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Avaliando a caminhada<br />

A avaliação das ações desenvolvidas no Programa Comunitário Desenvolvimento Solidário<br />

apresenta um cenário marcado por avanços e por limites, que precisa levar em conta inúmeras<br />

dificuldades, tais como: descontinuidades nas cargas horárias para atividades de extensão, falta<br />

de espaço físico para trabalhar, ausência de subsídios para divulgação, realização de eventos e<br />

apoio aos alunos voluntários, falta de parceria com outros cursos e necessidade de acompanhamento<br />

permanente aos alunos.<br />

Qualitativamente, no primeiro foco do programa, o fortalecimento dos indivíduos e famílias foi<br />

identificado ao longo dos meses de atendimento através dos seguintes indicadores: superação de<br />

situações de dependência química, violência doméstica, dificuldades de aprendizagem, retorno<br />

ao estudo, ingresso no mercado de trabalho, entre outras.<br />

No tocante ao desenvolvimento local, os resultados são lentos devido a um conjunto de razões,<br />

como, por exemplo, o fato de a rede local ser um processo de democracia participativa que vive<br />

os dilemas das ferramentas da adesão voluntária, ausência de hierarquia ou autoridade verticalizada<br />

e estrutura flexível. Por um lado, muitas vezes as pessoas se desestimulam porque não vêem<br />

resultados imediatos, por outro, apressar o passo na ânsia de trazer benefícios para a comunidade<br />

descaracteriza o processo coletivo. Um dos grandes problemas é a falta de participação do poder<br />

público que atua na comunidade através das escolas e postos de saúde, os quais poderiam se<br />

integrar mais, otimizando seu trabalho e fortalecendo as estruturas locais. Falta ainda avançar<br />

na visão de que os problemas são multidimensionais, portanto, as ações precisam ser integradas.<br />

A criança que chega na escola com marca de agressão provem de famílias que estão ou devem<br />

estar forma vinculadas à rede de serviços e poderão ser atendidas. É a mesma família que vive<br />

uma situação de desemprego e pode ser vinculada projetos de geração de renda. Basicamente,<br />

a rede permite a troca de informações, que pode parecer pouco, mas é muito, se considerarmos<br />

que informação e conhecimento movem o mundo contemporâneo e geram desenvolvimento.<br />

Com relação à terapia comunitária, os resultados nos surpreenderam ao longo dos encontros, e<br />

que num primeiro momento mostraram-se secundários, como o viés artístico-cultural e, em certa<br />

medida, corporal, através da utilização de músicas, de contos e de momento específicos em que<br />

se propõe ao grupo dar-se as mãos ou abraçar-se e fazer o “embalinho”, que funciona como um<br />

colo coletivo nos momentos de emoção ou de partilha de saberes e vivências do grupo. Na nossa<br />

experiência, o toque e a expressão têm se mostrado potentes dinamizadores da emoção contida<br />

e da solidariedade grupal, além de tornar o trabalho mais prazeroso.<br />

Ademais, passamos a compreender e vivenciar o valor metacomunicacional, ou seja, de acordo<br />

com Watzlawick (1993), mais do que o conteúdo, trata-se da forma como se estabelece a relação<br />

de comunicação a partir das regras básicas da terapia comunitária. Falar de si mesmo, não dar<br />

conselho bem sermão, ouvir o outro e cantar para aliviar e redefinir a dor são mais do que meras<br />

regras; instauram formas de relação e exercícios de protagonismo, identidade pessoal, resiliência<br />

e empoderamento grupal.<br />

Consideramos também como um resultado importante o fato de uma consultoria de avaliação<br />

dos programas de extensão universitária definir, em 2007, o Programa Comunitário Desenvolvimento<br />

Solidário como “carro-chefe” para a implantação de outro programa comunitário inovador,<br />

o Saúde da Família Acadêmico. Ele conta com doze áreas da saúde, sensíveis à necessidade<br />

de formar profissional generalista, ainda que isso não signifique negligenciar a formação do<br />

especialista, mas também prepará-lo para intervir na rede pública e com sensibilidade para a<br />

integralidade da saúde.<br />

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