiátrica e da<br />

inclusão social.<br />

Da psiquiatrização e do desafio multidisciplinar<br />

Há apenas duas décadas, outros profissionais como: enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos,<br />

terapeutas ocupacionais, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, entre outros, passaram a atuar<br />

no âmbito da saúde mental, dividindo com o psiquiatra o espaço, o saber e o poder dentro dos<br />

serviços substitutivos ao manicômio. Este processo de mudança estrutural 1 e funcional 2 exigiu<br />

dos profissionais um novo modo de interação dentro do novo dispositivo CAPS. O desafio multidisciplinar<br />

relaciona-se ao fato de que, até então, todo o poder em relação ao tratamento aos “doentes<br />

mentais” encontrava-se nas mãos dos psiquiatras. A inserção de novas disciplinas implicou<br />

em novos olhares, novos conhecimentos e opiniões acerca dos conceitos até então construídos,<br />

que embasavam a prática dos psiquiatras. Este pode ser o motivo de tantas referências quanto as<br />

dificuldades de um relacionamento harmônico entre as novas disciplinas e a Psiquiatria.<br />

No processo de desconstrução do modelo asilar acreditava-se que o trabalho envolvendo diversos<br />

profissionais, seja ele, interdisciplinar, multidisciplinar, pluridisciplinar ou transdisciplinar,<br />

possibilitaria novos olhares acerca do “paciente” e a ruptura com o poder da psiquiatria. Deste<br />

modo, a atenção estaria voltada não somente à “doença”, mas ao ser humano como um todo em<br />

sua integralidade.<br />

1 Este termo foi utilizado para referir o processo de tentativa de ruptura com o modelo hospitalocêntrico e a<br />

construção dos novos serviços de assistência à saúde mental<br />

2 Refere-se à construção de novas práxis dentro do novo dispositivo de saúde mental.<br />

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