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Simpósio Internacional<br />

O desafio do trabalho comunitário - uma via para as transformações sociais<br />

Mudanças de atitude para desenvolver práticas emancipadoras de trabalho comunitário<br />

Riccardo Rodari r.rodari@bluewin.ch<br />

Haute Ecole de Travail Social – HETS, Genebra, Suíça<br />

Na atualidade, é muito forte na Europa a fomentação pelo liberalismo da idéia que é preciso<br />

responsabilizar o indivíduo com a conseqüência que quem vive um déficit de cidadania é designado,<br />

de fato, como responsável da própria situação. Desta forma, quem já é vítima deveria<br />

carregar também com a culpa do próprio estado, com o efeito de reforçar seu sentimento de<br />

precariedade e de ausência de valor. Esta postura visa a evacuar as implicações sistêmicas e políticas<br />

das crises sociais. Não existe problema social que seja meramente individual ou só sócio-<br />

-político. Todo problema social é problema de todos: do individuo, da coletividade e das políticas<br />

públicas. Reduzir a problemática a apenas um desses aspectos é fazer prova de uma miopia<br />

intelectual. Uma das preocupações essenciais do trabalho comunitário deve ser de reintroduzir<br />

as outras dimensões (sociais, educativas, políticas e pessoais) no enfrentamento de todo problema<br />

que surge na comunidade. Neste sentido, o trabalho comunitário deve permitir ampliar o<br />

campo de consciência dos atores populares, fomentando dispositivos de inteligência coletiva ao<br />

contrario das posturas que consistem em querer assistir, sensibilizar, orientar e dar conselhos e<br />

que reforçam a idéia que as soluções estão nos especialistas, que elas vêm de fora, desqualificando<br />

as competências das pessoas e da comunidade e gerando dependência e submissão. É preciso<br />

uma atitude do animador comunitário que faça dele um companheiro de caminhada e não uma<br />

pessoa que chefia, comanda ou dá lições. Esta postura ajuda os indivíduos e os grupos a terem<br />

mais autonomia, a encontrarem recursos neles mesmos e acreditar em si ao invés de buscar um<br />

salvador da pátria ou um qualquer líder. Então, o trabalho comunitário tem que ser sobretudo<br />

uma prática emancipadora, tanto para a comunidade, quanto para os animadores sociais. Mas<br />

estas práticas induzem uma postura que pede ao animador comunitário de sair dos holofotes e<br />

ficar na sombra, de renunciar ao prazer narcísico de se sentir protagonista. Mas, então, de onde o<br />

animador vai poder tirar a necessária retribuição simbólica, o seu salário afetivo? Que mudanças<br />

de postura seriam necessárias? São estas e outras questões que refletiremos.<br />

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